Cinco maiores bancos de Portugal diminuem em quase 300 milhões lucros agregados

Da Redação
Com Lusa

Os cinco maiores bancos em Portugal registraram um lucro agregado de 462,6 milhões de euros (ME) no primeiro semestre do ano, uma diminuição de quase 300 ME face aos 762,1 ME registrados no mesmo período de 2018.

A diminuição deve-se sobretudo à descida nos lucros do BPI e ao agravamento de prejuízos do Novo Banco, a única instituição dos maiores bancos portugueses que deu prejuízo na primeira metade do ano.

Assim, BPI, BCP, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Santander e Novo Banco totalizaram lucros agregados de 462,6 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, menos 299,5 milhões de euros do que em igual período de 2018, de acordo com contas feitas pela Lusa.

Sem os prejuízos do Novo Banco, a soma dos lucros dos restantes quatro bancos totaliza os 862,7 milhões de euros nos primeiros seis meses.

No primeiro semestre de 2018, quando o Novo Banco foi também o único a apresentar prejuízos, a soma do resultado líquido das cinco instituições atingiu os 762,1 milhões de euros.

Sem os prejuízos de 212,2 milhões de euros do Novo Banco (valor revisto na última apresentação de resultados, já que o anteriormente conhecido era de 231,2 milhões de euros), o resultado dos outros bancos totalizou 974,3 milhões de euros.

De acordo com o banco, as contas do primeiro semestre de 2018 foram reexpressas “por forma a refletir a alteração do registo inicial de passivos relacionados com a operação de LME [Liability Management Excercise, troca de obrigações] concretizada no último trimestre de 2017”.

O BPI foi a outra instituição que teve uma pior prestação de resultados neste semestre, passando de um lucro de 366,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2018 para 134,5 milhões no mesmo período deste ano.

O banco detido pelo espanhol CaixaBank justifica este resultado pelos impactos positivos extraordinários de 118 milhões de euros registados no primeiro semestre de 2018, essencialmente ganhos com a venda de participações, mas também pela alteração da classificação contabilística do Banco Fomento de Angola (BFA) no final de 2018.

Já os restantes três bancos (BCP, CGD e Santander) subiram os lucros.

O banco do Estado passou dos 194 milhões de euros de lucro no primeiro semestre de 2018 para os 282,5 milhões no mesmo período deste ano.

O BCP aumentou os lucros em 19,2 milhões de euros, atingindo os 169,8 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, depois de 150,6 milhões em igual período do ano passado.

Já a operação do espanhol Santander em Portugal aumentou os lucros em 12,3 milhões de euros, já que dos 263,6 milhões de euros registados no primeiro semestre de 2018 passou a 275,9 milhões nos primeiros seis meses deste ano.

Em termos de venda de carteiras de crédito malparado, a CGD anunciou que vai vender 800 milhões de euros em ativos não produtivos, o BPI está a vender 200 milhões de malparado, e o BCP anunciou que vendeu 146 milhões no primeiro semestre.

Já o Novo Banco, o único que ainda dá prejuízo, anunciou hoje a venda de 795,8 milhões de euros em malparado, sobretudo ligado a imobiliário.

Empregos

O primeiro semestre ficou marcado pela redução de 413 empregos nos bancos Caixa Geral de Depósitos (CGD), Novo Banco, Santander Totta e BPI, enquanto o BCP aumentou o número de funcionários em termos líquidos.

A maior redução de trabalhadores aconteceu na CGD, com a saída de 172 pessoas em Portugal.

O banco público continua a levar a cabo o processo de reestruturação, acordado com Bruxelas quando foi recapitalizado e que este ano deverá levar à saída de 570 pessoas (entre pré-reformas, rescisões por mútuo acordo e não renovação de contratos a termo).

O Santander Totta fechou o primeiro semestre com menos 107 trabalhadores, tendo em junho 6.330 funcionários.

Já o Novo Banco fechou o primeiro semestre com menos 76 trabalhadores do que no final de 2018, tendo 4.728 funcionários.

No BPI, saíram até junho 58 pessoas. Assim, os trabalhadores do banco detido pelo espanhol CaixaBank passaram para 4.350.

Por fim, em sentido contrário, no final de junho, o BCP tinha mais 199 empregados em Portugal do que no final de dezembro de 2018, sendo atualmente 7.264.

Ainda no primeiro semestre, o BCP gastou 10 milhões de euros em custos de reestruturação de trabalhadores, apesar de em termos líquidos ter aumentado os funcionários.

Questionado sobre os 10 milhões de euros de custos de reestruturação, o presidente executivo, Miguel Maya, indicou na semana passada que há áreas com pessoas a mais e aí foram negociadas saídas por acordo. Contudo, recusou dizer quantos trabalhadores saíram ao abrigo desse plano de reestruturação.

Acompanhando a tendência de anos anteriores, os bancos continuam a negociar a saída de elevado número de trabalhadores, nomeadamente mais velhos. Por outro lado, estão a contratar trabalhadores jovens para fazerem a transformação digital do negócio, nomeadamente das áreas de matemática, informática e engenharia.

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