Europa prioriza emprego em 2009

O desemprego deverá chegar aos 8,5% em 2009, e Portugal poderá entrar em recessão no próximo ano.

Mundo Lusíada Com Lusa

Inácio Rosa/Lusa Portugal

RECESSÃO >> Presidente Português Aníbal Cavaco Silva (D), conversa com o Primeiro Ministro Português José Sócrates na reunião do Conselho Mundial 2008 em Sintra, Portugal. O principal objetivo do encontro é refletir sobre o impacto da globalização nos países e corporações.

A criação de emprego deve ser a “primeira, segunda e terceira” prioridade dos governos europeus em 2009, com políticas baseadas na recuperação e na reforma do sistema econômico, segundo afirmou o primeiro-ministro português, José Sócrates. “A Europa precisa de uma resposta global e coerente do centro esquerda. Hoje, mais do que nunca, os socialistas europeus têm uma nova oportunidade mas também uma nova responsabilidade”, afirmou o premiê. “A primeira prioridade é criar emprego, a segunda prioridade é criar emprego e a terceira prioridade é criar emprego. Estas devem ser as prioridades para os socialistas para o próximo ano”.

Segundo José Sócrates, é vital que se aumente o investimento público e que o Estado “ocupe o seu papel na recuperação econômica”, já que “não é possível ficar sentado à espera que a crise passe”. “Este é o momento para o Estado agir, e agir adequadamente com investimentos. É o momento em que os cidadãos olham para o Estado e querem que o Estado faça algo para recuperar a economia”, disse. Segundo ele, a primeira tarefa é “estabilizar o sistema financeiro”, rejeitando "o populismo e a demagogia dos que vêm a ajuda aos bancos como uma ajuda aos bancos e não à economia". “Foi decidido ajudar os bancos não a pensar nos acionistas, nos bancos, mas nas empresas, nas famílias e na economia européia”.

Anteriormente, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) fez declarações revendo em forte baixa as previsões de crescimento para as economias mais desenvolvidas, contrastando com as previsões do governo. Para Portugal, a OCDE prevê um recuo de duas décimas, em 2009. Terão desempenho negativo as exportações, investimento e consumo das famílias. O desemprego deverá chegar aos 8,5% em 2009, e aproximar-se dos 9% em 2010. Segundo divulgou a TVI, citando as declarações da OCDE, Portugal deverá entrar em recessão no próximo ano.

Cavaco Silva: 2009 “nada fácil” Já o presidente português, Aníbal Cavaco Silva, apelou em 28 de novembro à “união” de todos os portugueses para estarem preparados para um 2009 que “não será nada fácil”. “Os portugueses, falando verdade, devem estar preparados para um 2009 que não será nada fácil”, afirmou Cavaco Silva.

Daí, acrescentou, a sua preocupação em “procurar mobilizar todos, responsabilizar todos” para que seja possível ganhar “confiança acrescida para enfrentar os obstáculos” que existem pela frente. “Não será um ano fácil, mas não pode ser um ano de baixar braços, de desistir”, insistiu o chefe de Estado, recordando que, a este propósito, já disse que os empresários não podem adiar todos os investimentos para o futuro. “Pensem bem naqueles que são econômica e socialmente rentáveis e não deixem de os fazer. Nos momentos difíceis também há oportunidades. Há que encontrar as oportunidades no meio de todas estas ameaças e eu acredito que existem oportunidades que nós podemos aproveitar”, salientou Cavaco Silva.

O chefe de Estado deixou também apelos à junção de esforços dos empresários, pois “é difícil vencerem sozinhos” e ganharem cotas de mercado. “É preciso os empresários juntarem-se, cooperarem”, defendeu, preconizando uma “atitude agressiva de ataque aos mercados externos”. Os apelos de Cavaco Silva foram também extensíveis aos prefeitos portugueses, que exortou a apoiarem firmemente a melhoria da competitividade das empresas, para que estas criem valor e empregos mais qualificados. “Não podem deixar de ter atenção à base produtiva dos respectivos concelhos”, recomendou.

Famílias portuguesas podem ter melhor renda O primeiro-ministro considerou inda que as famílias portuguesas vão ter melhor rendimento disponível em 2009, devido às baixas conjugadas da taxa de juro, do preço dos combustíveis e da inflação. “As famílias portuguesas podem esperar ter um melhor rendimento disponível em 2009, que advirá da baixa da Euribor e da baixa da taxa de juro. Isso vai aliviar muito as famílias nas suas prestações para pagarem os créditos à habitação, que são hoje uma componente muito significativa das despesas familiares”, disse José Sócrates.

“As famílias portuguesas podem esperar em 2009 ter uma inflação mais baixa e portanto ganharem poder de compra, como vão ganhar poder de compra os funcionários públicos, como não ganhavam há muitos anos”, afirmou.

Por outro lado, disse Sócrates, as famílias portuguesas "podem também esperar ver as suas despesas reduzidas com a gasolina, fruto da baixa do preço do petróleo, ajuda que se sentirá também ao nível da economia portuguesa". Os preços do petróleo voltaram a cair para novos mínimos de três anos, e já perderam mais de 100 dólares por barril desde que atingiram o seu valor recorde de mais de 147 dólares por barril em julho deste ano. Nos últimos meses os preços caíram com a queda da procura provocada pelas dificuldades das economias mundiais.

"Estas três componentes aumentarão o rendimento disponível das famílias para o ano de 2009. É por isso que o principal problema que nós enfrentamos neste momento, e no ano de 2009, será o de defender o emprego e a competitividade das empresas", sublinhou Sócrates.

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