Pedro Pires destaca capacidade de mudança dos jovens nas eleições africanas

Ex-presidente cabo-verdiano foi chefe de observadores da União Africana nas eleições angolanas; fatores como motivação e engajamento com a democracia também foram destacados numa entrevista à Rádio ONU.

 

Por Eleutério Guevane
Rádio ONU em Nova Iorque

Ex-presidente de Cabo Verde, Pedro Pires. Foto: ONU

A grande participação de jovens no decurso de processos eleitorais africanos pode “mudar tudo”, afirmou o antigo presidente cabo-verdiano Pedro Pires.

Após ter sido incumbido de chefiar a equipa de observadores da União Africana nas eleições angolanas, ocorridas em finais de Agosto, Pires contou à Rádio ONU, da Cidade da Praia, o seu testemunho da participação juvenil no processo.

“Jovens têm formação, conhecem as leis e, mais do que isso, conhecem as novas tecnologias. De modo que isso facilita a sua presença. O importante aqui é que esses jovens estão motivados e engajados com o país, com o processo eleitoral e com o desenvolvimento da democracia nesses países, isso é de se saudar”, apontou.

A participação feminina nas mesas de voto mereceu também a atenção do ex-líder, que defendeu ter ficado impressionado com a utilização da tecnologia para apoiar o processo eleitoral angolano.

“Geralmente, em todas as assembleias de voto havia jovens e estudantes, com quem falei, que serviam-se das novas Tecnologias de Informação e de Comunicação. Todos tinham o seu Ipad e, a partir daí, davam indicações e orientavam os eleitores para as mesas em que iriam votar e nas assembleias de voto prestando assistência”, explicou.

Pedro Pires realçou ainda a necessidade de antigos líderes do continente contribuirem para restaurar a confiança nos processos democráticos nacionais e do continente.

Atualmente, Pedro Pires dirige um projeto que pesquisa memórias de combatentes e atores políticos que intervieram na independência de Cabo Verde.

Português: língua de ciência

O ex-presidente de Cabo Verde e ganhador do Prêmio Mo Ibrahim afirmou ainda que a língua portuguesa tem que se afirmar não só como língua de cultura, mas sobretudo de ciência e tecnologia.

Para Pedro Pires, é preciso haver um esforço conjunto da comunidade acadêmica, da sociedade civil e dos governos dos países lusófonos para elevar o status do português no campo da pesquisa, para a afirmação do português como língua internacional.

“O trabalho a ser feito é fazer da língua portuguesa para além de uma língua de cultura, uma língua de tecnologia. Caberá aos países mais avançados e mais populosos como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique de trabalharem para fazer da língua portuguesa uma língua de cultura, mas sobretudo uma língua de ciência e tecnologia. Hoje, como sabemos, estes dois elementos são importantíssimos e que dominarão nesta área que é fundamental hoje. As investigações (pesquisas), nos mais diversos domínios, precisarão ter o português. Eu penso que este é o esforço que deve ser feito.”

Além de Cabo Verde e Brasil, o português é falado, como língua oficial, por Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: