O voo da FAB com brasileiros e estrangeiros da Turquia para o Brasil

Da Redação

A Força Aérea Brasileira (FAB) proporcionou alívio para 17 pessoas, entre elas nove brasileiros e oito estrangeiros, que estavam na Turquia e tiveram a oportunidade de viajar para o Brasil no sábado (11/02), em um dos voos mais longos de transporte aerologístico.

Acionada pelo governo brasileiro na quarta-feira (08/02), a FAB transportou para o país europeu, 42 profissionais bombeiros, da área médica e da Defesa Civil e cerca de 10 toneladas de carga, com o objetivo de prestar apoio humanitário à população turca, que segue abalada por terremotos sentidos na região nos últimos dias.

Na volta, a aeronave KC-30 realizou o transporte dessas 17 pessoas. A ação teve a coordenação do Ministério das Relações Exteriores, da Embaixada e do Consulado do Brasil na Turquia.

A Conselheira Fabiana Arazini explicou detalhes da movimentação para levar os brasileiros e estrangeiros para o Brasil. “A operação contou com a ajuda de outros brasileiros e turcos envolvidos, que têm pessoas na região e que puderam dar apoio, principalmente com o transporte dessas pessoas para a área afetada, que é muito difícil o acesso”.

Durante o voo, muitas histórias foram compartilhadas, principalmente sobre a tragédia que vitimou milhares de pessoas na região que divide os países Turquia e Síria. Uma delas foi a do Marcelo Filipini, que guarda da situação de terror uma memória de amor. A história ocorreu logo após os terremotos.

“Encontramos um taxista, pedimos para ele correr para o aeroporto, que iria ser nossa área de escape, pois naquele momento era o único ponto em que poderíamos sair de lá. Pegamos um trânsito caótico, todo mundo querendo ir embora, os postos de gasolina abarrotados, em uma cidade que não falava português. Então, eu pego o meu celular, vou filmar o congestionamento e, na hora em que viro, olho para o veículo do lado e, na placa, está escrito o nome da minha falecida mãe, Carmem. Tenho certeza de que foi ela que olhou por mim do lugar onde ele está”, narrou o jovem, emocionado.

E por falar em emoção, a esteticista Fernanda Lima explicou como foi acordar de madrugada, grávida, em meio aos tremores de terra. “Quando eu entendi que aquela situação não era habitual, comecei a gritar para meu marido e meu filho acordarem. Então, arranquei o meu filho do berço, dei na mão do meu marido e falei: corre, que isso é um terremoto. Salva a vida dele! Me deixa, vai na frente com ele! E foi só o tempo da gente sair de casa. Quando saímos de casa, nós vimos nossa casa desabar. Nós perdemos tudo!”, contou, ainda em choque.

Além da volta para o Brasil, o voo também possibilitou novas experiências a pequena Alicia Gonçalves Kaya, que conheceu de perto a aeronave KC-30. “Eu adorei a experiência, foi muito legal”.

O avião, segundo a FAB, extremamente estratégica para o Brasil, tem capacidade de transportar até 238 passageiros, apoio logístico, evacuação aeromédica e ações humanitárias, nacionais e internacionais.

Ajuda

Além dos profissionais, que chegaram para ajudar nas ações de busca e atendimento médico na região que foi abalada por terremotos de alta magnitude nos últimos dias, a aeronave KC-30 da FAB também realizou o transporte de cerca de 10 toneladas de equipamentos, medicamentos, kits de emergência e cães farejadores, que irão ajudar nas buscas.

“É uma equipe de resgate, uma força tarefa brasileira, que envolve profissionais militares de três estados do Corpo de Bombeiros, de Oficiais médicos, e da Defesa Civil tanto do estado de São Paulo quanto do Governo Federal. Muitos desses profissionais já trabalharam em Brumadinho, em outras catástrofes em âmbito nacional e, também, em âmbito internacional, já foram pro Haiti, Moçambique e tudo se soma. Nossa expectativa é a melhor, a de poder ajudar as pessoas”, explicou o Coronel Carlos Alberto de Camargo Junior, que é Comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo.

Com o coração aberto, o Subcomandante do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas aos Desastres do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Major Heitor Mendonça, destacou a importância da missão. “Os profissionais que estão aqui estão de coração aberto, fazendo um serviço muito importante e, com toda certeza, vão compreender isso, mas a saudade aperta quando a gente fica longe. E fazer um bom trabalho é mais uma forma da gente honrar tanto a nossa família, quanto o povo brasileiro, que merece ser representado à altura, a competência e a dignidade que o nosso país tem”, disse.

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