Vencedor do Prêmio Pessoa diz que é uma distinção da importância do oceano

Da Redação com Lusa

O especialista em assuntos do mar Tiago Pitta e Cunha encarou neste dia 17 o Prêmio Pessoa 2021 que lhe foi atribuído como uma distinção da importância da sustentabilidade do oceano e insistiu na necessidade de mudar atitudes.

Tiago Pitta e Cunha, administrador executivo da Fundação Oceano Azul, venceu o Prêmio Pessoa 2021 e, em reação, disse à agência Lusa que se trata de uma distinção dirigida, sobretudo, ao tema em que se centra o seu trabalho.

“Vejo o prêmio como uma forma de poder continuar este meu trabalho de chamar a atenção do nosso país para a importância que o oceano pode ter no século XXI”, afirmou, defendendo que essa importância ainda não é suficientemente reconhecida em Portugal e apelando para mudança de atitudes.

Quando anunciou hoje o vencedor, numa transmissão ‘online’, o presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, destacou Tiago Pitta e Cunha precisamente como uma das personalidades “mais reconhecidas e relevantes” na luta pela mudança no que respeita aos assuntos do mar e dos oceanos.

“Eu gostava de ver a minha sociedade ser uma sociedade muito mais respeitadora da natureza. Há muita coisa que tem de mudar em Portugal”, disse Tiago Pitta e Cunha.

Essa mudança, defendeu, tem de começar ao nível da mentalidade dos portugueses e de se traduzir depois numa “mudança das infraestruturas, das políticas e dos incentivos”.

Sublinhando a importância da sustentabilidade dos oceanos no combate às alterações climáticas, o especialista destacou ainda o trabalho da Fundação Oceano Azul e os esforços para “salvar o que resta”, designadamente através da criação de áreas marinhas protegidas.

Para Tiago Pitta e Cunha, essa é uma forma de “permitir às próximas gerações poderem beneficiar da economia azul e com isso fazer o nosso país agarrar o comboio do século XXI que, de alguma maneira, perdemos nos séculos XIX e XX”.

Escolha do júri

Tiago Pitta e Cunha, 54 anos, é uma das “personalidades mais reconhecidas e relevantes – em Portugal, na Europa e no plano internacional – na luta pela necessária mudança de atitude das sociedades humanas em relação aos assuntos do Mar e dos Oceanos”, destacou Francisco Pinto Balsemão, do júri, acrescentando que “a sua visão transformadora envolve as políticas públicas, mas também os valores éticos, as atitudes, os comportamentos que são gerados pela cultura, pela educação, pelas novas exigências de literacia científica, que a complexidade do tempo [atual] exige”.

Para esta escolha foram tidos em conta “o rigor e a persistente coerência de mais de duas décadas e meia dedicadas integralmente a trazer a importância do Mar para a agenda política e cultural nacional, europeia e global; a unidade entre pensamento e ação; uma liderança baseada no exemplo e na partilha de responsabilidades”.

Segundo o júri, a Fundação Oceano Azul, da qual Tiago Pitta e Cunha é administrador executivo desde a fundação, em 2017, “é ela própria resultante de um processo de diálogo e convergência de atores e perspetivas diferenciados, onde se destaca o papel da filantropia e da responsabilidade social privadas”.

Com esta escolha, pretende-se também “distinguir e estimular todos aqueles que colocam o seu saber e talento ao serviço de causas públicas de valor universal, aumentando com isso a viabilidade de uma cultura voltada para a cooperação coletiva, fator crítico de que dependerá, em grande medida, a superação das ameaças existenciais contemporâneas”, destacou Francisco Pinto Balsemão.

Tiago Pitta e Cunha e a Fundação Oceano Azul “têm impulsionado a criação de alianças entre múltiplos interesses públicos e privados”, que resultaram na criação de vastas áreas de proteção dos ecossistemas marinhos, combatendo a sua degradação.

Do trabalho desenvolvido ao longo deste ano, o júri destacou a proposta, cientificamente fundamentada, de criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário, o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado; o alargamento da Área Marinha Protegida das Selvagens, a maior do gênero no Atlântico Norte; o anúncio, em 03 de dezembro, pelo Governo Regional dos Açores, do objetivo de criar, até 2023, uma Área Marinha Protegida de 300 mil quilômetros quadrados.

Os assuntos do Mar e dos Oceanos têm estado presentes na sua atividade profissional com a “intensidade de uma escolha vocacional”, sublinhou ainda o júri, enfatizando os cargos nacionais e internacionais que Tiago Pitta e Cunha tem desempenhado, nomeadamente na ONU, na Comissão Europeia e como consultor do Presidente da República.

O Prêmio Pessoa, uma iniciativa do jornal Expresso com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos, no valor de 60 mil euros, visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país. Esta foi a 35.ª edição, que no ano passado distinguiu a pesquisadora Elvira Fortunato.

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