Parlamento Europeu solicita proibição de financiamentos para touradas

Mundo Lusíada
Com agencias

UE-investe-7-bilhoes-eurosO Parlamento Europeu solicitou que nenhum fundo comunitário seja destinado a propriedades onde sejam criados touros para touradas, o que foi recebido com satisfação pelas associações de defesa dos animais.

“Nem os dinheiros da PAC (Política Agrícola Comum) nem quaisquer outras verbas orçamentadas devem ser utilizadas para financiar atividades de tauromaquia em que o touro seja morto”, pediram os deputados numa alteração à posição do Parlamento sobre o orçamento comunitário de 2016, que contou com 438 votos a favor, 199 contra e 50 abstenções.

Este pedido – tal como a totalidade da posição orçamental do Parlamento – terá ainda de ser negociado com o Conselho da União Europeia (que representa os estados-membros), no âmbito do processo de conciliação para a aprovação do orçamento de 2016.

A alteração aprovada em 29 de outubro, introduzida pelos Verdes, não é a primeira votada pelo Parlamento nesse sentido, “mas é a primeira vez que este pedido é integrado no corpus” da posição orçamental da assembleia, declarou Michael Schmitt, consultor político dos Verdes no Parlamento Europeu, à Agence France-Presse (AFP), divulgado pela Lusa.

A associação de defesa dos animais Humane Society International saudou a votação pelos deputados, que diz ser “um sinal claro para a Comissão Europeia”, sublinhando que, “mesmo que a UE não possa legislar para proibir as touradas, pode parar a concessão de subsídios aos criadores de touros”.

Por seu lado, a Fundação Brigitte Bardot, da ex-atriz francesa envolvida na luta pelos direitos dos animais, considerou-a uma “vitória histórica”. “A decisão tomada hoje pelo Parlamento Europeu pode representar a estocada final nesta barbárie. Essa é a nossa esperança, a nossa luta”.

“Não há nenhum financiamento da UE para touradas”, esclareceu à AFP uma fonte da Comissão Europeia, recordando que, desde 2003, os subsídios recebidos pelos agricultores “deixaram de estar ligados ao que produzem e em que quantidade para ficarem sujeitos ao respeito de determinados padrões” relacionados com o ambiente ou o bem-estar animal.

Açores: Tourada não é “digna” de classificação da UNESCO

Recentemente, em Portugal, ainda o Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia dos Açores (MCATA) considerou que a tourada à corda não é “digna” de figurar como Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO, acrescentando que vai procurar “travar” qualquer tentativa de classificação.

A Associação de Mordomos das Festas Tradicionais da Ilha Terceira apresentou, em maio, um livro que resumia os motivos pelos quais considerava que a tourada à corda, manifestação taurina com maior expressão na ilha Terceira, deveria ser elevada a Patrimônio da Humanidade da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Na semana passada, a Direção Regional da Cultura afirmou que dá o seu apoio à candidatura, desde que a associação avance primeiro com a uma inventariação da tourada à corda, com vista à integração da manifestação no Inventário Nacional do Patrimônio Cultural Imaterial.

Para o MCATA, a tentativa de classificar a tourada à corda não passará de uma “absurda perda de tempo e recursos” que poderiam ser mais bem utilizados “em prol da evolução cultural dos açorianos”.

“É uma tradição associada à crueldade contra animais que, ao contrário do que é afirmado pelos promotores, frequentemente se traduz no ferimento e também na morte dos mesmos. Assim sendo, é contrária a vários documentos internacionais que condenam os maus tratos aos animais e colide frontalmente com os princípios definidos na Declaração Universal dos Direitos dos Animais”, salientou o movimento.

O MCATA alegou que “parte significativa da população não só não se identifica como repudia as diversas modalidades tauromáquicas”, acrescentando que a tourada à corda é responsável todos os anos pela morte de alguns participantes e de “cerca de 300 feridos”.

Na ilha Terceira, nos Açores, ocorrem mais de 300 touradas à corda por ano, uma manifestação em que o touro, em vez de ser lidado numa praça, corre num percurso limitado na rua, segurado por uma corda.

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