Prioridades do G20 em linha com a CPLP, diz Secretário Executivo

Da Redação com Lusa

O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, sublinhou que partilha as mesmas prioridades da agenda internacional com a presidência brasileira do G20.

Em declarações à Lusa, Zacarias da Costa, que participou nos dois dias de reuniões dos chefes de diplomacia das 20 maiores economias do mundo, na cidade do Rio de Janeiro, frisou que “a presidência brasileira do G20 identificou com grande precisão os temas que estão no topo da agenda internacional”.

As prioridades são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global, nomeadamente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algo que tem vindo a ser defendido pelo governo brasileiro e presidente Lula da Silva, denunciando o déficit de representatividade e legitimidade das principais organizações internacionais.

Na opinião do secretário-executivo da CPLP, “os objetivos enunciados são, igualmente, fixados pela CPLP como prioritários, precisamente porque são incontornáveis”.

“Através da ação estratégica que desenvolve em áreas como a segurança alimentar, a educação, a saúde, a igualdade de gênero e o empoderamento da juventude, ou o ambiente, o turismo, ou até através da recentemente aprovada agenda estratégica para o reforço da cooperação econômica, ou da carta de direitos digitais”, considerou, sublinhando que a CPLP está a criar mecanismos de cooperação de forma “contribuir para um capital humano saudável e ativo, livre da fome e da pobreza, para uma maior equidade social, para mais empreendedorismo e para um desenvolvimento mais sustentável”.

O último dia de reuniões, na quinta-feira, foi centrado na importância de reformas nas instituições internacionais, focada nas Nações Unidas e na Organização Mundial do Comércio, algo que o Brasil tem definido como prioridade na agenda internacional.

De acordo com Zacarias da Costa, estas reformas são importantes, não só porque dariam mais representatividade, mas também uma “maior margem de participação na busca de respostas conjuntas a questões e desafios que são partilhados”.

Estas organizações, criadas após a II Guerra Mundial refletem ainda a arquitetura internacional da época, considerou.

O contexto alterou-se profundamente, não só com a emergência do Sul Global, mas também com o surgimento de novas ameaças e desafios como os conflitos violentos, as alterações climáticas que não conhecem fronteiras, o terrorismo, o crime transnacional, o risco de novas pandemias, os fluxos migratórios”, entre outras crises, sublinhou.

“É, por isso, necessário e urgente um reajuste dessa estrutura de governança de modo a que reflita o mundo como ele é atualmente. E nesse contexto, a CPLP tem uma palavra a dizer, um contributo a prestar e a sua participação neste tipo de fóruns é uma das formas de o fazer”, enfatizou o responsável.

Portugal, que também participou como convidado nas reuniões, manifestou-se, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, a favor da entrada permanente do Brasil, Índia e de dois países africanos no Conselho de Segurança das Nações Unidas e da necessidade de “repensar a utilização do veto”.

China, França, Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos são neste momento os representantes permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

G20

Os países das 20 maiores economias do mundo apoiaram neste dia 22 com “virtual unanimidade” a necessidade da existência de dois Estados, Israel e Palestina, para o fim da guerra, disse o ministro das Relações Exteriores brasileiro.

Num discurso de balanço dos dois dias de reuniões dos chefes de diplomacia do G20 na cidade brasileira do Rio de Janeiro, Mauro Vieira, o anfitrião, afirmou ter havido “virtual unanimidade no apoio à solução de dois Estados como sendo a única solução possível para o conflito entre Israel e Palestina”.

No seu discurso, onde não especificou a falta de unanimidade, afirmou que um “grande número de países, de todas as regiões, expressou a preocupação com o conflito na Palestina, destacando o risco de alastramento aos países vizinhos”.

Ainda sobre esta matéria, disse, vários diplomatas exigiram “a imediata libertação dos reféns em poder do Hamas”.

Vieira afirmou que os países do G20 concordaram de forma unânime sobre a necessidade de reformar as organizações internacionais, disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil.

“Todos concordaram quanto ao facto de que as principais instituições multilaterais – ONU, Organização Mundial do Comércio, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, entre outras – precisam de reforma para se adaptarem aos desafios do mundo atual”, afirmou.

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