Efeitos da greve geral já afetam os transportes públicos em Portugal

TAP informa que será forçada a cancelar os voos do dia 24 por conta da greve geral em Portugal.

 

Mundo Lusíada
Com Lusa

Secretário Geral da UGT, João Proença, fala da greve geral de 24 de novembro, na sede da UGT, em Lisboa, 23 de novembro. Foto: MIGUEL A. LOPES / LUSA

 

Os utentes dos transportes públicos começam a sentir os primeiros impactos da greve geral marcada para quinta-feira já nesta quarta, dia 23, afetando o funcionamento de aeroportos, comboios, barcos, autocarros e do metro de Lisboa.
A greve do próximo dia 24 foi marcada após o Governo ter anunciado novas medidas de austeridade, nomeadamente a suspensão dos subsídios de férias e de Natal na função pública, assim como o aumento do tempo de trabalho no setor privado.
Os efeitos da greve geral também se farão sentir no setor da aviação.O Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA), que representa os trabalhadores de assistência em terra nos aeroportos, vai juntar-se à paralisação, tal como o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo e da Aviação Civil (SNPVAC), que representa os tripulantes de cabine, e a Comissão de Trabalhadores da NAV, empresa de controlo aéreo.
Em comunicado, a empresa aérea portuguesa TAP divulgou que devido à greve geral no dia 24 de novembro, e “tendo em conta que o controle de tráfego aéreo apenas assegura a realização dos voos definidos nos serviços mínimos, a TAP informa que será forçada a cancelar os voos desse dia”, pedindo aos passageiros que remarquem seus voos. Mais informações podem ser obetidas pela internet, pelo telefone 0300.210.6060 ou através dos agentes de viagens.
O Metropolitano de Lisboa (ML) e a CP – Comboios de Portugal serão as primeiras empresas a verem os seus serviços afetados pela paralisação. No Metropolitano de Lisboa, a adesão dos trabalhadores à greve geral de quinta-feira terá impactos já na noite anterior. A empresa informou que vai suspender o serviço entre as 23:30 de quarta e a 01:00 de sexta-feira.
Também os utentes dos comboios da CP deverão sentir já antes os efeitos da paralisação convocada pelas centrais sindicais CGTP e UGT. A empresa ferroviária prevê “perturbações e algumas supressões de comboios” ao final desta quarta.
No que respeita ao transporte rodoviário, a Carris prevê assegurar na quinta-feira o funcionamento de 50% do regime normal de 13 carreiras, bem como do transporte exclusivo de deficientes, decretados como serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do Conselho Econômico e Social (CES).
Também a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) vai garantir os serviços mínimos com o funcionamento de 50% do regime normal de algumas linhas.
No transporte fluvial, o grupo Transtejo/Soflusa, que assegura a travessia do rio Tejo, em Lisboa, informa que caso ocorra a paralisação das carreiras, “os terminais serão encerrados por questões de segurança”.
A greve geral de quinta-feira foi marcada após o Governo ter anunciado novas medidas de austeridade, nomeadamente a suspensão dos subsídios de férias e de Natal na função pública, assim como o aumento do tempo de trabalho no setor privado.
Esta é a terceira greve geral em que a CGTP e UGT se juntam, mas apenas a segunda greve conjunta das duas centrais sindicais portuguesas já que em 1988 a CGTP decidiu avançar e a UGT, autonomamente, também marcou uma greve geral para o mesmo dia.

Greve de indignação
O secretário-geral da UGT considerou que esta greve geral é uma greve de indignação e de aviso ao Governo e ao patronato sobre a necessidade do país apostar no crescimento e no emprego.
“Esta é uma greve geral diferente, é a greve geral da indignação e do descontentamento, porque as pessoas sentem que os seus direitos foram fortemente afetados, com os cortes brutais nos salários da administração pública e no Setor Empresarial do Estado e a ameaça de total desregulamentação dos horários de trabalho no setor privado”, disse João Proença à agência Lusa na véspera da greve geral marcada para quinta-feira.
A insegurança no emprego é, segundo o sindicalista, outros dos motivos que levam os trabalhadores portugueses a protestar: “Temos uma situação em que todos vemos que em 2012 a recessão vai ser muito profunda e que o desemprego vai agravar-se e o Governo ignora isto e, em vez de dar segurança para o futuro, assume políticas de quero, posso e mando”, disse Proença.
O líder da UGT acusou ainda o executivo de Passos Coelho de continuar a anunciar medidas “completamente inesperadas, sempre contra os trabalhadores”, que “não abrangem o capital nem as empresas”.
“Esta greve pretende ser um sério aviso ao Governo e também aos empresários de que temos de ter um Portugal preocupado com a competitividade, o crescimento e o emprego”, disse.
O sindicalista repudiou a ideia de que a solução para os problemas do país seja a continuação dos sacrifícios impostos aos trabalhadores no ativo e aos pensionistas.
João Proença prevê uma forte adesão à greve geral porque “o descontentamento é muito forte” mas admitiu que as dificuldades econômicas vão condicionar a adesão de muitos trabalhadores.
“Muita gente não faz greve geral apesar de estar totalmente solidária com os motivos da greve mas vai encontrar forma de não trabalhar e justificar a falta ao trabalho para não perder o dia de salário, nomeadamente a falta de transportes”, disse.

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