Reservas da biosfera da CPLP são quase metade das que existem no mundo

Da Redação com Lusa

A população das 24 reservas da biosfera reconhecidas internacionalmente nos países de língua portuguesa representa quase metade dos habitantes das reservas à escala mundial, segundo o líder do Projeto Rede de Reservas da UNESCO na CPLP.

António Abreu, no final da mesa-redonda do I Encontro da Rede de Reservas da Biosfera da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), salientou o “apoio político formal” dos ministros do Ambiente dos nove Estados-membros da organização lusófona.

“Na UNESCO, no global a nível mundial, há 738 reservas. Vinte e quatro podem parecer pouco, mas nessas 738 reservas há 270 milhões de habitantes e nós percebemos esta semana que somos 100 milhões, ou seja, quase metade da população. E isso significa que estamos a dar, a CPLP, os países da CPLP, um contributo muito forte”, disse António Abreu.

O primeiro encontro foi o lançamento público da Rede das Reservas da Biosfera da CPLP e visou reforçar a articulação entre os seus membros para a partilha de informação e discussão de iniciativas futuras, nomeadamente, no que respeita a potenciais modelos de promoção das Reservas da Biosfera da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) na CPLP.

António Abreu destacou o “apoio político formal” dado pelos ministros do Ambiente dos nove Estados-membros da CPLP em 2021, em Luanda.

“Durante uma série de anos, as reservas que eram menos do que aquelas que existem no espaço lusófono, foram sempre tentando criar uma rede numa lógica de que cooperando podiam melhor cumprir a sua função e obrigação perante a UNESCO e, sobretudo, ter mais sucesso no seu trabalho do dia-a-dia”, considerou.

Todavia, alertou, “as reservas não são uma varinha mágica”.

“São sobretudo uma plataforma de diálogo, de concertação e de mobilização para equacionar soluções para problemas que são locais, mas que também são globais. E, portanto, o desafio que eu acho que se tem de integrar no trabalho, para além das questões técnicas, que também é preciso fazer de uma forma competente, é sobretudo da comunicação e uma comunicação que seja orientada para os diferentes segmentos”, defendeu.

“Não vale a pena dizermos que há valores naturais, que é importante preservar, se não explicamos o que são, o que é que eles valem, quanto é que valem até economicamente, o que é que significa perdermos isso e o que é que significa conservarmos e utilizarmos de uma forma sustentável”, acrescentou.

António Abreu está confiante de que os Estados-membros vão ter mais reservas da biosfera.

“Com certeza que qualquer país pode ter mais reservas da biosfera e tem havido um crescimento ao longo dos anos. Recordo que no início deste século só a Guiné-Bissau, com uma reserva, o Brasil, com duas ou três reservas, e Portugal, com duas ou três reservas, é que tinham reservas da biosfera”, recordou.

“Timor prepara-se para ter reservas, Angola tem uma manifestação de interesse. Creio que a Guiné Equatorial um dia mais tarde também, e existe na Guiné-Bissau uma reserva quase pronta para ser submetida para candidatura. Em Portugal há algumas tentativas ainda em fase, mas pronto, temos 12, e São Tomé tem a ideia de fazer uma reserva também na ilha de São Tomé. Moçambique tem a ideia de fazer mais reservas porque só tem uma. Portanto, há aqui uma dinâmica que esperamos que o projeto também ajude”, antecipou.

A Rede de Reservas da Biosfera da CPLP inclui 24 territórios classificados pela UNESCO no Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

António Abreu revelou ainda que o projeto de reservas da biosfera da CPLP tem em vista o desenvolvimento de uma plataforma ‘online’ e que haverá avaliações de potenciais novas reservas da biosfera.

“E há também uma outra perspetiva que é o desenvolvimento de três projetos-piloto. Portanto, em algumas destas reservas, a nível de projeto, com outros parceiros, desde a Universidade de Coimbra, Associação dos Amigos da Reserva da Biosfera da Ilha do Príncipe, vão dinamizar três projetos. Um deles é a construção de um roteiro de turismo sustentável em reservas da biosfera da CPLP, valorizando estes territórios e posicionados com valor acrescentado no mercado, porque o turismo é, de facto, algo que é importante”, elucidou.

“Outro é o mapeamento e avaliação econômica dos serviços dos ecossistemas em reservas de biosfera da CPLP e o terceiro é sobre as paisagens produtivas, que tem a ver com as formas tradicionais do uso da terra, da agricultura, da segurança alimentar”, sintetizou.

O II Encontro decorrerá em data a marcar na ilha do Fogo, em Cabo Verde.

1 Comments

  1. E dentre estas reservas, a maior parte está no Brasil. Por isso mesmo Portugal deveria posicionar-se junto ao Brasil e contra o instrumento demolidor de soberanias chamado ONU, da mesma forma que o fez Putin (atenção, em nem tudo o homem erra). Não defendo o isolacionismo nacional, para já isto é inviável no presente tempo, mas um bloco de países fortes e unidos economicamente, culturalmente, historicamente e militarmente como poderia tornar-se a CPLP, opor-se-ia aos intere$$es diversos da ONU ou, para melhor dizer, aos intere$$es daqueles que utilizam a ONU para avançar os seus próprios.

    Só se encanta pela ONU quem a conhece superficialmente. Mas há masoquistas que achem bem que as antigas províncias ultramar, nomeadamente as de África, repilam Portugal e Brasil para atirarem-se aos braços da ‘democrática’ China, aquela nação de tamanho apreço pelos direitos humanos para o qual a ONU (e mesmo o Vaticano) fecha os olhos. Como é óbvio, há também o fator da corrupção local envolvida em Angola, Moçambique e na Guiné – da qual só parece proporcionalmente menor em Cabo Verde e São Tomé/Príncipe – mas isto é cruel para com o povo destes países que encontram-se rendidos desde a auto evidente traição daqueles que supostamente seriam os seus ‘libertadores’ (afinal, revolucionários nunca respeitaram fronteiras).

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