“Presidente de Portugal não comenta o que se passa num país irmão”

Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (D), acompanhado pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Gilmar Mendes (C), participa na sessão de encerramento do VI Fórum Jurídico de Lisboa, sob o tema “Reforma do Estado Social no contexto da Globalização”, na Universidade de Direito, em Lisboa, 5 de abril de 2018. MÁRIO CRUZ/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

O presidente português Marcelo Rebelo de Sousa recusou falar da decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil sobre a prisão de Lula da Silva, afirmando que “o Presidente de Portugal não comenta o que se passa num país irmão”.

O chefe de Estado foi questionado sobre este assunto por um jornalista brasileiro, à saída do VI Seminário Luso-Brasileiro de Direito, agora denominado Fórum Jurídico, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde esteve ao lado do juiz do STF Gilmar Mendes, que viajou de Lisboa a Brasília para participar da votação.

“O Presidente de Portugal não comenta o que se passa num país irmão. Somos irmãos”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando: “Tal como eu não comento o que se passa em casa de meus irmãos, e não gosto que eles comentem o que se passa em minha casa, também não comento o que se passa em casa de um país irmão, com o qual temos relações únicas, singulares e irrepetíveis de séculos no passado e de muito futuro à nossa frente”.

Na véspera, Gilmar Mendes participou na votação do ‘habeas corpus’ apresentado pela defesa do antigo Presidente do Brasil Lula da Silva para impedir a sua prisão antes da transitada em julgado, e votou favoravelmente, mas o recurso acabou rejeitado pelo STF por seis votos contra cinco.

Ao vê-lo de volta a Lisboa, à entrada da Faculdade de Direito, o Presidente da República comentou: “Então já cá está? É onipresente”. O VI Fórum Jurídico de Lisboa, sob o tema “Reforma do Estado Social no contexto da Globalização”, aconteceu na Universidade de Direito, em Lisboa.

PCP condena

Ainda em Portugal, os dirigentes do PCP expressaram a condenação daquilo que consideram ser um “poder golpista e repressivo” no Brasil, indignando-se com a “perseguição” ao ex-Presidente Lula da Silva, nomeadamente através da justiça.

“O PCP manifesta uma vez mais a sua profunda indignação e a mais veemente condenação, reclama o fim da perseguição a Lula da Silva e aos democratas e progressistas brasileiros, apela à solidariedade para com os trabalhadores e o povo do Brasil na sua luta em defesa da democracia e contra um poder golpista e repressivo”, lê-se em comunicado.

“A recusa do ‘habeas corpus’ interposto por Lula da Silva no STF representa um passo mais na consumação do golpe de Estado institucional, iniciado em 2016, com a escandalosa destituição da legítima presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e a imposição de um Governo que está a destruir tudo o que de mais positivo fora alcançado pelo povo brasileiro desde 2003”, defendem os comunistas.

Além de determinar o futuro de Lula da Silva, o veredito dos juízes do STF pode complicar as presidenciais marcadas para outubro no Brasil porque o antigo chefe de Estado anunciou a sua pré-candidatura pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e liderou sondagens sobre as eleições realizadas no país.

As regras eleitorais brasileiras proibirem que um condenado em segunda instância concorra a um cargo eletivo.

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