Relatório global sobre estado do oceano terá participação inédita do Brasil

Da Redação

Pela primeira vez, o Brasil é um dos co-coordenadores do grupo de especialistas das Nações Unidas responsável por organizar a elaboração do relatório sobre o estado do oceano (World Ocean Assessment), anunciou o governo brasileiro.

O documento produzido a cada cinco anos é resultado do Processo Regular das Nações Unidas para Relatório Global e Avaliação do Estado do Ambiente Marinho, incluindo Aspectos Socioeconômicos. Atualmente, encontra-se no meio do ciclo construção da terceira edição, prevista para ser lançada em 2025.

O especialista Roberto de Pinho, analista do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), foi eleito co-coordenador em dezembro de 2022, e trabalha em conjunto com a australiana Karen Evans. Os dois conduzem o grupo formado por até 25 especialistas, que representam cinco regiões do globo.

Pinho foi um dos indicados do grupo ‘América-Latina e Caribe’, ao lado de especialistas do Chile, Costa Rica, Jamaica e Argentina, para compor o grupo de especialistas (Group of Experts), segundo o Ministério brasileiro da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O segundo ciclo do Processo Regular, que cobriu o período de 2016 a 2020, resultou no relatório II World Ocean Assessment, que contabilizou a contribuição de mais de 300 especialistas.

O terceiro ciclo do Processo Regular, em curso, foi lançado pela Assembleia Geral em dezembro de 2019, para abranger cinco anos, de 2021 a 2025. De acordo com o programa de trabalho, um dos resultados é a produção de uma ou mais avaliações do meio marinho, incluindo aspectos socioeconômicos (III World Ocean Assessment). O Processo Regular também fornecerá suporte para outras ações intergovernamentais relacionadas aos oceanos.

No último dia 29, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, foram avaliados os quatro documentos base que versam sobre o escopo, a definição geral dos capítulos e os conhecimentos necessários para escrever o relatório. O material foi desenvolvido pelo grupo de especialistas sob a coordenação do brasileiro e da australiana. Três foram aprovados na íntegra e um recebeu comentários complementares, que devem ser contemplados até a próxima semana.

“Tendo os documentos fundamentais aprovados, começa a escrita. O próximo passo envolve a montagem dos times de pesquisadores que vão efetivamente elaborar cada um dos capítulos do relatório”, explica Pinho.

O processo é semelhante ao que ocorre com os Ciclos de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que sistematiza o conhecimento científico mais recente e de alto impacto produzido sobre o oceano. “Como é uma avaliação global do oceano, não tem uma pesquisa primária feita para o relatório. O conteúdo se baseia em pesquisa e fontes de informação existentes e atualizadas”, detalha Pinho.

Ele avalia que a participação inédita do Brasil no processo é compatível e necessária pela importância do país no cenário global, a relevância da sua pesquisa em oceano e a importância do oceano na vida do país. “O país e sua comunidade científica têm muito a contribuir com o processo”, destaca.

Oficinas do Processo Regular – A comunidade científica global também participa do processo por meio de oficinas regionais. Neste ano está prevista a realização de cinco encontros. O primeiro deles será no Brasil e está agendado para 10 de maio, em Santos (SP). Depois, será realizado nos Estados Unidos, Ilhas Seychelles, Portugal e Cingapura.

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