Partidos criticam operação policial no Martim Moniz

Foto PSP Portugal

Mundo Lusíada com Lusa

Os partidos PS, BE, PCP e Livre anunciaram que querem ouvir a audição da ministra da Administração Interna no parlamento para esclarecer a operação policial que de quinta-feira, que o primeiro-ministro disse ter sido “muito importante” para criar “visibilidade e proximidade” no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses”.

A operação policial de quinta-feira no Martim Moniz resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos. De acordo com a PSP, uma pessoa foi detida por posse de arma proibida e droga e outra por ser suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.

O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se pode ver, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.

A coordenadora do BE acusou hoje o Governo de mobilizar politicamente forças de segurança para atacar migrantes e anunciou que vai chamar ao parlamento a ministra. Mariana Mortágua, afirmou que a operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, foi um “ato inédito na democracia portuguesa”, com uso desproporcional de meios e não foi “determinada pela hierarquia das próprias forças policiais”.

“Uma operação que se destina a um alvo particular, que é a população migrante que vive na zona do Martim Moniz. Tenhamos isto claro, um Governo que mobiliza politicamente forças de segurança para atacar indiscriminadamente um alvo como a população migrante é um governo perigoso”, atirou. 

O líder do PS manifestou-se hoje “envergonhado e revoltado” com o executivo e a direção da PSP pela operação policial no Martim Moniz, considerando que este é o “Governo mais extremista” das últimas décadas da democracia portuguesa.

Pedro Nuno Santos falou aos jornalistas no parlamento para criticar, de forma dura, a operação policial que decorreu na quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, que “não tem nada que ver com segurança, como aliás o próprio primeiro-ministro assumiu”, mas sim “com perceções”.

“Sinto-me triste, envergonhado enquanto político e revoltado com o Governo do nosso país, mas também com a direção nacional da PSP”, afirmou.

O líder do PS não hesitou e disse: “temos neste momento em Portugal o Governo mais extremista que nós tivemos nas últimas décadas da nossa democracia”.

Para Pedro Nuno Santos, é preciso que Governo e PSP expliquem os fundamentos desta ação, sobre a qual há “fundadas razões” para haver dúvidas sobre a sua legalidade.

Segundo o secretário-geral do PS aquilo que é preciso é um “Governo concentrado em dar respostas aos problemas reais dos portugueses e não aos imaginários” e deixou um aviso.

“Se uma cultura repressiva e intimidatória se instala em Portugal, hoje são os imigrantes, amanhã são os portugueses todos”, alertou.

Para Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro e o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, são “dois políticos com grandes responsabilidades” porque no tema da segurança têm “sido oportunistas e irresponsáveis porque aquilo que tem feito é alimentar um clima de divisão, de ódio”.

António Filipe, deputado do PCP (que também já pediu uma audição de Margarida Blasco no parlamento), considerou, em declarações aos jornalistas, que houve, por parte do primeiro-ministro, uma “instrumentalização da PSP para fins políticos”, afirmando que este não é um exemplo de policiamento de proximidade e “não melhora as condições de segurança e tranquilidade das populações”.

Já o presidente do Chega, André Ventura, considerou hoje que operações policiais como a que decorreu na quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, deveriam “realizar-se mais vezes” e defendeu que a polícia tem de “mostrar autoridade”. 

“Não só concordamos com estas ações como achamos que elas deviam ir mais longe e realizar-se mais vezes para mostrar aos portugueses e aos estrangeiros que Portugal está seguro e que não tem medo nem às zonas do seu território onde a polícia não entra”, afirmou, durante uma visita ao evento Wonderland, em Lisboa.

André Ventura defendeu que a polícia tem de “mostrar autoridade”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja também