Filhos da Tradição apresentam em SC as novas vertentes da música portuguesa

Por Lucélia Fernandes
De Santa Catarina para o Mundo Lusíada

A Marejada, a maior Festa Portuguesa do Brasil, comemorou este ano, de 7 a 23 de Outubro, Bodas de Prata com folclore e fado. Desde a sua criação em 1986 que a Marejada é uma festa portuguesa que celebra a colonização açoriana no Estado de Santa Catarina, com destaque para as tradições pesqueiras, base da economia de Itajaí.
A banda Filhos da Tradição da cidade de Santos (SP) é composta por músicos e por uma cantadeira que já integraram o Verde Gaio e a Tocata da Casa de Portugal da Praia Grande. Fundada em 2003, participam da Marejada pela segunda vez, apresentando-se, alternadamente nos palcos Vila dos Sabores e Casa do Bacalhau.
Embora as suas raízes estejam nos Grupos Folclóricos, decidiram partir para “outros mares” em busca de outros sons, conforme explicam no seu site oficial http://www.filhosdatradicao.com.br/.
Seus músicos, Toninho de Almeida (acordeon, concertina), Fernando Macarrão (baixo, baixolão e voz), Nathália Ferrão (percussão-cajon, alfaias e castanholas e voz), Matheus Ferrão (violão, braguinha e voz), Luciane Ferrão (cantadeira), são luso-descendentes com profissões tão diversas quanto técnicos em informática, comerciantes, bancário e taquigrafa, com idades entre 24 e 39 anos, que tem em comum o amor tanto pelo tradicional quanto pelo contemporâneo da música popular portuguesa: “no nosso repertório incluímos sucessos de Mariza, Ana Moura, Mafalda Arnauth e Kátia Guerreiro, assim como clássicos de Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, Paco Bandeira e do Madredeus”, refere Toninho ao Mundo Lusíada, nos bastidores da Marejada.
“Foi uma das maiores emoções da minha vida”, relembra a cantadeira Luciane a respeito do encontro com Teresa Salgueiro, admirada pela banda, no camarim do Teatro Alpha de São Paulo onde a ex-vocalista do Madredeus se apresentou em novembro de 2010 com o seu espetáculo solo Voltarei à Minha Terra: “eu não queria ir ao encontro dela porque achei que ela não me receberia. Foi incrível! Ela é uma simpatia, conversamos e ela nos desejou boa sorte”.
E há um “quê” de Madredeus nos Filhos da Tradição, numa contemporaneidade visual e melódica e na opção pelo uso de outros instrumentos e arranjos, mais distantes do fado tradicional, também cantado por eles, mas com outra roupagem.
Já se apresentaram em vários lugares do Brasil, como na Semana Portuguesa do Rio Quente Resorts, em Goiás, e é a banda residente todos os sábados no almoço do restaurante Quinta da XV no Centro Histórico de Santos, e numa parceria desse mesmo restaurante com a Prefeitura da cidade que tem a maior comunidade portuguesa do Brasil, se apresentam na linha do bonde turístico, aos domingos.
“As nossas apresentações combinam mais com espaços pequenos, mas esta Marejada está sendo a prova de que com um repertório mais alegre e mesmo com músicas menos conhecidas o público do palco Vila dos Sabores, o palco principal, interagiu conosco. As músicas mais intimistas reservamos para a Casa do Bacalhau”, afirma Fernando.
Assim, à mistura com músicas folclóricas e marchas de Lisboa, apresentaram, entre outras, Feira de Castro (Paulo Abreu Lima/Rui Veloso), Transparente (Paulo Abreu Lima/Rui Veloso) e Chuva (Jorge Fernando) do repertório de Mariza, Vira dos Malmequeres (Cancioneiro Popular) de Kátia Guerreiro, um belíssimo arranjo para o tradicional Foi Deus (Alberto Janes), finalizando com a Casa Portuguesa (Sequeira/Fonseca/Ferreira) que teve o seu refrão alterado e cantado pelo público: “é uma festa portuguesa, com certeza, é com certeza uma festa portuguesa”.
Para breve o lançamento do primeiro álbum da banda, “Filhos da Tradição Acústico”, um cd duplo que trará, dentre outras novidades, uma composição de Mario Gil, autor de “Pelos Caminho de Portugal” feita especialmente para a banda.

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