Portugal enfrenta greve nacional na saúde com adesão de 100% em hospitais

Mundo Lusíada
Com Lusa

feira_de_saude_001A greve dos trabalhadores da saúde conta com adesão de 100% em vários hospitais do norte, centro e Lisboa, segundo Luís Pesca, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.
Os trabalhadores da saúde começaram dia 20 uma greve a nível nacional para reivindicar a admissão de novos profissionais, exigir a criação de carreiras e a aplicação das 35 horas semanais a todos os funcionários do setor.
“Na zona norte do país temos o Hospital de Gaia, Hospital Pedro Hispano, de Matosinhos, o Hospital de Barcelos, o Hospital de Guimarães, o São João, o Santo António (Porto) e o Hospital de Chaves com 100% de adesão à greve e apenas a prestar serviços mínimos”, disse Luís Pesca.
Segundo a mesma fonte, na zona centro, nos “hospitais dos centros hospitalares de Coimbra, do Baixo Vouga, Douro e Vouga, Leiria, Oeste, Tondela e Viseu também com 100% e apenas a garantir os serviços mínimos”. “O Hospital da Figueira e IPO de Coimbra também a prestar serviços mínimos”, referiu Luís Pesca.
Segundo um comunicado, no turno da noite, os hospitais de Santa Maria e de São José registraram adesões à greve de 80% e 95%, enquanto o Hospital da Estefânia e a Maternidade Alfredo da Costa estavam com 100% de adesão à greve, encontrando-se todos em serviços mínimos.
Já na Grande Lisboa, houve uma adesão de 90% no Hospital Amadora-Sintra e de 100% no São Francisco Xavier e no Beatriz Ângelo (Loures). No Alentejo, os únicos dados disponíveis sobre a adesão à greve dos trabalhadores da saúde durante a madrugada eram relativos ao Hospital de Beja, onde foi registrada uma adesão de 90%.
Convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), a paralisação pretende ainda reclamar que terminem os cortes nos pagamentos das horas de qualidade e do trabalho suplementar.
A criação da carreira de técnico auxiliar de saúde é um dos motivos centrais da greve, que pretende ainda a revisão e valorização das carreiras de técnicos de diagnóstico e terapêutica e a garantia de que a carreira de técnico de emergência pré-hospitalar tem de imediato a respetiva revalorização salarial.
É ainda reivindicado o pagamento do abono para falhas e a aplicação do vínculo público de nomeação a todos os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Sobre a exigência da admissão de mais trabalhadores, a Federação de Sindicatos estima que estejam em falta no SNS cerca de seis mil funcionários auxiliares e administrativos.
O pré-aviso de greve abrange todos os trabalhadores de saúde, mas é uma greve destinada a todos os trabalhadores da saúde que não sejam médicos ou enfermeiros, apesar de estes profissionais poderem aderir caso o entendam, segundo explicou à agência Lusa o dirigente da Federação, Luís Pesca.

Faltam especialistas em Portugal
Um artigo de pesquisadores da Universidade do Porto, publicado na revista EuroHealth há algumas semanas, já alertava para a falta de médicos de saúde pública em Portugal e para o envelhecimento dos atuais profissionais, pondo em risco a qualidade de serviços à população.
O artigo da autoria do presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), Henrique Barros, e de Bernardo Gomes, médico de saúde pública na Administração Regional de Saúde do Norte, traz estudo lembrando que, em 2013, trabalhavam na zona Norte do país cerca de 130 médicos de saúde pública, sendo que, para suprir as necessidades da região, seriam necessários na altura mais 40 profissionais.
Além disso, salientam os investigadores, “89,5% destes médicos tinham mais de 50 anos de idade”, o que, em seu entender, significa “uma ameaça à força de trabalho, em virtude da concentração do número de aposentações”. A nível nacional, o número destes profissionais “diminuiu 24,4% entre 2002 e 2011”.
“Este é mais um contributo para a discussão sobre a organização dos serviços de saúde pública, frisando a urgência de um adequado planejamento e formação dos recursos humanos para os desafios futuros”, sublinha Bernardo Gomes.

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