Fado lota auditório da Biblioteca da Casa de Portugal em São Paulo

Por Eulália Moreno
Mundo Lusíada

O fadista Pedro Vilar contou com a presença de diversos artistas e fadistas para esta noite de apresentação. Foto: Luis Almeida

 

No âmbito das comemorações do Dia do Descobrimento do Brasil e da Comunidade Luso-Brasileira, na quarta feira, dia 18, o auditório da Biblioteca da Casa de Portugal abriu as suas portas para uma noite de fado com Pedro Vilar  e o Trio de Guitarras Ricardo Araújo com a participação de Sérgio Borges.

O evento “Fado – do Descobrimento a Patrimônio Histórico” foi apresentado aos presentes por Ricardo Jacob de Magalhães Correa, diretor do cerimonial da Casa de Portugal. Antonio de Almeida e Silva, presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo, dirigiu palavras de agradecimento pela presença de todos naquele momento musical dedicado ao Fado, recentemente considerado Patrimônio Imaterial Histórico da Humanidade pela UNESCO.

O sarau teve início com a apresentação do trio de guitarras composto pelos irmãos Ricardo e Renato Araújo, Saulinho Rodrigues e por Alexandre Borges que tocou clássicos como o Comboio da Beira Baixa (José Rodrigues Oliveira/Arlindo de Carvalho), Balada de Coimbra (Artur Paredes) , Corridinho do Nelito (Manuel Marques), Santa Morena (Jacob do Bandolim) e Brasileirinho (Waldir Azevedo) .

E a seguir, o fadista Pedro Vilar, que desde a década de 70 é conhecido do público brasileiro, primeiro como ator de novelas ao lado de atrizes como Fernanda Montenegro e Eva Wilma e depois como intérprete. Com 40 anos de carreira e 18 álbuns editados, Pedro Vilar foi “disco de ouro” no Brasil e em Portugal pela vendagem de “Canto a Portugal”, uma versão de “Canto a Galiza” de Julio Iglesias.

“Eu sempre cantei fado que hoje pertencendo a humanidade deixou de ser apenas dos portugueses. No meu próximo trabalho vou dar uma vestimenta nova a canções que já gravei, inclusive ao ‘Canto a Portugal’, o meu maior êxito de sempre, que terá um novo arranjo introduzindo guitarras”. Pedro Vilar , também compositor gravado por grandes nomes do Fado, terá uma música sua “Fado Beatriz” no novo trabalho da consagrada fadista Beatriz da Conceição.

Na música brasileira a sua referência é Maysa muito conhecida do público português pelas longas temporadas de apresentação no Casino do Estoril. “Não há dia em que não ouça Maysa. Aconteça o que acontecer, reservo sempre alguns minutos para ouvi-la”, declara.

E foi pensando em Maysa que incluiu nesta sua apresentação “Ouça” ao lado, dentre outras, de Tendinha  José Galhardo/Raul Ferrão), Dá Tempo ao Tempo e Tempo Volta prá Trás (Antonio Mourão), Ai Mouraria (Frederico Valério), Adagio (Albinoni), Eu quero Amar Perdidamente e Canção Grata (Florbela Espanca/Teresa Silva Carvalho).

Na plateia, Luzia Paiva, residente na capital ali estava para entregar a Pedro Vilar um par de abotoaduras guardadas há 30 anos. “Minha mãe, Francisca de Souza Paiva, já falecida, era uma grande admiradora do Fado e principalmente do Pedro. Ouvia vezes sem fim os seus discos e antes de falecer me incumbiu de entregar um presente que lhe tinha comprado. Passaram-se 30 anos, viajei algumas vezes a Portugal na tentativa de o reencontrar mas sempre nos desencontramos porque ele estava sempre em digressão pelo país ou pelo mundo. Estou muito feliz por hoje cumprir a promessa feita a minha mãe”, afirmou emocionada.

O evento teve o patrocínio do BANIF e contou com a presença dos diretores da Casa de Portugal David Augusto da Fonte, Antonio Manuel Lopes, Vital Vieira Curto, Antonio Freixo, Fernando Ramalho, Teresa Morgado e Fernando Ferreira Dinis. Os fadistas Ciça Marinho, Glória de Lourdes, Maria de Lourdes e Marly Gonçalves foram igualmente a Casa de Portugal levar um abraço aos colegas que se apresentaram para uma plateia que lotou o auditório e que  durante a confraternização que se seguiu, não poupou elogios à organização e qualidade do que tinham assistido.

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