Chefe da ONU destaca que desigualdade de gênero atrasa potencial científico

Da Redação com ONU News

Começou nesta segunda-feira a 67ª Sessão da Comissão da ONU sobre o Estatuto da Mulher, CSW, um dos principais eventos anuais da Assembleia Geral da ONU, que segue até dia 17 de março e debate progresso relacionado à igualdade de gênero e ao empoderamento feminino.

Na abertura, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou que este ano, a sessão quer buscar formas de reduzir a lacuna da participação feminina em áreas de tecnologia e inovação.

O chefe da ONU ressaltou que sem a participação e a criatividade de metade do mundo, a ciência e a tecnologia realizarão apenas 50% de seu potencial. Segundo dados apresentados por ele, 3 bilhões de pessoas ainda não estão conectadas à internet, a maioria mulheres e meninas em países em desenvolvimento.

De acordo com Guterres, nos países menos desenvolvidos, apenas 19% das mulheres estão online. Ele adiciona que, globalmente, meninas e mulheres representam apenas um terço dos alunos em ciências, tecnologia, engenharia e matemática.

O secretário-geral ainda reiterou que na indústria de tecnologia, os homens superam as mulheres na proporção de dois para um. Na Inteligência Artificial, apenas cerca de um em cada cinco trabalhadores é uma mulher.

Ele citou que as mulheres correspondem por apenas 3% das vencedoras dos prêmios Nobel em áreas científicas. Para Guterres, esse é o resultado de séculos de patriarcado, discriminação e estereótipos.

Em seu discurso, Guterres afirmou que o progresso visto durante décadas nos direitos das mulheres estão desaparecendo. O secretário-geral reforçou o apoio das Nações Unidas para mulheres e meninas em todos os lugares.

Ele citou o Afeganistão, em que a presença feminina na vida pública foi apagada, e lembrou que em diversos lugares os direitos sexuais e reprodutivos estão sendo revertidos.

Segundo o líder das ONU, a mortalidade materna está aumentando: uma mulher morre a cada dois minutos durante a gravidez ou no parto, sendo as causas evitáveis.

Ele também destacou que conflitos e os impactos da pandemia tiraram meninas das escolas e mulheres de seus trabalhos, além de aprofundar o problema dos casamentos precoces forçados.

“Igualdade de gênero é uma questão de poder”
Ao afirmar que “igualdade de gênero é uma questão de poder”, o secretário-geral da ONU destaca três ações urgentes para mitigar a questão.

Para ele, é necessário aumentar o acesso a educação, renda e emprego para mulheres e meninas, especialmente no Sul Global. Guterres também defende que as autoridades promovam a plena participação e liderança feminina em ciência e tecnologia, desde governos até em salas de reuniões e escolas.

Por fim, o chefe da ONU afirma que o ambiente digital deve ser seguro para mulheres e meninas. Ele destacou que a desinformação misógina floresce nas plataformas de mídia social bem como a “trolagem de gênero”, que visa especificamente silenciar as mulheres e forçá-las a sair da vida pública.

António Guterres afirma que as Nações Unidas estão trabalhando para promover um Código de Conduta para a integridade da informação em plataformas digitais. O objetivo é reduzir danos e aumentar a responsabilidade, defendendo o direito à liberdade de expressão.

O secretário-geral explicou que promover as contribuições completas das mulheres para a ciência, tecnologia e inovação não é um ato de caridade ou um favor, e sim um benefício a todos.

Para Guterres, com mais acesso a serviços médicos online, as comunidades ficam mais saudáveis. Com o acesso ao sistema bancários e recursos on-line, elas podem iniciar negócios que beneficiam sociedades e economias.

Ele ainda citou o movimento #MeToo, que aponta que com acesso a plataformas digitais seguras, elas constroem comunidades que podem mudar o mundo.

O secretário-geral concluiu sua participação afirmando que mulheres e meninas não serão silenciadas. Para Guterres, a CSW é um catalisador para a transformação e o combate à misoginia.

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