Emigração e taxa de natalidade explicam redução da população cabo-verdiana – INE

Da Redação com Lusa

A redução da população residente em Cabo Verde foi justificada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) com a perda de habitantes para a emigração de 2010 a 2021 e o decréscimo da taxa de natalidade.

“Teve um contingente grande de emigrantes saindo do país. Para certos grupos etários 10% da população saiu do país, então acho que seria importante alguma política de retenção desse pessoal”, afirmou o consultor brasileiro Kaizô Beltrão, em declarações aos jornalistas à margem do ateliê para apresentação dos temas do quinto Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH-2021), realizado na Praia.

Cabo Verde tinha, em 2021, uma população residente de 491.233 pessoas, uma ligeira redução face a 2010, segundo dados definitivos do quinto RGPH-2021, anunciados em abril passado pelo INE, mas muito abaixo das estimativas, que apontavam para mais de meio milhão de habitantes.

Segundo o especialista em demografia Kaizô Beltrão, apesar de uma melhoria em 2021 face aos dados de 2010, a ausência de emprego suficiente para garantir a cobertura das necessidades explica em grande parte a evolução demográfica, em função da “situação econômica” do arquipélago.

Neste ateliê, o presidente do INE, João Cardoso, acrescentou que a descida na taxa de natalidade em Cabo Verde também está associada à perda de população verificada nos últimos dez anos.

“Se as mulheres estão mais instruídas é natural que haja menos número de filhos por mulher. A população cabo-verdiana, particularmente a feminina, é muito bem instruída, há uma relação inversa entre o número de filhos e a instrução das mulheres”, apontou João Cardoso.

O ateliê realizado hoje pretende analisar os temas do RGPH-2021, nomeadamente sobre a situação de crianças, migrações, estrutura da população, jovens e mercado de trabalho, deficiência, educação e formação profissional, idosos e envelhecimento da população, entre outros.

Os resultados definitivos do RGPH-2021 referem que foram recenseados 150.206 edifícios, 201.348 alojamentos, 147.984 agregados familiares e 505.044 indivíduos.

“Da população recenseada, 491.233 são residentes, 13.504 visitas, 104 sem-abrigo e 203 que se encontravam atracados nos navios nos portos do país”, anunciou em abril passado o INE.

O RGPH-2021 de Cabo Verde, a maior operação estatística do arquipélago, ao envolver cerca de 2.000 profissionais, decorreu no terreno, com a recolha de dados totalmente em formato digital, de 16 de junho a 07 de julho de 2021.

Em agosto seguinte, na apresentação dos dados então provisórios, o INE referiu que tinham sido recenseados na operação 483.628 habitantes, o que seria uma redução de 1,6% face ao recenseamento realizado em 2010, passando ainda a contabilizar mais homens do que mulheres.

Na apresentação feita em abril pelo INE, com os dados definitivos, é referido que a população cabo-verdiana residente – 29,6% do total concentrada a viver na Praia, capital do país – era constituída, aquando do recenseamento, globalmente, por 246.363 homens e 244.870 mulheres.

O recenseamento realizado pelo INE em 2021 refere que 65,1% da população tinha entre 15 a 64 anos, 6,7% mais de 65 anos e 28,2% até 14 anos.

Cabo Verde já realizou quatro recenseamentos após a independência, em 1980, 1990, 2000 e 2010. No anterior realizado, em 2010, a população residente no arquipélago então contabilizada foi de 491.875 pessoas, 117.289 agregados familiares, além de 114.297 edifícios e 141.761 alojamentos.

Este quinto Recenseamento Geral da População e Habitação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiado para o ano seguinte, face à pandemia de covid-19.

Segundo o INE, está prevista a divulgação de 40 publicações, sendo 24 volumes estatísticos, dados brutos, e 16 volumes de análise sobre temas variados e estudos temáticos, com base nesta operação de recenseamento.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: