Antonio Costa divulga “Carta a eleitores indecisos”

Mundo Lusíada
Com Lusa

Foto: MIGUEL A. LOPES/LUSA
Foto: MIGUEL A. LOPES/LUSA

O secretário-geral do PS, António Costa, escreveu aos eleitores indecisos para sublinhar a importância das eleições legislativas de 04 de outubro, dizendo que “é possível fazer diferente e fazer melhor”.

No texto, intitulado “Carta a eleitores indecisos”, publicado no ‘site’ da candidatura, António Costa explica que escolheu este método de se dirigir aos cidadãos porque não terá oportunidade de falar pessoalmente com todos os portugueses ao longo das próximas semanas.

“Por isso, decidi ter uma conversa convosco através desta carta. Proponho-vos que mantenhamos aqui esta conversa, que será feita em vários capítulos, durante os próximos dias”, refere, considerando que “a proximidade, o diálogo permanente” são decisivos para criar um laço de confiança com os eleitores.

Na missiva, António Costa salienta que os últimos anos “têm sido muito duros para as pessoas, as famílias e as empresas” e de “grande retrocesso económico e social”.

“Feriram-nos na nossa auto estima coletiva, puseram em causa a confiança que depositavamos nas instituições, geraram o sentimento de abandono em muitos territórios, provocaram a descrença no projeto europeu, trouxeram o sobressalto e a instabilidade para o quotidiano, a perda de pensões para os idosos, a precarização para os jovens, a ameaça do desemprego para todos”, considera.

Ainda assim, segundo o líder do PS, muitos se interrogam se vale a pena votar, considerando António Costa que “o principal expediente da direita” tem sido “levar as pessoas a admitir a fatalidade, a inevitabilidade, a impossibilidade de mudar”.

“Recuso esta visão e este fatalismo sem alternativa. Digo, com convicção e com realismo: é possível fazer diferente e fazer melhor, como mostramos desenvolvidamente nos nossos diferentes textos programáticos”, defende António Costa, que elenca quatro razões pelas quais as próximas eleições são decisivas.

“Primeira, porque temos de vencer a depressão, a descrença, a resignação, um sentimento de decadência nacional e reconstruirmos um sentimento de esperança coletiva no nosso futuro comum. Temos de iniciar um novo ciclo, com novos protagonistas e uma nova visão para o país”, diz.

Em segundo lugar, António Costa considera que existem duas opções de fundo que estão em confronto nas legislativas: “Sobre o nosso modelo de desenvolvimento — assente no conhecimento e inovação, contra a precarização e o empobrecimento – e sobre o nosso modelo social — na garantia da sustentabilidade da segurança social, na defesa do SNS [Serviço Nacional de Saúde] e da valorização da escola pública, contra a ameaça da privatização dos serviços públicos e da destruição do Estado social”.

Por outro lado, o líder do PS considera que é necessário “virar a página da austeridade para relançar a economia, criar emprego de qualidade e com futuro” e sanear as finanças públicas.

Por último, António Costa diz ser necessário que Portugal reassuma “uma postura ativa na Europa, sem submissão nem aventureirismos”, que permita retomar a convergência e fortalecer a posição do país no euro. “É sobre estas quatro questões que vos quero falar nos próximos dias”, refere, despedindo-se na missiva com um “até amanhã”.

Desafio
Ainda nesta segunda, o vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP desafiou António Costa, se tem alguma coisa para lhe dizer, a fazer num frente a frente ou num debate a dois. “Criticar-me e depois não querer discutir comigo isso é que já parece um bocadinho ‘toca e foge'”, afirmou.

Paulo Portas, em Torres Novas, respondia à afirmação de António Costa, de que, ao querer levar os líderes do PSD e do CDS-PP ao debate televisivo agendado para 22 de setembro, a coligação estaria a querer um jogo em que uma equipe “joga com 11 jogadores e a outra joga com 22”.

“O doutor Portas desistiu de concorrer sozinho e a direita entendeu que precisava de fazer uma frente a unir toda a direita para tentar travar a vitória do Partido Socialista. Agora queriam dois em um”, afirmou Costa, no sábado.

“Se o doutor António Costa tiver alguma coisa para me dizer, pode dizê-lo num frente a frente, num debate a dois, como um democrata, democraticamente. Criticar-me e depois não querer discutir comigo isso é que já me parece um bocadinho ‘toca e foge'”, disse Paulo Portas.

Campanhas
A coligação PSD/CDS-PP estima gastar 2,8 milhões de euros na campanha das legislativas, enquanto o PS prevê despesas de 2,6 milhões de euros, cortes de cerca de 40% em relação aos gastos reais de 2011.

Segundo o mandatário financeiro da coligação Portugal à Frente, que junta PSD e CDS-PP, António Carlos Monteiro, a estimativa de despesas entregue junto da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos representa um corte de cerca de 40% em relação ao que os dois partidos gastaram efetivamente nas legislativas de 2011.

Há quatro anos, o PSD estimava gastar perto de dois milhões de euros mas acabou por ter despesas na ordem dos 3,8 milhões de euros, enquanto o CDS-PP apresentou um orçamento de 700 mil euros mas teve despesas reais de perto de 800.000 euros (ou seja, há quatro anos os dois partidos gastaram um total de 4,6 milhões de euros).

O mandatário financeiro da coligação disse ainda que PSD/CDS-PP preveem gastar cerca de 100.000 com ‘outdoors’, aproveitando a rede permanente de 120 cartazes que os dois partidos possuem.

O PS, que em 2011 previa gastar 2,2 milhões de euros mas acabou por ter despesas de 4,1 milhões de euros, estima gastar na campanha das legislativas de 04 de outubro 2.594.930 euros, de acordo com o orçamento que o mandatário financeiro Hugo Xambre entregou na quinta-feira junto do Tribunal Constitucional.

De acordo com fonte oficial do PS, este orçamento “prevê que o partido gaste menos 43% do que o valor despendido na campanha eleitoral das anteriores eleições legislativas”.

“Será uma campanha de rigor nas contas, tendo sido feita uma orçamentação rigorosa face ao planejamento da campanha, evitando-se, desta forma, derrapagens nas contas de campanha”, refere o partido.

Já o Bloco de Esquerda prevê gastar este ano 598 mil euros, abaixo do orçamento de há quatro anos (772 mil euros) e das despesas reais (cerca de 863 mil euros) que teve com as legislativas de 2011.

A maior fatia do orçamento do BE é destinada a “comícios, espetáculos e caravanas” (205 mil euros), seguindo-se as “estruturas, cartazes e telas” (quase 140 mil euros).

Dos partidos com assento parlamentar, apenas a CDU (coligação que integra PCP e Verdes) se escusou a divulgar o orçamento para a campanha de 04 de outubro.

Na última sondagem, o PSD abriu 6 pontos pela primeira vez, este ano, com maior intenção de voto na atual coligação. Depois das últimas pesquisas apresentarem empate técnico ou ligeira vantagem ao PS, PSD aparece nesta pesquisa com seis pontos a mais do que os socialistas.

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