Combate à Fome: CPLP tem 28 milhões de pessoas com carência alimentar

Mundo Lusíada
Com agencias

CPLP_LinguaPortuguesaO secretário executivo da CPLP defendeu uma conjugação de esforços para diminuir significativamente o total de 28 milhões de pessoas que são afetadas pela carência alimentar e nutricional no espaço lusófono.

Murade Murargy, que lidera a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), falou aos jornalistas na Cidade da Praia, após a sessão de abertura do IV Simpósio de Segurança Alimentar e Nutricional e Desenvolvimento Sustentável (SANDS) no espaço lusófono, que reuniu especialistas dos oito Estados-membros, entre 13 e 14 de novembro.

Salientando ser “difícil” definir metas – “o ideal seria atingir os 100%” -, Murargy destacou o “enorme potencial de produção agrícola” de qualquer um dos países da CPLP, pelo que se torna necessário desenvolver estratégias conjuntas.

“É difícil falar de metas, porque é um processo longo, que vai implicar muitas ações até que se possa definir uma meta exata. Os nossos países têm um potencial enorme em recursos naturais. Temos tecnologia, caso do Brasil, temos todos os requisitos indispensáveis. O que é preciso é trabalhar”, defendeu.

“Temos de criar condições para que os pequenos produtores, neste caso ligados à agricultura familiar, possam ter os instrumentos e meios financeiros para aumentarem a produção”, acrescentou.

O quarto simpósio o SANDS – os três primeiros decorreram em Luanda (2007), Brasília (2009) e Bissau (2010) -, aconteceu neste mês  na Cidade da Praia, refletindo sobre os dois temas e encontrar soluções e meios para ações conjuntas na CPLP.

Portugal defende estratégia conjunta

Portugal defendeu a elaboração de estratégias nutricionais e de segurança alimentar conjuntas nos países lusófonos, manifestando disponibilidade para apoiar os esforços comuns da CPLP no combate à fome e à escassez de alimentos. A ideia foi defendida pelo secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar português, Nuno Vieira e Brito, que participou do encontro.

Vieira e Brito lembrou que cada um dos Estados-membros da CPLP tem “realidades diferentes”. “Essas realidades, porém, conjugam-se na necessidade de se encontrar uma estratégia comum, que vá ao encontro das metas nutricionais, no combate à fome e em reduzir a escassez de alimentos”, sublinhou o governante português.

Para Vieira e Brito, é necessário também fazer um “apelo profundo” a metodologias e instrumentos que valorizem a qualidade dos produtos, para que a segurança alimentar, no sentido estrito, seja uma realidade. “Há a necessidade de encontrar estratégias de dois âmbitos, um no nutricional e outro na área da segurança alimentar, para que se encontre uma plataforma comum”, sustentou.

Nesse sentido, manifestou a disponibilidade de Portugal para trabalhar em conjunto com todos os países da CPLP, para que se possa melhorar “todos os instrumentos” na área da segurança alimentar, no quadro de uma política estratégica da CPLP que é “importante e válido”.

Questionado se há fome ou insegurança alimentar em Portugal, Vieira e Brito admitiu que, num momento de crise, como a que atualmente se vive, “algumas populações passam com alguma dificuldade”.

“Estamos no Ano do Desperdício Alimentar e, simultaneamente, enquanto temos uma sociedade que tem uma valorização excessiva do desperdício alimentar – algumas têm um entre 30% a 50% e Portugal situa-se nos 18% -, há outros produtos e outras populações que precisam também de algum acompanhamento na sua dieta. Há programas nas escolas, nas cantinas sociais, para minorar as dificuldades que alguns estratos sociais passam”, acrescentou.

Cooperação brasileira

O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, enfatizou que uma das metas da Organização para 2014 é expandir o cooperativismo internacionalmente, juntamente com Portugal, fazendo com que o modelo brasileiro sirva de exemplo aos países de língua portuguesa no continente africano.

Nos últimos vinte anos, o Brasil avançou muito no combate à pobreza, a ponto de virar referência no assunto. Entre 2003 e 2009, 28 milhões de pessoas saíram da situação de miséria, e entre 2003 e 2011, a classe média incorporou cerca de 40 milhões de brasileiros. A consolidação do sistema de proteção social – que inclui o Programa Bolsa Família, aliado a políticas como a de valorização do salário mínimo – tem contribuído para os avanços.

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