Presidente da Guiné diz que conselheiro detido no Brasil deve “assumir consequências”

Da Redação
Com Lusa

O Presidente da República guineense, José Mário Vaz, referiu que o seu conselheiro detido no Brasil na terça-feira deve “assumir as consequências” porque “é responsável pelos seus atos”.

Em declarações à agência Lusa à margem de um comício, em Biombo, a cerca de 50 quilômetros de Bissau, José Mário Vaz, que se recandidata ao cargo nas presidenciais de domingo, referiu que “não tem problemas” em relação a esse assunto.

O conselheiro do Presidente da Guiné-Bissau Adailton Maturino dos Santos foi detido na terça-feira no Brasil, juntamente com mais três pessoas, por suspeitas de organização criminosa, de acordo com a justiça brasileira.

“O meu conselheiro assume as consequências. Eu não posso fazer nada, não posso substituir-me aos tribunais, não posso substituir-me a ninguém, cada um tem é responsável pelos seus atos”, disse o Presidente.

O chefe de Estado acrescentou que “perseguiram seriamente” o seu conselheiro “porque estava a apoiar José Mário Vaz.

Segundo a assessoria de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, recentemente a Presidência guineense pediu a atribuição de um passaporte diplomático a Adailton Maturino dos Santos, na qualidade de “Conselheiro de Estado”. Porém, o pedido foi negado pela própria ministra dos Negócios Estrangeiros guineense.

Segundo o juiz Og Fernandes, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) brasileiro, “o plano criminoso parece ter sido idealizado por Adailton Maturino dos Santos”, o conselheiro do chefe de Estado guineense, e está sustentado na “atuação de advogados e funcionários do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia”.

Estes atuavam num “gigantesco processo de ‘grilagem’ na região do oeste baiano”, com o uso de testas-de-ferro e empresas para dissimulação dos ganhos ilicitamente auferidos.

A ‘grilagem’ é, no Brasil, a falsificação de documentos para ilegalmente tomar posse de terras devolutas ou de terceiros.

Segundo informação dada à Lusa pela Embaixada da Guiné-Bissau no Brasil no mês passado, Adailton Maturino dos Santos é diplomata e conselheiro especial do Presidente da República daquele país.

Maturino dos Santos “apresenta-se falsamente como cônsul da Guiné-Bissau, como juiz aposentado e como mediador, além de ser apontado como juiz arbitral pela esposa sem que, na verdade, tenha exercido ou possua qualificação profissional para exercer qualquer dessas funções e cargos”, frisou o juiz.

“O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informa que o Governo brasileiro não autorizou, em qualquer momento, a designação de Adailton e Geciane como agentes diplomáticos ou consulares da Guiné-Bissau, sendo falsas as informações enviadas pela embaixada” do país africano, acrescentou o tribunal, que cita o executivo do Brasil.

O STJ analisou também as movimentações bancárias de Adailton Maturino dos Santos, tendo concluído que o guineense tem cerca de 15,5 milhões de reais (3,34 milhões de euros) sem origem ou destino definidos.

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