USP e Universidade do Porto estudam nova curva de Índice de Massa Corporal para idade

Da Redação com Jornal da USP

Uma nova curva de Índice de Massa Corporal (IMC) para idade (peso relacionado à idade) propõe outro método para avaliação do estado nutricional de crianças e adolescentes do mundo todo com base em dados longitudinais. A referência de IMC foi desenvolvida em parceria entre a Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e a Universidade do Porto em Portugal.

Mariane Helen de Oliveira, nutricionista, doutoranda em Nutrição em Saúde Pública do Laboratório de Avaliação Nutricional de Populações (Lanpop) da Faculdade de Saúde Pública da USP, comenta que, em casos de crianças que estão em desenvolvimento, não há um mesmo ponto de referência entre elas. Assim, uma amostra longitudinal e mais diversa são fatores que contribuem para uma análise mais acurada.

Pesquisa

Mariane explica que o cálculo do IMC continua o mesmo, massa dividida pela altura ao quadrado. O diferencial dessa nova referência é o método de coleta dos dados e a diversidade em suas amostras.

“A gente teve cerca de 17 mil crianças e uma amostra do Brasil, Peru, Vietnã, Etiópia, Índia, Portugal e Reino Unido”, informa a pesquisadora. Com a presença de dez países na pesquisa, Mariane ressalta que existe uma grande diversidade de hábitos alimentares favoráveis para uma curva multiétnica.

Além disso, a amostra também conta com crianças nascidas entre 1990 e 2000 e acompanhadas pelo menos três vezes na vida, ou seja, dados longitudinais mais recentes que contam com informações de indivíduos desde o nascimento até os 20 anos de idade. A pesquisadora explica a importância desse acompanhamento, uma vez que, em fase de crescimento, algumas crianças apresentam IMC irregulares que não podem entrar para a curva.

Inovação

A curva desenvolvida, como esclarece Mariane, estabelece um panorama inovador diante daquele que é utilizado pela OMS, uma vez que as informações usadas pela Organização Mundial da Saúde não são tão atuais e diversas.

“Muitos estudos apontam para um problema da curva da OMS para crianças a partir de 5 anos porque, pela falta de dados, usaram-se informações só da população dos Estados Unidos dos nascidos entre 1950 e 1960”, discorre.

A pesquisadora também notou que a nova curva mostra um coeficiente de variação maior em comparação ao da OMS. E, com a maior compatibilidade dos índices com a população de países, levando em conta a amostra multiétnica e longitudinal, há uma perspectiva do uso mundial de um mesmo modelo.

“O resultado da curva de IMC é uma continuação de um trabalho que a gente já vem fazendo. A gente fez a curva de altura para idade que também demonstrou que as crianças estão mais altas em comparação com a da OMS”, atenta Mariane.

Além disso, a especialista comenta sobre o desenvolvimento de nova curva do Índice Alométrico, referente a um crescimento diferente no período da puberdade, que também vai contribuir para o diagnóstico nutricional de crianças e adolescentes.

A curva MULT apresentou uma população mais alta, ou seja, meninos com maior estatura entre as idades de 5 a 14 anos e 16,5 a 20 anos, e meninas com o mesmo perfil entre as idades de 5 a 12 anos e de 15 a 20 anos, quando comparados às curvas de crescimento da OMS e do CDC.

 

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