Brasileiras protestam em Portugal contra violência e xenofobia

Da Redação com Lusa

Neste dia 29, uma concentração de mulheres brasileiras, convocada pela Coletiva Maria Felipa, protestou no Porto contra a violência do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) após denúncia de caso de violação no aeroporto de Lisboa.

As imigrantes brasileiras queixam-se de ser tratadas como objetos sexuais em Portugal, onde este estereótipo se traduz em dificuldades no acesso à habitação e outros serviços.

A iniciativa, marcada para a Praça da Liberdade, no Porto, surge após o alegado ataque de violência sexual por parte de um agente do SEF contra uma brasileira que tentava chegar a Portugal como turista, mas não só.

“Não é um caso que acontece só no SEF, nem só com quem está a chegar a Portugal pela primeira vez. É uma violência quotidiana, muito comum, muito presente nas mulheres brasileiras em Portugal, e não só brasileiras”, disse Aline Rossi, coordenadora política da Coletiva Maria Felipa, que promove a ação.

“Isso tem um histórico, tem uma construção histórica em cima e é uma situação muito complexa, pode implicar violência sexual, assédio, dificuldade de acesso a serviços, nas ruas, no trabalho, na entrada no país” afirmou Rossi à Lusa.

A ativista explicou que o protesto deste sábado é “contra a violação de uma mulher brasileira quando tentava entrar no país, mas também o reflexo de violências que acontecem diariamente com mulheres brasileiras em Portugal”.

E revelou que o aumento da emigração brasileira para Portugal, sobretudo nos últimos quatro anos, foi acompanhado de um aumento do “discurso xenófobo, que não é só contra brasileiros, que é reflexo de um acirramento político, de uma ascensão da extrema-direita na Europa e também em Portugal, com maior visibilidade do partido Chega, e outros muito próximos de grupos neofascistas, como o Mário Machado”.

“Amanhã é um basta a estas violências que acontecem diariamente, a um olhar que está muito enraizado na cultura, também por causa do passado colonial, de ver a mulher brasileira como um objeto sexual, um corpo público e uma mulher fácil. O estereotipo da mulher puta é uma coisa muito viva ainda hoje na cultura portuguesa”, prosseguiu.

E acrescentou: “Quando uma mulher brasileira sofre este tipo de violência [o alegado ataque no SEF], não é só quem ela é naquele momento, é de onde ela vem, o fato de ser brasileira e o que o imaginário português sobre uma mulher brasileira diz, que normalmente relaciona a imagem da mulher brasileira à puta. Tem a ver com o caso das mulheres/mães de Bragança, tem a ver com o passado colonial de exploração sexual e posse do corpo da mulher”.

Por esta razão, Aline Rossi acredita que o caso “não é uma coisa que vem da ascensão recente da extrema-direita e do discurso xenófobo, isso é só uma repaginação de uma cultura e de um pensamento que já estava lá há muito mais tempo e que simplesmente se manifesta nessas situações, porque nunca foi efetivamente de lá erradicado”.

A ativista lamentou que estas ideias se reflitam em dificuldades diárias em Portugal, sendo a mais flagrante a que estas mulheres registram para alugar uma casa.

“Todas nós temos um caso para contar, muitos nos fecham as portas”, referiu, indicando que isso se deve porque julgam que, por serem brasileiras, iriam receber “clientes” nessa casa.

Em relação ao trabalho, a ativista explicou que o assédio muitas vezes não é denunciado, porque estas trabalhadoras ainda não estão com a situação totalmente resolvida a nível dos papéis e, por isso, os casos não são mais conhecidos.

3 Comments

  1. Na minha modesta opinião, esta mini manifestação é ridícula pelos seguintes motivos:
    1 – Os senhorios são livres de arrendar casas a quem quiserem num país livre e democrático. É conhecido por muitos, que em Portugal já houve casas arrendadas a cidadãos brasileiros(as) e que: destruíram/causaram danos nos imóveis, saíram sem pagar as últimas mensalidades, fizeram subarrendamento ilegal a conterrâneos ou faziam dos apartamentos recepção para prazer nocturno. Portanto, se agora há brasileiras inocentes a pagar pelo sucedido, tenham vergonha na cara e não exijam petulantemente na terra dos outros! Reclamem com os vossos conterrâneos anteriores, brasileiros(as) que cá estiveram antes a fazer porcaria e deram uma péssima imagem de vós.
    2 – A ideia que se tem da mulher como objecto sexual, não é só um problema das brasileiras e muito menos um problema só de Portugal. Mas volto ao argumento do ponto um: durante muitos anos chegavam a Portugal e outros países da Europa só para a prostituição e agora querem o quê?! Reclamem com as vossas conterrâneas brasileiras que passam má imagem de vós! Fui emigrante na Suíça e na prostituição só se viam brasileiras, tailandesas e de países africanos…  Sendo um problema transversal no mundo, que tal fazerem manifestações para começar, no Brasil, vosso país?! Aí sim, poderão exigir mais um pouco! Falem com o Lula ou o Bolsonaro… Agora, virem a achar que são especiais aqui, não! Vocês não vêem as portuguesas em manifestações ridículas dessas. Não têm tempo, estão a trabalhar sabem? Nem vêm portugueses a exigir o que quer que seja na terra dos outros quando emigram. Não há portugueses(as) à manifestarem-se no Brasil e o nível de falta de direitos e segurança por lá é ridiculamente mais grave que na Europa!
    3 – Se vêm para trabalhar tranquilamente ok. Agora, mentalizem-se que aqui não são especiais, nem mais que as portuguesas, angolanas, cabo-verdianas, ucranianas, etc… Se não estão satisfeitas e se querem mais direitos que teriam no Brasil, têm bom remédio, imigrem para outro país qualquer ou voltem ao Brasil e não percam tempo a tentar chamar  atenção com manifestações idiotas, comparando com coisas e situações graves de guerra e fome pelo mundo. Tenham alguma vergonha na cara, humildade e dignidade para não exigirem o que não têm nem no vosso país. Reclamem com os vossos brasileiros que fizeram aqui porcaria ao invés de quererem direitos dos portugueses que não têm nenhuma obrigação de vos dar! Sou portuguesa e as minhas 2 filhas têm dupla nacionalidade porque o meu marido também a tem; nasceu no Brasil e está emigrado em Portugal faz 22 anos (mais portuga que brasuca) e todos nós tivemos vergonha dessa vossa manifestação petulante e orgulhosa, de achar que têm direitos a mais que os outros… Ridículo! Tenham vergonha e vão trabalhar, pois se vêm para Portugal para manifestações, vão passar fome!
    E a situação descrita no SEF, ainda nem foi provada…

      1. Curioso “Ado”, mas eu escrevi com argumentos e conhecimento de causa de muitas situações que vi. Entretanto, o seu comentário não tem nada de inteligente ou argumentos válidos, é só e puramente ofensas gratuitas que, dizem mais de si, do que você é, do que de mim!
        Aliás ofender gratuitamente sem me conhecer, só porque sim, por um comentário genérico, é como julgar imatura e arrogantemente um livro apenas pela sua capa! Já para não falar da questão da falta de educação…

        Além do mais a minha opinião/comentário é válido e é-me permitido num país onde exista liberdade de expressão! Agora ofensas já não são liberdade de expressão e são crimes puníveis no Código Penal! Traduzem de si muita revolta, mágoa e raiva… Aconselho um chá de camomila, meditação e mais contacto com a Natureza e se isso não for suficiente, poderá sempre tomar uns calmantes e uns comprimidos contra a azia que, tenho ouvido dizer que ajudam.

        Não ofenda gratuitamente só porque não tem capacidade de ter argumentos válidos e inteligentes! Parece-me carregar grande frustração “aí dentro”, que impede tolerar opiniões diferentes (essa também é a ideologia dos ditadores).
        Não seja mais um ser na Terra, seja melhor que isso:)

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