Portugal e Unesco lançam Centro de Formação para Cientistas de países lusófonos

Ministro da Educação e Ciência português, Nuno Crato, disse que iniciativa quer apostar em disciplinas que são “fundamentais para o desenvolvimento”; mas segundo Crato, os cientistas têm que ser bilíngues.

 

Mundo Lusíada
Com Rádio ONU

37ª. sessão da Conferência Geral da Unesco em Paris. Foto: Unesco
37ª. sessão da Conferência Geral da Unesco em Paris. Foto: Unesco

Portugal anunciou uma iniciativa com a Unesco para promover projetos de ciências para pesquisadores e acadêmicos de língua portuguesa, a criação do Centro Internacional de Formação Avançada de Cientistas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

A criação do Centro, dedicado a ciências básicas, foi divulgada pelo ministro português da Educação e Ciência, Nuno Crato, em Paris, durante a 37ª sessão da Conferência Geral da Unesco.

Crato contou que a agência da ONU irá contribuir com apoio técnico para o Centro. O documento foi rubricado, neste sábado 09 de novembro em Paris, pela diretora-geral da agência, Irina Bokova, e o ministro português da Educação e da Ciência, Nuno Crato.

De Paris, o ministro português explicou que a proposta abrange todos os países lusófonos. Para ele, o Centro Internacional irá ajudar ainda a aumentar a presença do português no espaço acadêmico, mas lembrou que para executar seu trabalho, os pesquisadores têm que ser bilíngues.

“Claro que a ciência em português é um projeto que nos acarinhamos. É um projeto que tem valências muito interessantes e que sobretudo pode facilitar a comunicação entre os pesquisadores, os cientistas e os acadêmicos dos nossos países e por isso é um projeto muito importante.”

O português justificou a opção em priorizar as ciências básicas pelo centro, a ser estabelecido em Lisboa. “Porque entendemos que, neste momento, é mais necessário nos países. A par, evidentemente, das humanidades, o que é prioridade e queremos realçar são ciências como física, química, a matemática, as ciências da vida, a biologia, as tecnologias biomédicas. O primeiro doutoramento está centrado nas ciências da vida.”

Nuno Crato contou ainda que a iniciativa será realizada em parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, que também tem sede em Lisboa.

Os alvos serão jovens cientistas candidatos aos níveis de  doutoramento e pós-doutoramento de universidades e laboratórios de pesquisa dos Estados-membros da Cplp. O entendimento prevê que se desenvolvam as capacidades ao mais alto nível nas ciências fundamentais, “promovendo a responsabilidade social, a mobilidade de cientistas e o combate à fuga de cérebros.”

Além da cooperação na área e transferência de conhecimento e colaboração entre as instituições, o Centro terá como objetivo também organizar cursos de formação e workshops em áreas prioritárias das ciências, e providenciar um programa de formação avançada para doutorandos e pós-doutorandos de países da CPLP em cooperação com universidades e instituições de investigação em Portugal e nos outros países da CPLP, incluindo um programa de bolsas até 4 anos para doutorandos e até 2 anos para pós-doutorandos.

A primeira ação do Centro será o financiamento de bolsistas de mestrado e doutorado em Cabo Verde. O projeto conta com o financiamento do Brasil e de Portugal.

África
Para a diretora-geral da Unesco, a parceria demonstra uma forte cooperação da agência com Portugal, aliada “ao grande interesse nas ciências básicas, com atenção para a formação avançada de cientistas” dos oito países, especialmente em África.

Irina Bokova destaca igualmente o compromisso de promover o multilinguismo nas ciências, através do cumprimento da proposta, adotada pela Conferência Geral da Unesco.

A criação deste centro, aprovada pela Conferência Geral da UNESCO em novembro de 2011, em que Portugal esteve também representado pelo Ministro da Educação e Ciência, foi objeto de um memorando de entendimento entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e a CPLP, que apoiará a instalação e as atividades do Centro.

Os demais Estados-membros e os Membros Associados da UNESCO poderão participar e cooperar nas atividades do Centro. A UNESCO poderá prestar assistência técnica às atividades de programação do Centro, por exemplo através do apoio dos seus peritos nos setores especializados, e cedendo temporariamente pessoal no âmbito de atividades ou projetos comuns.

Continuação
Portugal, enquanto país anfitrião, se comprometeu a disponibilizar os recursos necessários para o funcionamento do Centro e as instalações necessárias para atividades docentes e conferências, além de incentivar as instituições portuguesas a colaborar com o Centro e a ajudar à realização de ações de angariação de fundos. O Acordo foi assinado por um período de cinco anos e será automaticamente renovado pelo mesmo período.

Segundo o governo português, a cooperação científica portuguesa com os países lusófonos já tem diversos acordos bilaterais de intercâmbio de investigadores e especialistas, e parcerias entre instituições e bolsas de estudo.

Portanto o projeto do Centro irá manter, por exemplo, o Programa Ciência Global, com bolsas de doutoramento e pós-doutoramento já lançadas pela FCT, e o programa de pós-graduação Ciência Para o Desenvolvimento, desenvolvido pelo Instituto Gulbenkian de Ciência em Cabo Verde, com bolsas apoiadas pela FCT e pela sua congénere brasileira CNPq, destinadas à formação avançada de estudantes dos países da CPLP.

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