Brasil leva embaixadores estrangeiros para sobrevoar Amazônia

Da Redação
Com agencias

Segundo o vice-Presidente Hamilton Mourão, o governo brasileiro decidiu levar diplomatas estrangeiros a sobrevoar a Amazônia para mostrar que 84% da floresta está preservada.

Numa viagem de três dias à Amazônia brasileira, organizada pelo Governo do Presidente, Jair Bolsonaro, e iniciada na quarta-feira, diplomatas e embaixadores de vários países, incluindo de Portugal, sobrevoaram algumas áreas da floresta.

“Eles vão ver aquilo que dizemos o tempo todo, que 84% da Amazônia continua a manter a sua cobertura original (…). O tamanho da Amazónia não nos permite descer em Lábrea (um dos municípios mais afetados pelo fogo este ano) e dizer que a cidade não está preservada. Não há como abranger essa área toda numa viagem desta natureza. Seriam necessárias duas semanas para isso”, disse à Lusa o general Hamilton Mourão, questionado sobre a limitação de mostrar aos diplomatas apenas uma parte selecionada da floresta.

“Procuramos passar numa área do estado do Pará onde há área desflorestada desde os anos 1970 e depois passar na região de Manaus, onde tiveram um ‘briefing’ sobre o que está a acontecer, de forma muito clara e transparente. Ainda em Manaus, queremos que possam ver a amplitude dos nosso rios, verem como se combatem as ilegalidades ambientais, visitarem uma região de assentamento [indígena] e irem até à Amazónia profunda, que nunca aparece, e que está dentro dos 84% preservados”, acrescentou o vice-Presidente brasileiro.

Em conferência de imprensa, ao início da noite de terça-feira, na cidade de Manaus, o general Mourão salientou que as condições atmosféricas prejudicaram a missão de sobrevoar algumas das áreas mais afetadas pelas queimadas e pelo abate ilegal de árvores.

O avião da comitiva saiu de Brasília em direção à Serra do Cachimbo, localizada na divisão entre os estados de Mato Grosso e Pará. De lá, a aeronave reduziu a altitude e tentou sobrevoar parte da estrada BR-163, um dos principais eixos de expansão da desflorestação na Amazônia, mas as nuvens não permitiram uma boa visibilidade.

Fazem parte desta missão diplomatas da África do Sul, Alemanha, Canadá, Colômbia, Espanha, França, Peru, Portugal, Reino Unido e Suécia. O lado português está representado pela encarregada de Negócios da Embaixada de Portugal em Brasília Sandra Magalhães.

Já a comitiva brasileira é chefiada por Hamilton Mourão, que lidera o Conselho Nacional da Amazônia Legal, entidade que coordena diversas ações direcionadas para a preservação da que é a maior floresta tropical do mundo, sendo acompanhado pelos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tereza Cristina (Agricultura) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

No primeiro dia da viagem, centrado em Manaus, a capital do Amazonas, fizeram parte do roteiro uma visita ao jardim zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva do Exército brasileiro, e ao Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazónia (CENSIPAM), onde foram mostrados aos diplomatas dados sobre a devastação florestal, assim como sobre a preservação.

Contudo, não integram a programação visitas aos municípios de Apuí e Lábrea, no sul do Amazonas, que concentram o maior número de focos de incêndio em todo o estado.

Em setembro, o vice-Presidente brasileiro tinha indicado estar a preparar uma ofensiva diplomática para responder à Europa sobre as acusações de destruição da Amazónia.

A viagem começou a ser planejada após oito países europeus enviarem uma carta a Mourão, na qual afirmaram que o aumento da desflorestação na Amazônia podia dificultar a importação de produtos brasileiros.

Entre janeiro e setembro deste ano, a Amazônia brasileira registrou 76.030 queimadas, o maior número desde 2010, quando foram registrados 102.409 focos de incêndio no mesmo período, indicou, na semana passada, o Instituto de Pesquisas Espaciais brasileiro.

Já a desflorestação da maior floresta tropical do mundo atingiu mais de sete mil quilómetros quadrados de janeiro a setembro, um número alarmante, apesar de uma queda de 10% comparativamente a igual período de 2019, ano em que foram quebrados todos os recordes, de acordo com o mesmo organismo público.

Até este dia 6, a comitiva visita as cidades de Manaus, São Gabriel da Cachoeira e Maturacá, todas no estado do Amazonas.

Vilão

Em reunião no dia 03 do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão salientou que o Brasil é responsável “pela emissão de 3% de CO² no mundo”, e que o país tem matriz energética limpa e renovável e mantém 64% do território preservado e na Amazônia esse percentual é de 84%.

“Nós não somos o vilão. Temos um problema relativo à proteção e preservação da nossa floresta. Ok. Mas os outros países também têm muita coisa ainda a ser cumprida”, disse fazendo referência ao cumprimento do Acordo de Paris, que os Estados Unidos se retiraram em junho de 2017.

Segundo Mourão, 30% das áreas desmatadas na Amazônia estão em terras públicas. Ele contabiliza que existam 50 milhões de hectares de terra ainda não destinadas na região, o que dificulta a proteção. “Nem nós conseguimos vigiar isso permanentemente, nem ela está distribuída. O que acontece? Espaço vazio é ocupado. Aí acontece a ilegalidade”, opinou.

O vice-presidente prevê que o governo manterá medidas de Garantia da Lei e da Ordem na Amazônia até abril de 2021. Em balanço de atividades da Operação Verde Brasil 2, durante discurso na 3ª reunião do CNAL, Mourão detalhou que a atuação “propiciou a aplicação de 1,6 bilhões de reais em multas, a prisão de 183 pessoas, a apreensão de 178 mil m³ de madeira e de 154 mil toneladas de minerais como ouro, manganês e pedras preciosas.”

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