Remessas para Portugal caíram em 2020 pela primeira vez em 10 anos

Da redação com Lusa

As remessas dos emigrantes portugueses caíram 1,3% em 2020 face ao ano anterior, descendo para 3.612,8 milhões de euros, a primeira queda em pelo menos uma década, devido à pandemia de Covid-19.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, consultados pela Lusa por ocasião do Dia Internacional das Remessas Familiares que se comemora nesta quarta-feira, a redução no valor das transferência em 2020 para 3.612,8 milhões acontece pela primeira vez desde, pelo menos, 2010, ano em que os emigrantes enviaram 2.425 milhões de euros para Portugal, mas acima do valor registrado em 2018, quando foram remetidos 3.604 milhões de euros pelos trabalhadores portugueses no estrangeiro.

Entre os países lusófonos africanos, as remessas são particularmente relevantes em Cabo Verde, onde no ano passado os valores enviados pela diáspora ultrapassou pela primeira vez os 200 milhões de euros.

De acordo com dados de um relatório de abril do Banco de Cabo Verde (BCV), as remessas enviadas pelos emigrantes cabo-verdianos cresceram de 21.306 milhões de escudos (192 milhões de euros), em 2019, para 22.270 milhões de escudos (200,8 milhões de euros) em 2020, um novo máximo histórico.

“O altruísmo dos emigrantes terá sido sustentado pelos apoios orçamentais que usufruíram nos países de acolhimento e terá contribuído para sustentar a evolução positiva da confiança dos consumidores [em Cabo Verde], pese embora o perfil descendente”, refere o relatório do banco central.

No documento, o BCV reconhece que em plena crise provocada pela pandemia de covid-19 – recessão econômica de 14,8% em 2020, devido à praticamente total ausência de turismo -, o “rendimento disponível das famílias foi também apoiado pelas remessas dos emigrantes”, que assim cresceram 4,5% no espaço de um ano.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, já tinha reconhecido em dezembro passado, no parlamento, a importância para a economia nacional das remessas enviadas pelos emigrantes, que continuavam a crescer e representam já 11,3% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano.

“As contribuições das remessas dos emigrantes têm sido importantes ao longo da história de Cabo Verde. São importantes para as famílias, para o financiamento da economia cabo-verdiana e também demonstra que a confiança tem aumentado, mesmo no período da pandemia”, afirmou, num debate mensal no parlamento.

O primeiro-ministro explicou que as remessas valiam 10,6% do PIB, em média, na legislatura de 2012 a 2015, mas que subiram para 11,3% no período de 2016 a 2019.

A população de Cabo Verde está estimada em 550 mil habitantes, mas mais de um milhão de cabo-verdianos vive na Europa e Estados Unidos da América, estando o sistema financeiro dependente das remessas desses emigrantes.

Segundo os dados de 2019, as remessas dos emigrantes cabo-verdianos radicados em Portugal valiam cerca de 30% do total, segundo dados anteriores do BCV. Os cabo-verdianos em Portugal enviaram 5.679 milhões de escudos (51,5 milhões de euros) em remessas em 2019, um crescimento de 6,7% face ao ano anterior.

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