JMJ: Papa pede a instituições de caridade que não tenham nojo da pobreza

Mundo Lusíada com Lusa

Em Lisboa, o Papa Francisco pediu neste dia 04 a responsáveis de instituições sócio-caritativas da Igreja que se questionem se têm nojo da pobreza, desafiando-os a sujar as mãos.

“Tenho nojo da pobreza, da pobreza dos outros?”, perguntou Francisco, no encontro com representantes de centros de assistência sócio-caritativa, no Centro Social Paroquial São Vicente de Paulo, na Serafina, Lisboa, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Improvisando na intervenção, feita em espanhol, o líder da Igreja Católica salientou a importância de concretizar a ação caritativa.

“Não há amor abstrato, não existe. O amor platônico está na órbita, não está na realidade”, referiu, para destacar o “amor concreto, esse que suja as mãos”.

Francisco perguntou mesmo se, quando dão a mão a uma pessoa necessitada, doente ou marginal, a lavam de seguida, para não ficarem contagiadas.

O líder da Igreja Católica criticou depois as “vidas destiladas e inúteis que passam pela vida sem deixar marca, porque a sua vida não tem peso”.

“Mas aqui temos uma realidade que deixa marca, uma realidade de tantos anos, de tantos anos” que deixa inspiração, declarou, considerando que não poderia existir uma JMJ “sem ter em conta esta realidade”.

Segundo Francisco, “isto também é juventude no sentido em que gera vida nova continuamente”, pois ao sujarem as mãos com a miséria dos outros, os responsáveis estão a gerar inspiração e vida.

Agradecendo o trabalho das instituições sócio-caritativas da Igreja, pediu que sigam em frente e não desanimem.

“E se desanimarem, tomem um copo de água e sigam em frente”, acrescentou, provocando uma gargalhada na assistência.

Segundo o Papa, a caridade é a origem e a meta do caminho cristão, e defendeu proximidade aos mais frágeis sem distinção.

O Centro Social Paroquial São Vicente de Paulo, na Serafina, foi criado para responder às necessidades dos bairros da Liberdade e da Serafina, na freguesia de Campolide.

No discurso, o Papa destacou três aspetos, “fazer o bem juntos, agir no concreto e estar próximo dos mais frágeis”.

Longe das câmeras

Nesta sexta, o Papa Francisco confessou três jovens longe dos jornalistas, alterando o plano inicialmente previsto, numa curta deslocação ao local onde estão instalados 150 confessionários, no Jardim Vasco da Gama, em Lisboa.

O líder da Igreja católica chegou ao Jardim Vasco da Gama, na zona de Belém, cerca das 09:10, onde permaneceu 20 minutos, durante os quais ouviu as confissões de espanhol Francisco, de 21 anos, da guatemalteca Yesvi, de 33, e do italiano Samuel, de 19.

O confessionário que lhe estava destinado tinha uma cadeira branca, onde deveria sentar-se, mas o Papa deslocou-se em cadeira de rodas para outro, localizado logo atrás, num local menos exposto, resguardando, assim, o ato de confissão dos três jovens.

Depois de ser ouvido em confissão, o jovem Francisco falou com os jornalistas e descreveu a emoção que sentiu: “Foi uma noite em que não consegui dormir muito, por emoção e pela experiência de estar perto do Papa, de poder falar com ele e olhá-los nos olhos.”

O espanhol descreveu o estado de espírito do Papa como “ótimo” e confessou estar de “coração cheio”, tendo recebido da equipa do Vaticano um terço que vai guardar a sua vida toda, afiançou.

Questionado sobre que mensagem leva desta experiência, Francisco disse que vai guardar na memória o que o Papa transmitiu na quinta-feira: “Ser valente e não ter medo, acreditar até ao fim, no evangelho e na Igreja Católica.”

Transformado por estes dias no ‘Parque do Perdão’, o Jardim Vasco da Gama tem agora uma pequena capela e 150 confessionários fabricados por reclusos das prisões de Coimbra, Paços de Ferreira e do Porto.

Fora da zona delimitada por baias e com acesso limitado, foram-se concentrado vários crentes e peregrinos, que pela altura da chegada do Papa ao local já eram centenas, sobretudo de países da América Latina, mas também de Portugal e Espanha, a avaliar pelas bandeiras que agitavam e pelos cânticos em castelhano.

A área onde os jovens se confessaram, no Jardim Vasco da Gama, perto do Palácio de Belém, insere-se no espaço que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) designou por ‘Cidade da Alegria’, que inclui também uma feira vocacional.

Também neste dia 04, Francisco encontrou-se, na Nunciatura Apostólica, em Lisboa, com uma mulher portuguesa que nasceu em 13 de maio de 1917, quando ocorreram os acontecimentos de Fátima.

“Esta manhã, antes de deixar a Nunciatura Apostólica, o Papa encontrou-se brevemente com uma senhora de 106 anos, Maria da Conceição Brito Mendonça, nascida no dia das aparições de Fátima, em 13 de maio de 1917”, divulgou a Santa Sé.

Francisco encontrou-se ainda com “a jovem Edna Pina Lopes Rodrigues, que sofre de uma doença grave, à qual o Papa tinha enviado uma mensagem de afeto e de oração no mês de junho”, adiantou.

Em Lisboa, as principais iniciativas da jornada decorrem no Parque Eduardo VII, na zona de Belém e no Parque Tejo, um recinto com cerca de 100 hectares a norte do Parque das Nações e em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa até domingo para a JMJ, considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, e que conta com a presença do Papa Francisco.

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