Brasileiros buscam raízes portuguesas no arquivo da Universidade de Coimbra

Cerca de 10 quilómetros de estantes contêm documentos do arquivo da Universidade de Coimbra usados para pesquisa do serviço de genealogias de família que o arquivo iniciou há meio ano, em Coimbra, 08 de abril de 2012. PAULO NOVAIS/LUSA

Da Redação
Com Lusa
Cidadãos brasileiros de origem portuguesa são quem mais procura, no Arquivo da Universidade de Coimbra (AUC), um serviço de genealogias de família iniciado há meio ano.

Os interessados pagam antecipadamente uma taxa fixa não reembolsável de 100 euros, que será descontada, no final da pesquisa, no total a pagar por cada árvore genealógica.

“As pessoas precisam de encontrar as suas raízes, querem saber quem são e de onde vêm”, declarou à agência Lusa o diretor adjunto do AUC, Júlio Ramos.

Neste trabalho, “limitamo-nos às fontes que temos disponíveis”, ressalvou Júlio Ramos, docente da licenciatura em Ciências de Informação Arquivística e Biblioteconómica, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC).

São pesquisados, sobretudo, os registros paroquiais do distrito de Coimbra. Outras fontes, como os registos de passaportes, “vêm, muitas vezes, clarificar a precisão” dos dados.

Os fundos arquivísticos estão distribuídos por seis pisos do edifício contíguo à Biblioteca Geral da Universidade, ocupando dez quilómetros de estantes.

Fundado em 1901, o AUC acolheu mais tarde o Arquivo Distrital de Coimbra, o seu espólio e as suas atribuições.

“Não devemos garantir que se encontrará” o que os clientes procuram. A investigação “é como se fosse uma escada a subir” e nem sempre as pessoas têm uma ideia precisa do que pretendem, afirmou Júlio Ramos.

Por exemplo, pode acontecer que pessoas do distrito de Coimbra tenham migrado para o Alentejo, para onde se deslocavam, ainda no século XX, em busca de trabalho nas mondas e nas ceifas.

As pessoas que integravam esta mão-de-obra sazonal, que reunia famílias inteiras das Beiras, ficaram conhecidas como ‘ratinhos’.

“Iam para os trabalhos agrícolas e alguns radicavam-se por lá”, disse. Nestes casos, faltando fontes no Arquivo da Universidade, a pesquisa não avança mais.

Os pedidos de árvores genealógicas, que têm uma arquivista responsável pela sua elaboração, podem ser efetuados ‘online’.

Devem os requerentes fornecer o nome da pessoa cuja ascendência se pretende investigar, a data de nascimento, a filiação, a freguesia e o concelho onde nasceu.

Desde que este serviço foi criado, em setembro de 2011, a procura das genealogias ainda não é muito significativa.

Júlio Ramos disse que importa “divulgar mais” o projeto. “Ainda temos poucos pedidos, mas isso não é desmotivador”, declarou.

São disponibilizadas árvores de três, quatro e cinco gerações, que custam 150, 300 e 400 euros, respetivamente. “Os primeiros pedidos vieram do Brasil”, de regiões com forte presença de luso-descendentes, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Quando iniciou a venda de genealogias, por iniciativa do seu diretor, José Pedro Paiva, docente da Faculdade de Letras, o AUC quis disponibilizar ao público “mais um serviço” e ainda obter “outra fonte de receita”.

No mesmo sentido, após ter iniciado funções, em substituição da ex-diretora Maria José Azevedo Santos, também professora da FLUC e atual vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Pedro Paiva decidiu ainda alargar o horário do Arquivo, que passou a funcionar das 09:00 às 17:30, agora sem interrupção para almoço.

 

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: