Encenação do 25 de Abril sobe aos palcos paulistanos

Por Eulália Moreno
Para Mundo Lusíada

Estreou dia 4 de novembro no Teatro Coletivo, desta capital, a peça “Ruptura – Um Processo Revolucionário”, escrita e dirigida por Márcio Boaro e encenada pela Companhia Ocamorana em curta temporada até o próximo dia 4 de dezembro.
A Revolução dos Cravos, movimento que derrubou a ditadura salazarista em Portugal na década de 1970 e instalou a democracia no país, é o tema deste espetáculo brasileiro montado com o apoio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, e que leva aos palcos um dos mais importantes momentos da história recente portuguesa, que permanece praticamente desconhecido do público no Brasil.
“Desde 1988 que eu pesquiso sobre o 25 de Abril, primeiro por curiosidade e depois por concluir que teria ali um tema interessante. Li tudo o que encontrei disponível e ainda tive a colaboração do pessoal do Centro de Documentação 25 de Abril, em Lisboa. Tinha planos anteriores de escrever sobre a Revolução Cubana mas desisti porque considero a Revolução dos Cravos mais espontânea, de certo modo, até ingênua”, diz Boaro que já encenou anteriormente com o apoio do Centro Cultural 25 de Abril de São Paulo a peça “Encoberto”, de Natália Correia.
A companhia Ocamorana traz aos palcos um retrato fiel dos dias que antecederam o processo democrático em Portugal, as guerras coloniais na África, as angústias dos soldados do exército português que levaram a cabo a revolução, o cotidiano de pessoas comuns, que após 30 anos de ditadura tiveram de aprender a lidar com a liberdade e a reinvenção de uma nação que teve de pavimentar os caminhos para a democracia. Figuras como Salgueiro Maia, Mario Soares, Álvaro Cunhal e Otelo Saraiva de Carvalho são facilmente identificados, bem como as músicas “E depois do Adeus” e “Grândola, Vila Morena” que serviram como senha para o avanço das tropas revolucionárias. O espetáculo retrata, ainda, o que esse período tem em comum com os meses que antecederam as Diretas Já! no Brasil, exatamente no dia 25 de Abril de 1984, dez anos depois.
O espetáculo Ruptura foi convidado a se apresentar na 30ª edição do “Fazer a Festa” o terceiro festival internacional de teatro mais antigo de Portugal, que acontece anualmente na cidade do Porto.
O cenário é assinado por Antonio Marciano, figurinos da Usina da Alegria Planetária, concepção de iluminação de Sérgio Audi, designer gráfico, Toni D’Agostinho, direção musical de Bruno Boaro e Mariana Paudarco, com canções de Zeca Afonso, Paulo de Carvalho, José Niza, José Calvário, Marcus Vinicius, Mariana Paudarco e Bruno Boaro, e participação especial do violinista Bernabé Romero. A pesquisadora Iná Camargo Costa é a dramaturgista da Companhia Ocamorana e a produção é de Penha Silva e Rafael Nobre. No elenco estão Alexandre Krug, Manuel Boucinhas, Mônica Raphael, Raíssa Gregori e Sérgio Audi.

Serviço:
Teatro Coletivo Sala 2
Sextas e sábados às 21h e Domingos às 20h
Até o próximo dia 4 de dezembro
Rua da Consolação 1623 – Tel.: (11) 3255-5922 (ao lado do Corpo de Bombeiros)
Ingressos a R$ 30 e R$ 15 (estudantes e Melhor Idade).
www.teatrocoletivo.com.br
Lotação: 80 lugares
Estacionamento conveniado: Rua da Consolação 1681.

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