Cidades portuguesas cancelam festejos de Carnaval diante da pandemia

Mundo Lusíada
Com Lusa

Diversas cidades portuguesas já anunciaram o cancelamentos dos festejos que estavam programados para o Carnaval deste ano, diante do aumento de casos de Covid-19 no país.

No distrito de Lisboa, os desfiles e festejos do Carnaval de Torres Vedras deste ano foram cancelados pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia, anunciou a Câmara e a empresa municipal Promotores, os organizadores do evento.

“Em 2021, esta celebração foi cancelada a bem da saúde de todos. Em 2022, a realidade é diferente, é certo, mas continua a ser inviável, no contexto pandêmico em que vivemos, realizar a festa na rua, com a proximidade e espontaneidade que é um traço de identidade do ‘Carnaval mais português de Portugal’, referem em comunicado o município de Torres Vedras e a empresa municipal Promotores, que “decidiram não organizar desfiles e festejos do Carnaval”.

O Carnaval de Torres Vedras, que remonta a 1930, também não se realizou em 1984 devido às cheias ocorridas meses antes na cidade, o que voltou a acontecer em 2021 devido à pandemia de covid-19.

Por edição, o Carnaval de Torres Vedras recebe cerca de meio milhão de visitantes durante os seis dias do evento e gera receitas de 10 milhões de euros na economia local.

Em Aveiro, a Câmara Municipal de Ovar, escolas de samba e grupos carnavalescos do município decidiram não realizar os tradicionais desfiles do Entrudo que estavam previstos para este ano.

A decisão foi tomada após reuniões entre as 24 associações envolvidas no Carnaval de Ovar, forças de segurança locais, autoridades de Saúde Pública e representantes da Proteção Civil.

“A opinião de não realização dos desfiles foi unânime, atendendo ao atual contexto pandêmico e às medidas em vigor, que obrigariam a uma organização complexa e a requerer uma logística quase impossível de colocar em prática”, anuncia fonte do município.

Alguns grupos e escolas mostravam-se “preparados para sair à rua”, mas a autarquia informa que “a larga maioria” foi da opinião de que os corsos não deveriam realizar-se.

O presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, pretende, mesmo assim, promover outras atividades que assinalem a data em causa, anunciando “a pintura de máscaras gigantes” e “uma programação cultural controlada”, que ainda está por definir, mas cuja realização se verificará nos equipamentos municipais, “cumprindo as regras vigentes”.

Também em Aveiro, a organização do Carnaval de Estarreja anunciou que não vai realizar este ano os desfiles carnavalescos.

A organização, que envolve a Câmara Municipal de Estarreja, a Associação do Carnaval de Estarreja (ACE) e 11 grupos desfilantes, sendo sete grupos de folia e quatro escolas de samba, emitiu um comunicado dando conta de que “entende que não estão reunidas as condições para a realização dos desfiles carnavalescos de 2022”.

Em outubro, a organização, face aos indicadores da pandemia na altura, havia decidido avançar com os trabalhos preparatórios dos festejos.

“Com o crescimento do número de casos de infecção por COVID-19, as circunstâncias alteraram-se de forma significativa provocando dificuldades aos grupos e à autarquia, que desta forma assumem uma decisão que consideram ser a mais sensata e adequada ao momento que estamos a viver, protegendo em primeiro lugar a saúde pública”, justifica o comunicado.

Segundo a vereadora da Cultura da Câmara de Estarreja, Isabel Simões Pinto, “Estarreja não passará a efeméride sem assinalar o Carnaval, estando a preparar uma programação alternativa para os dias habitualmente mais fortes dos festejos”.

Em Viana do Castelo, o vice-presidente da Folia, associação que organiza o Carnaval de Arcos de Valdevez, anunciou o cancelamento de todos os festejos previstos para decorrerem entre 26 de fevereiro e 02 de março.

Em declarações à agência Lusa, Rui Aguiam explicou que a decisão foi tomada “em concordância” com a Câmara Municipal face “às novas medidas de controlo e mitigação da pandemia de covid-19 definidas pelo Governo e à declaração do estado de calamidade, em vigor até 20 de março”.

O vice-presidente da associação Folia, que reparte com a Câmara local a responsabilidade da organização, explicou que foi decidido “não organizar qualquer evento, no Carnaval 2022, que inclui bailes de rua e o desfile carnavalesco, por não estarem reunidas as condições de segurança, em termos de saúde pública”.

Conhecido como o “maior do Norte de Portugal, o Carnaval de Arcos de Valdevez atraia, até 2020, último ano em que se realizou nas ruas daquela vila do distrito de Viana do Castelo, “milhares de foliões”.

Também nos Açores, a programação do Coliseu Micaelense para os meses de janeiro e fevereiro foi cancelada devido ao “aumento de casos diários de covid-19” informou a autarquia. Em causa estão espetáculos, concertos e os Grandes Bailes de Carnaval 2022, esclarece a Câmara.

“Oportunamente e na medida do possível, em articulação com os artistas e promotores, os espetáculos e atividades previstas para este período serão reagendados para data futura”, acrescenta.

Os Açores registraram na terça-feira 868 novos casos de covid-19, um novo máximo diário desde o início da pandemia, com o total de novas infecções só na ilha de São Miguel (602) a aproximar-se do anterior recorde do arquipélago (605).

No início do ano, também as festividades de Carnaval na Madeira, programadas para decorrer entre os dias 26 de fevereiro e 02 de março, foram canceladas devido à evolução da situação pandêmica na região.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.413 pessoas e foram contabilizados 2.003.169 casos de infecção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.

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