Nesta segunda-feira de apagão, filas à porta de lojas de conveniência, alguns minimercados e restaurantes ocuparam várias ruas entre as zonas de Sete Rios e Benfica, em Lisboa, com algumas pessoas apreensivas pelo apagão que assolou a Península Ibérica.
“Isto já parece um filme de ficção científica”, disse uma cidadã à passagem da reportagem da Lusa.
Nas estradas entre Benfica e Sete Rios, o civismo tem sido visível, com os automobilistas a respeitar as passagens nas passadeiras, apesar de não haver semáforos.
Nas praças de táxis, não há veículos pretos e verdes para apanhar. Ouvem-se alguns carros de bombeiros e da polícia em emergência, como tem acontecido noutras zonas da cidade nas últimas horas.
Alguns restaurantes encontram-se a funcionar e, a par das churrasqueiras, apostam nos grelhados, conforme o aroma que circula pelo ar.
Nos minimercados e nas lojas de conveniência que ainda se encontram abertos na freguesia de São Domingos de Benfica há muitas pessoas a comprar água e velas.
Também nas lojas de fruta e legumes as pessoas fazem fila porque as contas têm de ser feitas à mão.
Já no bairro de Benfica, os supermercados encontravam-se na maioria fechados e aqueles que se encontram a funcionar, de forma condicionada, têm filas à porta.
Os bancos estão igualmente encerrados e os multibancos não funcionam. A Lusa constatou também que o comércio local fechou gradualmente.
Há filas nas paragens dos autocarros, que muitos ônibus passam cheios e por isso nem sempre não param.
No Centro Comercial Colombo, as pessoas foram convidadas a sair após o apagão e apenas são autorizadas a entrar caso se dirijam até ao hipermercado Continente.
Com receio de que a comida se estrague e descongele, vários lojistas do centro comercial, impossibilitados de trabalhar, decidiram aproveitar para “ir comprar qualquer coisa”, como referiu à Lusa Lurdes Amorim.
Trabalhadores do hipermercado confirmaram que os pagamentos por multibanco continuavam operacionais. “Fomos apanhados desprevenidos”, sublinhou Lurdes Amorim, acrescentando que “todas as lojas no centro estão sem eletricidade, à exceção do Continente”.
Pelas 15:00 já havia filas imensas nas caixas do Continente, com pessoas com ar conformado à espera e outras mais impacientes. Há quem pareça fazer as compras do mês, com os carrinhos cheios, e há quem que espere muitos números para ser atendido na zona das refeições feitas.
As portas exteriores do centro comercial já estão a ser controladas, lembrando os tempos da pandemia de covid-19.
Na Segunda Circular, tanto no sentido Aeroporto, como no sentido Benfica, o trânsito faz-se com muita intensidade.
Na ponta oposta da cidade, junto à Gare do Oriente, a Lusa constatou também haver muitas pessoas na rua e que os geradores da estação já estão desligados, depois de terem estado a funcionar até cerca das 13:30.
O Centro Comercial Vasco da Gama, junto à Gare do Oriente, foi encerrado. Há grandes filas para os cafés que ainda estão abertos na zona e para as caixas ATM que estão em funcionamento.
Em Coimbra, pão e água estão entre os alimentos que a população mais procura nos supermercados ainda abertos. Pão já era muito difícil encontrar ao início da tarde: o mesmo acontecia em duas padarias que a Lusa procurou em São Martinho do Bispo, nos arredores da cidade.
Há várias bombas de combustível encerradas, assim como outros supermercados.
Cafés, restaurantes e padarias também começavam a fechar por volta das 15:30, sem esperança de que a reposição de energia aconteça nas próximas horas.
Hospitais
Os hospitais de dois grupos privados da área da saúde limitaram hoje a sua atividade para garantir a prestação de cuidados urgentes. Uma fonte da Luz Saúde adiantou à Lusa que o grupo decidiu suspender toda a atividade de ambulatório – consultas e exames programados – até ao final do dia e que os utentes estavam a ser avisados desses adiamentos.
“Os hospitais da rede Hospital da Luz mantêm-se a funcionar para urgências e atividade crítica, como cirurgias urgentes e tratamentos oncológicos”, adiantou a mesma fonte, que pede aos utentes para, antes de se dirigirem aos serviços de atendimento urgente, ligarem para a Luz 24, com o número 217104424.
Na sua página na internet, o grupo CUF também avançou que, devido à falha generalizada de energia elétrica que está a afetar o país, a atividade programada nos centros de saúde, clínicas e hospitais está temporariamente suspensa.
O grupo explicou que esta medida tem o objetivo de garantir a prestação de cuidados de saúde urgentes e críticos.
“A situação está a ser acompanhada de forma contínua e será reavaliada ao final do dia, com o objetivo de retomar as atividades assim que as condições estejam restabelecidas”, adiantou a CUF no seu ‘site’.
Fonte oficial da Lusíadas Saúde adiantou à Lusa que mantém serviços prioritários em funcionamento e que o grupo ativou o seu plano de contingência.
“As unidades hospitalares e clínicas estão a funcionar com recurso a geradores, priorizando os serviços da unidade de cuidados intensivos, o internamento, o atendimento urgente e as maternidades”, enquanto as consultas externas estão a ser reagendadas, referiu a mesma fonte, ao avançar que a Lusíadas Saúde está a “desenvolver todos os esforços para minimizar o impacto no atendimento aos seus clientes”.
A REN – Redes Energéticas Nacionais confirmou hoje um corte generalizado no abastecimento elétrico em toda a Península Ibérica e parte do território francês e avançou que estão a ser ativados os planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia.