Mundo Lusíada
Com Lusa
O ministro das Finanças cessante da Guiné-Bissau, Geraldo Martins, referiu que as contas apresentadas pelo Presidente da República, José Mário Vaz, para justificar a demissão do Governo “estão todas erradas”. No discurso de quarta-feira em que justificou a demissão do Governo do primeiro-ministro, o presidente José Mário Vaz questionou o destino dado a 85 milhões de euros.
“Infelizmente as contas estão todas erradas” e há até falhas “elementares de conversão de francos CFA em dólares” disse. “Causa-nos muita estupefação que esses sejam os dados que justificam a delapidação dos recursos públicos” a que o chefe de Estado fez alusão.
Geraldo Martins falava numa conferência de imprensa destinada a fazer “uma clarificação” do que foi a gestão do Governo durante os 12 meses em que esteve em funções, que classificou de “muito boa” e elogiada pelos parceiros internacionais.
Geraldo Martins mostrou dados das contas públicas segundos os quais houve muitas mais despesas do Estado para além das referenciadas pelo Presidente e que justificam o valor.
“Além das despesas salariais”, a que José Mário Vaz fez alusão, “há muitas outras”, enumerando-as, desde pagamento da dívida externa a despesas comuns – que inclui as medidas de combate ao Ébola, por exemplo.
Segundo referiu, os dados são públicos, passaram este ano a ser publicados na Internet e são seguidos pelas organizações financeiras internacionais parceiras da Guiné-Bissau. O que o Presidente fez com as contas do Estado, “foi um exercício infeliz”, concluiu Geraldo Martins.
Consulta
Nesta sexta-feira, os partidos com assento parlamentar na Guiné-Bissau defenderam em audiências com o Presidente que o chefe de Estado deve pedir ao PAIGC que indique um novo primeiro-ministro para formar Governo.
O procedimento está previsto na Constituição – pedir ao partido que venceu as últimas eleições legislativas que avance para a formação do Executivo – e foi isso que José Mário Vaz propôs aos partidos.
Domingos Simões Pereira, primeiro-ministro demitido pelo Presidente na quarta-feira e líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que tem maioria no Parlamento, liderou a comitiva da força política que se encontrou com o chefe de Estado.
Depois de dois dias de trocas de acusações contundentes, ambos cumprimentaram-se com um aperto de mãos, uma troca de palavras e sorriram, perante os jornalistas. O encontro prosseguiu depois à porta fechada.
À saída, Simões Pereira disse ter garantido ao Presidente que “assim que for recebida” a consulta ao partido, será feita “essa indicação”, do nome para o cargo de primeiro-ministro.
“A situação já está resolvida a nível do PAIGC”, sublinhou, depois de na quinta-feira ter anunciado que será o seu nome a ser novamente proposto.
Os órgãos dirigentes do PAIGC renovaram a confiança em Domingos Simões Pereira e vão seguir os estatutos do partido, segundo os quais deve ser o presidente da força política a avançar como primeiro-ministro.