Presidente lembra contributo “fundamental” de imigrantes

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa faz declaração a propósito das eleições europeias feita em direto no Castelo de Leiria, no âmbito das Comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Leiria, 8 de junho de 2024. PAULO NOVAIS/LUSA/POOL

Neste dia 03, o presidente da República lembrou o contributo fundamental dos imigrantes para a economia portuguesa e argumentou que o anúncio de que 4.574 cidadãos estrangeiros vão ser notificados para sair do país não significa que “desapareça a imigração”.

Atendendo ao total de imigrantes em Portugal, que o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, disse rondar 1,5 ou 1,6 milhões de pessoas, o seu contributo para a economia “é fundamental, praticamente em todos os setores”.

“Mas vai desde a construção civil até à agricultura, vai ao turismo”, afirmou aos jornalistas, durante uma visita de surpresa à feira agropecuária Ovibeja, que está a decorrer em Beja.

Por isso, o Presidente da República alertou que “há erros que não se podem cometer” e é preciso ver, além dos cerca de 4.500 que o Governo já referiu que vão começar a ser notificados para abandonarem voluntariamente o país, qual “o número total daqueles que, na regularização, como consequência da nova lei, são forçados a sair”.

“Se são 4.000 em 1,5 milhões ou em 1,6 milhões, se são 5.000, se são 10.000”, afirmou, referindo, contudo, que mesmo que sejam “100, 10, 20, 30, 50, 100, 4 .500, é sempre penoso para os próprios”.

Mas tal “não pode ser apresentado como significando: importa que desapareça a imigração de Portugal”. Isto é um colapso na economia e na sociedade portuguesa, pura e simplesmente, porque estamos a falar de um milhão e tal [de pessoas] e que aguentam vários setores da economia”, alertou, frisando que “essa generalização não faz sentido”.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, confirmou que a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) vai começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros, na próxima semana, para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias.

Marcelo Rebelo de Sousa disse também que uma “grande lição” que se deve retirar desta situação é a de que “não se deve estar, como se esteve, três anos sem tratar desta matéria”.

“Quer dizer, houve três anos em que foi extinto um determinado serviço. Demorou tempo a substituir por seis ou sete serviços e ficaram dependuradas, sem definição, 200 ou 300 mil pessoas”, criticou.

Nesta deslocação espontânea do Presidente da República à Ovibeja, da qual costuma ser visitante oficial todos os anos, mas que preferiu, desta vez, visitar sem aviso prévio à organização ou a jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que não se sabe ainda bem o número de imigrantes que vão ser notificados para abandonar o país.

Durante três anos “não houve regularização praticamente nenhuma. Ficaram 300 ou 400 mil em atraso, pendentes, e agora os números que se dizem é que há 4.500 que sairiam e há mais uns 80 mil, 60 mil, 50 mil não percebi bem, que estão em exame”, afirmou.

“Estamos em qualquer caso longe do número global de 1,6 milhões, o que significa que se regularizou muito rapidamente uma parte significativa ou que a ideia é regularizar rapidamente, porque falava-se em 300 ou 400 mil de regularização. Vamos ver”, acrescentou.

Eleições

Marcelo Rebelo de Sousa, apelou aos portugueses para que “percebam a importância destas eleições” legislativas, numa altura em que os tempos “são complicados”, pelo que o voto faz ainda mais sentido.

“Eu tenho, por lado, um apelo a fazer aos portugueses, que é: percebam a importância destas eleições. A economia mundial está mais complicada, a Europa está complicada, os próximos tempos são complicados”, disse o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, em Beja.

“O fim das guerras demora algum tempo, as consequências econômicas chegam cá” e os portugueses têm que “ter a noção, além do mais, [que] durante um ano não há dissolução”.

Portanto, “o que sair destas eleições é para ficar até ao verão do ano que vem”, lembrou o Presidente da República, avisando: “Pensem bem nisso e votem”.
Os eleitores, de acordo com o chefe de Estado, não devem ter “aquela atitude muito simples” de que as eleições “não são importantes, há tantas eleições, mais uma, menos uma”, e que, por isso, não vão votar.

Evocando as eleições, no pós-25 de Abril, para a assembleia constituinte, em 1975, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que, nessa altura, já “era muito operacional, responsável partidário e candidato e constituinte”.

“E porque é que houve 90 e tal por cento de votantes? Porque as pessoas perceberam que a escolha era entre eleições ou revolução”, disse.
E, dentro das eleições, continuou, “era uma oportunidade única para, perante projetos muito diferentes, muito mais diferentes do que agora, as pessoas poderem decidir”.

“Agora não é tão dramático como era”, porque Portugal tem “uma democracia estabilizada, mas o mundo, nesta altura, está muito complicado e a situação econômica está muito complicada em toda a parte”, argumentou.

Segundo Marcelo, “as pessoas desinteressarem-se” e acham que não vale a pena votar: “Outras hão de votar por mim”. Mas é precisamente o contrário, alertou, porque, “agora, faz mais sentido votarem do que noutras eleições” realizadas “em momentos mais calmos no mundo, na Europa e em Portugal”.

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