Portugueses em fila para o primeiro dia da exposição Coração de D. Pedro no Porto

Mundo Lusíada com agencias

A exposição do Coração de D. Pedro IV atraiu três mil visitantes nas primeiras oito horas, segundo a Câmara do Porto. No primeiro dia de exibição da relíquia formaram-se longas filas à porta da Irmandade da Lapa, no Porto.

António Leitão da Silva, comandante da Polícia Municipal do Porto, supervisionou toda a montagem da exibição e ficou “particularmente admirado” pelo interesse que a população tem mostrado pela iniciativa. Para o comandante, o trabalho do Instituto de Medicina Legal, que garantiu as condições de segurança favoráveis ao transporte temporário do coração para o Brasil, é “a grande operação de segurança” que ocorreu.

É uma oportunidade única de observar pela primeira vez uma das maiores heranças históricas da cidade do Porto. “Não podia perder esta oportunidade, de todo”, afirma Filomena Melo, moradora do distrito do Porto. Como a maioria dos visitantes, veio por curiosidade. Já à saída, com um sorriso no rosto, Filomena confessa que achou a mostra “muito interessante”, acrescentando que “todos os portuenses deviam ver.”

Rui, médico, natural da cidade do Porto, afirma que apesar de ser parcial, por já ter visto peças anatômicas, o mais curioso é existir um coração conservado há quase duzentos anos, e que “só por esse aspecto, já é histórico.”

As portas estão abertas até às 20 horas, e novamente domingo, 21 de agosto, entre as 10 e as 16 horas.

Terminada a mostra expositiva, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o embaixador da República Federativa do Brasil em Lisboa, Raimundo Carreiro Silva, selarão oficialmente o protocolo entre o Município e a Embaixada, para o transporte do coração de D. Pedro, no âmbito das comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil.

Na cerimônia marca presença o embaixador Francisco Ribeiro Telles, coordenador das comemorações em Portugal do bicentenário da independência do Brasil, bem como várias personalidades dos meios diplomáticos português e brasileiro.

Na viagem da relíquia, a Embaixada do Brasil assegura que vão ser tomados os cuidados necessários para o devido transporte e exposição do coração do rei em solo brasileiro (a peça viajará em ambiente pressurizado), atendendo desta forma às preocupações manifestadas pelo presidente da Câmara do Porto e ao respetivo parecer técnico.

O Coração do Monarca regressará a solo português dia 9 de setembro, voltando a ser exibido na Irmandade da Lapa, nos dias 10 e 11 de setembro, no Porto.

Também o treinador de futebol André Villas-Boas não deixou escapar aquela que considerou uma “oportunidade única”, em particular, para os portuenses, de estar perante “tamanha dádiva de D. Pedro IV à cidade”.

“É uma oportunidade única e histórica”, salientou à agencia Lusa.

Além de portuenses, entre os curiosos que aguardava pacientemente na fila encontravam-se também alguns brasileiros, como Marcelo Silva, que há seis meses se mudou para Braga e, este sábado, rumou com a família em direção ao Porto para ver o coração do monarca, que conduziu o seu país, antiga colônia portuguesa, à independência.

“É um momento histórico e único. A saída do coração para o Brasil e tudo o que ele representa para o povo brasileiro”, observou, dizendo esperar que a transladação seja uma “oportunidade” para o povo brasileiro “entrar em contacto com parte da história”, mas também para que os dois países estreitem relações.

“Somos irmãos. Podemos ter divergências, mas não existe um brasileiro que não tenha o seu português”, acrescentou à Lusa.

Para o retirar do pequeno caixão de mogno guardado no mausoléu são precisas cinco chaves, mil cuidados e uma complexa operação.

Conservado em formol dentro de um recipiente de vidro e, este, dentro de um escrínio de prata dourada, o coração do “Rei Soldado” encantou os mais de 500 miúdos e graúdos que, pelas 11:00, já o tinham visitado, antes de partir rumo ao Brasil para marcar presença nas comemorações do bicentenário da independência.

O coração de D. Pedro chega na segunda-feira pelas 09:30 (13:30 de Lisboa) à base aérea de Brasília, onde será recebido com honras militares. Da base aérea, a relíquia segue para o Palácio de Itamaraty, na capital brasileira, de onde só sairá na terça-feira, pelas 16:00, para marcar presença numa cerimônia no Palácio do Planalto às 17:00.

Depois da cerimônia, onde estará presente o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, o coração segue novamente para o Palácio Itamaraty, onde será apresentado ao corpo diplomático e onde ficará em exibição “controlada” até às comemorações do bicentenário da independência, no dia 07 de setembro.

O coração de D. Pedro regressa à cidade do Porto no dia 09 de setembro, ficando novamente em exposição nos dias 10 e 11 de setembro, antes de voltar a ser guardado a cinco chaves.

1 Comment

  1. Parabéns por esta iniciativa, histórica. – A nossa Fundação Geolíngua também fará algo semelhante, quando o seu fundador e presidente partir para a vida eterna. – Ai, então – o jornal o Público, a Agência Lusa, a SIC, RTP TVI, Mundo Lusíada, entre outros – poderão publicar o que afirmou o grande escritor Machado de Assis: “Está morto: Podemos elogiá-lo à vontade”

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