Presidentes da Baixada Santista se reúnem para melhorar associativismo

Armênio Mendes elogia iniciativa e diz que as entidades estão muitos dispersadas, que precisam conviver mais entre si, deveriam levar a sério.

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

Vasco Frias Monteiro, Toninho com esposa Maria Alcina, e Danilo da Casa de Portugal Praia Grande, junto com a esposa na mesa.

Em 17 de maio, a Casa da Madeira de Santos recebeu líderes de diversas associações portuguesas da região, com objetivo de interagir entre as entidades. “O interesse é interagir com toda a comunidade, montar uma agenda de eventos, os presidentes se conhecerem, e agregar vários segmentos em prol da comunidade portuguesa” diz o presidente da Casa da Madeira, Armindo Faria.

A Baixada Santista abriga, além da Casa da Madeira, o Centro Cultural Português, a Associação Portuguesa Santista, Tricanas de Coimbra, Elos Clube, Casa de Portugal da Praia Grande, Grupos Folclóricos, etc..

“É a primeira vez que todas as entidades se encontram num jantar aqui em Santos, nunca vi isso acontecer aqui, e estamos colocando o primeiro tijolo para construir um castelo” diz o presidente citando ainda que o propósito maior é a união entre as casas portuguesas. “É o primeiro passo para que a gente se una com mais frequência”.

A propósito do trabalho desenvolvido por essas entidades, Armindo Faria fala da árdua tarefa de manter um grupo folclórico. “Na minha opinião, hoje manter um rancho é uma penitência. Não existe incentivo nenhum do governo português com isso, não há interesse para ele manter a cultura portuguesa no Brasil, e não entendo isso. Então todos têm que acabar realizando eventos para conseguir comprar trajes e viajar. Não existe nenhum benefício. Temos que nos virar para arrumar receita” critica.

Já para manutenção de uma casa, os diretores contam com a contribuição dos sócios, com alugueis de seus salões, e “de vez em quando passamos a sacolinha também” diz. Neste sentido, o presidente madeirense acredita que para esta situação melhorar, o primeiro passo é programar uma agenda para que os eventos não calhem com outros no mesmo dia e horário. “Em segundo, é integrar toda a comunidade, o que é muito importante, coisa que não conseguimos fazer porque infelizmente o português não é unido. Estamos aqui há 500 anos mas não conseguimos a união, diferente das outras colônias”, diz Armindo citando programações anuais por exemplo na comunidade japonesa, italiana ou árabe, que conta sempre com muitos participantes.

“O interesse hoje da comunidade portuguesa é interagir entre uma e a outra. O pessoal que vai na Portuguesa também vai na Casa da Madeira. Eu quero que a pessoa que venha na Casa da Madeira vá na Casa de Portugal e no Centro Português, essa é a intenção” diz o dirigente que quer que as tradições se mantenham vivas. “Hoje os portugueses estão acabando, quem está aí são os luso-brasileiros. Se conseguirmos manter nossos costumes passando para os luso-brasileiros será bom”, disse se referindo aos descendentes que devem ser inseridos na direção associativa.

Segundo Armindo Faria, a sua diretoria conta apenas com um madeirense, sendo todos os outros brasileiros, filhos de madeirenses. “Conseguimos montar uma diretoria nova, estamos chegando numa situação que é privilegiada do que já foi a Casa da Madeira, por atos como este. Temos que contar com um pessoal que interaja, que tenha vontade de estar junto e crescer, e continuar porque a tendência é acabar como várias casas que já fecharam”.

Sobre o Conselho da Comunidade, que já existiu e não existe mais, o presidente diz que vai ser difícil refazê-lo. “Vai ser muito difícil. Talvez não existe interesse nisso” diz o presidente que teve a iniciativa de promover o evento. A reunião promovida por eles, porém, será o primeiro passo para caminhar em direção às metas mais objetivas.

 

Cônsul Armênio Mendes elogia iniciativa

Ao Mundo Lusíada, o cônsul de Portugal em Santos, Armênio Mendes falou da atitude dessa iniciativa destacando a “união” como ponto necessário para a comunidade. “De certa forma, as nossas entidades estão muitos dispersadas, elas precisam se unir mais, e precisam conviver mais entre si. Afinal de contas, todas as entidades representam Portugal”, disse Armênio Mendes, defendendo que as casas deveriam levar a sério e pensarem dessa forma.

“Nós precisamos sim ter um calendário definido para todas as festas que são realizadas na nossa região, e precisamos que a comunidade seja mais unida porque já somos poucos. Hoje a comunidade portuguesa está aumentando mas com pessoas nascidas no Brasil e precisamos daqueles que nasceram em Portugal para transmitir a esses mais jovens nascidos no Brasil, mas que tenham nacionalidade portuguesa, os nossos hábitos, costumes, tradições e uma série de coisas que é fundamental passar para eles”.

O cônsul ainda cumprimentou o presidente da Casa da Madeira pela iniciativa dizendo que espera que continuem a fazer essas reuniões, citando que a região já chegou a ter 14 entidades luso-brasileiras, mas não confirmando ao certo este número atualmente. “Devemos ser entre12 a14 entidades, na verdade, dispersadas e desunidas. Essa que é a realidade. Nós temos a entidade mais importante que é a própria Beneficência Portuguesa, quantos portugueses fazem parte da sua gestão ou diretoria ou conselho? Alguém se apoderou porque é uma entidade que dá faturamento, e à medida que as entidades ainda dão resultado, aparecem pessoas que se apoderam e que passam a tomar conta, e de certa forma, afastar os ideais portugueses daquela entidade”.

Para o cônsul, é necessário que a comunidade portuguesa “se una de verdade” e passe a cuidar do seu legado e patrimônio, dizendo que é gratificante saber que a comunidade portuguesa do passado construiu uma obra “tão magnífica” como essa, “e nos deixou estas 12 ou 14 entidades, e nós não sabemos usufruir delas ou dar o destino para o qual elas foram criadas”, referiu o cônsul parabenizando Armindo Faria e dizendo que reuniões como esta é o primeiro passo para a mudança. “Espero que esta iniciativa aconteça em outras entidades também”..

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: