82% das empresas portuguesas conservaram a sua atividade na pandemia, diz ministro

Mundo Lusíada
Com Lusa

O ministro português da Economia salientou que 82% das empresas conservaram a sua atividade nesta pandemia com a covid-19, que o desemprego não disparou e que as projeções de recessão para 2020 não atingem os dois dígitos.

Pedro Siza Vieira falava em conferência de imprensa após reuniões por videoconferências com representes do Banco de Portugal, Conselho de Finanças Públicas, Instituto Nacional de Estatística (INE), ISEG, Universidade Católica e, depois, com cerca de duas dezenas de economistas, tendo como objetivos debater o impacto da pandemia de covid-19 e as vias para o relançamento da economia portuguesa.

Questionado sobre a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) de uma recessão da economia portuguesa na ordem dos oito por cento em 2020, Pedro Siza Vieira referiu que se espera “uma quebra da atividade muito acentuada durante este ano”, que se deve sobretudo ao presente trimestre.

“Não sabemos ainda qual é a verdadeira redução da atividade econômica, temos resultados de que cerca de 82% das empresas estão a manter a sua atividade, sabemos que neste momento 66 mil empresas colocaram trabalhadores em ‘lay-off’ (menos de um quarto da população ativa) e ainda não há um crescimento significativo do desemprego”, referiu.

De acordo com o ministro de Estado e da Economia, desconhece-se ainda “qual vai ser o impacto real destes meses, entre março e maio, na contração da atividade econômica, mas sabe-se que o impacto vai ser severo”.

“O ministro das Finanças [Mário Centeno] referiu que esperava que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) não chegasse aos dois dígitos. É isso que também diz o FMI, que aponta para valores na ordem dos 8%, assim como outras instituições. Há muita coisa que ainda é incerta, as coisas podem correr um pouco melhor ou pior, mas sabe-se que vai ser duro”, acentuou.

Pedro Siza Vieira destacou depois, que, durante as reuniões de hoje, vários participantes referiram “a forma como o país tem vindo a gerir” a crise da pandemia de convid-19.

“Esta crise projeta uma imagem externa muito positiva de Portugal como um destino seguro, onde existe uma enorme coesão social. Isso são também vantagens no reposicionamento da nossa economia no futuro”, sustentou.

Interrogado sobre o futuro da TAP, Pedro Siza Vieira considerou que essa empresa “é estratégica para Portugal” e que o Governo a “vai preservar”.

“O Estado vai continuar a acompanhar a situação da TAP, vai assegurar a continuidade da TAP. Os mecanismos e instrumentos que temos à nossa disposição são as mais diversas, não vamos excluir nenhum, nem sequer a hipótese de nacionalização”, respondeu.

Já no dia 13, o ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu a nacionalização da transportadora aérea TAP como uma possibilidade de viabilizar a companhia, recusando descartar opções de recuperação da economia na sequência da pandemia de covid-19.

“[…] Já ouvi colegas meus, insuspeitos, de lhes passar pela cabeça tomar decisões, até como ministros das Finanças, que não nos passaria pela cabeça tomar há mês e meio. Portanto, não seria correto nem verdadeiro que eu dissesse […] que qualquer opção fosse tabu”, afirmou Mário Centeno, em entrevista à TVI, quando questionado se admite no plano de recuperação da economia a nacionalização de empresas.

“Sobre a TAP, por exemplo, tem desafios únicos. Há muitas formas de intervir, mas essa também é uma delas”, declarou Mário Centeno, quando confrontado com uma eventual nacionalização da transportadora em que o Estado é o maior acionista com 50% do capital.

Referindo que o Governo terá de “reagir a algo para o qual não existe um guião”, o ministro das Finanças recusou “tirar qualquer possibilidade para dar resposta” aos impactos do novo coronavírus na economia, por desconhecer que “desafios se vão colocar amanhã”.

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