Milhares de jovens na “Colina do Encontro” para a cerimônia de Acolhimento com Papa

Da Redação com Lusa

Milhares de jovens na cerimônia de acolhimento e a morte de uma peregrina francesa marcaram o segundo dia da visita do Papa a Portugal, neste dia 03, durante o qual garantiu que “na Igreja há espaço para todos”.

O ponto alto do dia ocorreu durante a tarde, com milhares de jovens, de mais de 180 países, a encherem o Parque Eduardo VII, rebatizado de Colina do Encontro, para assistirem à cerimônia de Acolhimento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Dirigindo-se aos jovens, o Papa Francisco disse que, “na Igreja, nenhum sobra, nenhum está a mais”, e pediu-lhes para não se deixarem enganar pelas ilusões do mundo virtual.

Segundo a Santa Sé, meio milhão de pessoas concentraram-se no Parque Eduardo VII, em Lisboa, com a enchente a chegar até ao Marquês de Pombal e zonas limítrofes.

Francisco foi recebido no Parque Eduardo VII em euforia, naquela que foi a primeira vez que, nesta JMJ, usou o papamóvel (carro descapotável), num percurso que incluiu a Avenida da Liberdade.

O dia foi abalado pela morte da peregrina francesa que sofreu um acidente no local onde estava acolhida, tendo o Papa celebrado uma missa na Nunciatura Apostólica, em Lisboa, com a presença de familiares da vítima. A porta-voz da Fundação JMJ, Rosa Pedroso Lima, afirmou que a peregrina francesa, que estava em Portugal para participar neste evento, sofreu um acidente no local onde estava acolhida e teve de ser hospitalizada.

No mesmo local, o líder da Igreja Católica encontrou-se com um grupo de jovens peregrinos da Ucrânia, ouviu as suas histórias e dirigiu-lhes algumas palavras para expressar a sua proximidade, na dor e na oração.

Mundo virtual
O Papa Francisco pediu aos jovens para não se deixarem enganar pelas ilusões do mundo virtual, na cerimônia em Lisboa.

“São as ilusões do virtual e devemos estar atentos para não nos deixarmos enganar, porque muitas realidades que nos atraem e prometem felicidade depois mostram-se pelo que são, coisas vãs, coisas supérfluas, coisas que não servem e que nos deixam vazios por dentro”, disse Francisco, no Parque Eduardo VII.

Antes, Francisco disse aos jovens, numa intervenção em espanhol, tratando-os por tu, que muitos, hoje, não são chamados pelo nome.

“Com efeito, o teu nome é conhecido, aparece nas redes sociais, é processado por algoritmos que lhe associam gostos e preferências. Mas tudo isso não interpela a tua singularidade, mas a tua utilidade para estudos de mercado”, alertou, questionando: “Quantos lobos se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade, dizendo que sabem quem és, mas sem te querer bem, insinuando que creem em ti e prometendo que serás alguém, para depois te deixarem sozinho, quando já não lhes fores útil”.

Às centenas de milhares de jovens (as autoridades indicaram meio milhão de pessoas), o líder da Igreja Católica desejou que “sejam dias” em que o nome dos jovens, “através de irmãos e irmãs de tantas línguas, tantas nações que o pronunciam com amizade, ressoe como uma notícia única na história, porque único é o pulsar de Deus”.

“Amigo, amiga, se Deus te chama pelo nome significa que, para Deus, nenhum de nós é um número, é um rosto, é uma cara, é um coração”, afirmou.

“Nós, sua Igreja, somos a comunidade dos que são chamados. Não somos a comunidade dos melhores, somos todos pecadores, mas somos chamados, assim como somos, com os problemas que temos, com as limitações que temos”, mas também com esta “alegria transbordante, com vontade de ser melhores”, prosseguiu.

No primeiro encontro com jovens na JMJ, Francisco, em espanhol, relatou que esta tarde lhe fizeram perguntas, muitas, pedindo aos jovens para que “nunca se cansem de perguntar”, pois “perguntar é bom e mais, perguntar é melhor do que dar respostas”.

“Quem pergunta permanece inquieto e a inquietude é o melhor remédio para a rotina, às vezes uma espécie de normalidade que anestesia a alma”, acrescentou Francisco.

Os riscos que os jovens correm ao trocarem o mundo real pelo virtual já tinha sido abordado na JMJ, na terça-feira, pelo cardeal-patriarca de Lisboa, na missa de abertura.

Perante muitos milhares de peregrinos concentrados no Parque Eduardo VII, Manuel Clemente sublinhou que muita coisa pode deter os jovens, como o mundo virtual que os impede de ir ao encontro dos outros.

“A virtualidade mantém-nos sentados, diante de meios que facilmente nos usam quando julgamos usá-los”, disse o anfitrião da JMJ, acrescentando: “pelo contrário, a realidade consistente põe-nos a caminho, ao encontro dos outros e do mundo como ele é, tanto para o admirar como para o fazer melhor”.

A JMJ, que começou na terça-feira, é considerado o maior evento da Igreja Católica, sendo esperadas em Lisboa mais de um milhão de pessoas.

As principais cerimônias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures, e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.

Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a cruz de madeira do peregrino e uma imagem de Nossa Senhora sobem ao palco da Colina do Encontro do Parque Eduardo VII em Lisboa, Portugal, 3 de agosto de 2023. O Pontífice está em Portugal por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um dos principais eventos da Igreja que reúne o Papa com jovens de todo o mundo. JOSÉ SENA GOULAO/LUSA/POOL

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