Vírus: Europa pede aos países membros que avaliem impactos econômicos

Da Redação
Com Lusa

A Comissão Europeia solicitou aos Estados-membros da União Europeia (UE) que avaliem os impactos econômicos do novo coronavírus, visando coordenar uma análise destas consequências na indústria e empresas do espaço comunitário.

Em comunicado, o executivo comunitário informa que o comissário europeu da Indústria, Thierry Breton, “solicitou aos Estados-membros que enviem [à Comissão] dados agregados sobre o impacto nas cadeias de abastecimento”.

O objetivo é “coordenar uma análise em toda a UE dos efeitos do surto na indústria e nas empresas europeias”, explica Bruxelas.

Já na quinta-feira, o comissário europeu da Indústria, Thierry Breton, anunciou que Bruxelas já estava a preparar, caso se torne necessário, “medidas de apoio” aos setores econômicos enfraquecidos pelo coronavírus Covid-19, mas não especificou as possíveis ajudas.

De acordo com o responsável, muitos setores estão a ser afetados pela epidemia, desde logo o turismo, porque “os chineses não vêm para a Europa há dois meses”.

Segundo Thierry Breton, 250 mil turistas chineses não viajaram para UE entre janeiro e fevereiro, o que representou uma redução de dois milhões de dormidas, afetando também as transportadoras aéreas europeias.

A estes acrescem setores com redes de produtos ligadas à China, como “automóveis, saúde, aparelhos eletrônicos, madeira ou brinquedos”, precisou Thierry Breton. “E este é apenas o começo”, comentou o responsável.

Frisando ser ainda “muito cedo para medir o impacto exato”, Thierry Breton considerou ser “a altura” de haver coordenação dos países da UE no que toca à partilha de informações e de medidas.

Os ministros da Economia da Europa, reunidos na quinta-feira em Bruxelas, agendaram novo encontro para daqui a um mês com o objetivo de fazer um balanço.

Thierry Breton admitiu, porém, a convocação de um conselho formal extraordinário apenas dedicado exclusivamente aos impactos do Covid-19.

Uma atualização hoje feita pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), refere que já existem 815 casos do novo coronavírus (Covid-19) na Europa.

Entre estes, já se registaram 19 mortes, 17 das quais em Itália e duas em França.

Segundo o ECDC, verificaram-se até ao momento casos de Covid-19 em Itália (650), Alemanha (47), França (38), Espanha (25), Reino Unido (16), Suíça (oito), Suécia (sete), Áustria (cinco), Noruega (quatro), Croácia (três), Grécia (três), Finlândia (dois), Bélgica (um), Dinamarca (um), Roménia (um), Estónia (um), São Marinho (um), Holanda (um) e Lituânia (um).

A nível mundial, o Covid-19, detetado em dezembro na China e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.858 mortos e infetou mais de 83 mil pessoas, de acordo com dados reportados por meia centena de países e territórios.

Das pessoas infetadas, mais de 36 mil recuperaram.

Também nesta sexta-feira, a Comissão Europeia anunciou a “aquisição conjunta de equipamentos de proteção” para os Estados-membros minimizarem a propagação do novo coronavírus.

Economia italiana

A agência de notação financeira Moody’s afirmou que o surto de coronavírus pode penalizar a economia italiana, aumentando os riscos de uma recessão, mas considerou improvável que isso afete a classificação da dívida.

Numa nota com data de quarta-feira, a agência de ‘rating’ refere que os casos de coronavírus reportados pelas autoridades italianas concentram-se nas regiões mais industrializadas do norte do país, onde foram adotadas medidas de quarentena e restrições nas viagens.

“O surto de coronavírus pode agravar as perspectivas de um fraco crescimento e aumentar o risco de a Itália entrar em recessão”, indicou a Moody’s.

Embora nesta fase ainda não se saiba qual a duração e a dimensão desse impacto, a Moody’s considera muito provável que haja um efeito temporário no consumo e na produção.

Segundo a agência, que assume esperar que o surto seja contido em breve, um enfraquecimento adicional da economia pode não implicar uma alteração no ‘rating’ da dívida de Itália (Baa3 estável).

Com 258 casos de coronavírus e 14 mortos, a Itália é atualmente o país mais afetado da Europa.

A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irã nos últimos dias.

Bolsas

Os mercados asiáticos de ações caíram ainda mais neste dia 28, mostrando os receios causados pelo surto do novo coronavírus Covid-19. Os índices aprofundam o impacto negativo global, depois de Wall Street sofrer sua maior queda em um dia nos últimos nove anos.

A bolsa de Tóquio começou caindo mais de 3% e Xangai, Hong Kong e Seul caíram mais de 2%. Os preços do petróleo caíram ainda mais, com as expetativas de quebra na procura por parte da atividade industrial.

O índice do Dow Jones, em Nova York, perdeu 1.200 pontos na quinta-feira, a maior queda de todos os tempos registrada em apenas um dia, devido ao aumento das preocupações a respeito do surto.

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