Petróleo oferece oportunidades para a Baixada Santista

Mão-de-obra especializada proporciona milhares de empregos aos profissionais da região.

Por Ronaldo Andrade De Santos para Mundo Lusíada

Ronaldo Andrade

>> O vice-prefeito e secretário de Obras e Serviços Públicos de Santos, Antônio Carlos Silva Gonçalves, e demais participantes do Seminário.

As recentes descobertas na Bacia de Santos oferecem aos profissionais da região milhares de empregos no setor. Para que isso se transforme em realidade, será necessária a qualificação da mão-de-obra para enfrentar os desafios da exploração do petróleo e gás na camada do pré-sal. Esses temas foram debatidos no último dia 16, na Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS), onde foi realizado o Seminário Engenharia e Petróleo – Perspectivas de Desenvolvimento, organizado pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (SEESP), em parceria com a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE).

O evento faz parte do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” que discute propostas de desenvolvimento nacional sustentáveis. Para o presidente da Delegacia Sindical dos Engenheiros da Baixada Santista (DESIBAS), Newton Guenaga Filho, encontros como esses são muito importantes: “O Seminário abordou não só a parte técnica, mas também a questão da formação profissional. Existe a previsão de que será necessário dobrar o número de profissionais que atuam hoje pela Petrobras. Esses trabalhadores virão de outros lugares, mas principalmente da nossa região”, afirmou. Vale lembrar que algumas instituições de ensino da Baixada Santista, como a Universidade Santa Cecília e Universidade Católica de Santos, já oferecem cursos de graduação e pós-graduações voltadas para o setor, de olho nesse grande nesse mercado.

Segundo o presidente da FNE, Murilo Celso Pinheiro, a procura por essa mão-de-obra especializada já começou. “Após a estagnação vivida pelo país, por mais de 20 anos, as faculdades de Engenharia tiveram uma redução no número de profissionais, e agora elas estão vendo seus quadros aquecidos”.

O vice-diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), José Roberto Cardoso, afirmou que o Brasil forma por ano algo em torno de 26 mil engenheiros, e que até 2012 o país precisará aproximadamente de 250 mil. “Temos de pensar em propostas para suprir a demanda de recursos humanos para enfrentar esse desafio, pois a própria Petrobras vai necessitar de grande quantidade de engenheiros”. Cardoso espera que, apesar da crise que assola a economia mundial, a companhia petrolífera não diminua seu ritmo de investimento.

Empregos O gerente de Engenharia de Produção da Bacia de Santos da Petrobras, Kazuioshi Minami, fez uma estimativa sobre a geração de postos de trabalho que o setor poderá oferecer na região: “Está prevista a criação de 11 mil empregos diretos e indiretos”, afirmou. De acordo com Minami, a previsão da Petrobras para produção de gás, em 2012, é de 100 milhões de metros cúbicos diários. Em relação ao petróleo, a estimativa para 2015 é de produzir 2,8 milhões de barris por dia. Atualmente, o país produz cerca de 1,8 milhão de barris diários. Todos esses dados, ressalta Minami, ainda serão melhor analisados e divulgados no final do ano, quando será feito o anúncio do Plano Estratégico da empresa, já que com as descobertas dos novos campos foi necessária uma reavaliação dos dados.

Poder Público Representando a prefeitura Municipal de Santos, o vice-prefeito e secretário de Obras e Serviços Públicos, Antônio Carlos Silva Gonçalves, afirmou que o Poder Público deve participar desse processo como parceiro, sendo o grande fomentador, incentivando por meio de legislações próprias os investimentos que estão sendo feitos na região.

Por fim, em mais uma prova do aquecimento do setor, será realizado entre os dias 21 e 24, no Mendes Convention Center, o Santos Offshore – Feira de Petróleo e Gás de São Paulo (Petro & Gás Internacional Fair). Informações pelo telefone (11) 3186-3744 ou pelo site www.santosoffshore.com.br.

Estiveram presentes no evento ainda Márcio Teixeira, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos; Paulo de Souza, prefeito em exercício de São Vicente; José Antônio Marques Almeida, vereador de Santos; Margarete Simões e Gilberto Bernardo, representantes do Banco Banif.

Confira trechos da entrevista com Gerente de Engenharia de Produção da Bacia de Santos da Petrobrás, Kazuioshi Minami.

Mundo Lusíada – Qual a importância do Seminário ser realizado em Santos? Kazuioshi Minami – É um momento ímpar para Santos, para o estado de São Paulo e também para o Brasil. Estamos planejando como desenvolver os mega-campos descobertos na Bacia de Santos. Portanto, há uma relevância associada à Engenharia, pois a atividade da Petrobrás é muito demandante de engenheiros, e haverá com certeza um aumento da procura por bens e serviços relacionados à Engenharia.

ML – Como o Sr. vê a questão da mão-de-obra? O Sr. acredita que as faculdades estão preparadas para a atender à demanda? Minami – Acredito que as universidades paulistas estão preparando profissionais de alto nível, mas ainda não há uma cultura da indústria do petróleo no estado de São Paulo, voltado para a produção, fato que já é corriqueiro no estado do Rio de Janeiro. Os profissionais daqui precisarão fazer um alinhamento de seus conhecimentos mais voltados para a nossa indústria offshore, onde a demanda será maior.

ML – Em relação aos royalties, o estado do Rio de Janeiro recebe mais do que o estado de São Paulo. Como foram descobertos esses campos na Bacia de Santos, o Sr. acha que São Paulo merece receber um maior valor? Minami – A legislação prevê o pagamento de royalties proporcionais aos municípios ligados às áreas de produção. Desta forma, o Rio de Janeiro, por estar em frente à Bacia de Campos, tem recebido o maior valor de royalties, devido a sua produção. É claro que com as descobertas ocorrendo na Bacia de Santos – que envolve os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina – o valor proporcional à produção, ocorrida no estado, virá para São Paulo.

ML – Qual o cronograma para a produção na Bacia de Santos? Minami – A produção de petróleo começará em 2009, de forma massiva, com a entrada do campo de Mexilhão, que será a grande produção do estado de São Paulo. Daqui a dois meses, possivelmente, teremos a produção do campo de Merluza, que será aumentada pela interligação do campo de Lagosta.

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