Do Brasil, António de Almeida e Silva lamentou a não recondução de Cesário no cargo de secretário de Estado das Comunidades.
O ex-secretário de Estado das Comunidades José Cesário escusou-se nesta segunda-feira a comentar uma petição pública a favor da sua continuidade no Governo, mas disse que fica satisfeito por saber que gostaram do seu trabalho.
“Não faço comentário nenhum. Como deve imaginar, a única coisa é que fico satisfeito por saber que há gente que gostou do meu trabalho, mais nada. O fato de haver muita gente que está satisfeita com o meu trabalho, para mim, naturalmente, enche-me, diria, de satisfação, deixa-me feliz, é óbvio, sim, é a única coisa que tenho a dizer”, disse José Cesário à agência Lusa.
José Cesário, que assumiu em três ocasiões a pasta da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas (2002-2004, 2011-2015 e 2024-2025), não foi reconduzido no cargo no atual Governo.
Por essa razão, associações e entidades portuguesas no estrangeiro criaram uma Petição Pública dirigida ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
“As associações e entidades portuguesas sediadas no estrangeiro, representando milhares de cidadãos lusodescendentes e portugueses residentes fora do território nacional, vêm, por meio do presente manifesto, expressar a sua profunda preocupação, inconformismo e repúdio perante a exclusão do Senhor José Cesário do cargo de Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas”, lê-se na petição, que apresentava 278 assinaturas de apoio.
José Cesário acrescentou à agência Lusa que tinha sido informado da existência de um abaixo-assinado, mas desconhecia que iria ser criada uma petição pública.
“Vários dirigentes associativos e conselheiros das comunidades, etc, que me tinham transmitido (…) que estavam empenhados nisso (…) para transmitir a sua discordância. Cada um é livre de fazer o que entender. Eu não o teria feito”, afirmou.
Questionado se partiu de si a decisão de não integrar o Governo empossado na passada sexta-feira, José Cesário respondeu que não.
“Para sair do Governo não. Não foi. O Governo decidiu que eu não continuaria”, disse apenas.
José Cesário, substituído no cargo por Emídio Sousa, foi eleito nas legislativas de 18 de maio como cabeça de lista da AD, coligação PSD/CDS, pelo círculo de Fora da Europa, pelo que vai agora assumir o seu mandato na Assembleia da República.
No Brasil
O ex-presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas António de Almeida e Silva lamentou hoje, em declarações à Lusa, a não recondução de Cesário no cargo de secretário de Estado das Comunidades.
“A não recondução dele ao cargo de secretário de Estado das Comunidades aqui no Brasil repercutiu gigantescamente, mas não foi só. Nós conversamos com conselheiros no Canadá, na Argentina, nos Estados Unidos, em Paris, todos na mesma linha, porque o doutor Cesário vinha fazendo um trabalho, isso é uma avaliação minha pessoal, claro, um trabalho extraordinário”, vincou.
“Nós lamentamos profundamente e numa troca de ideias entre os conselheiros antigos e os atuais, falamos que nós precisávamos registar essa nossa postura, essa nossa indignação, foi nesse sentido”, acrescentou António de Almeida e Silva, que é também ex-presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo e primeiro vice-presidente da Casa de Portugal de São Paulo.
Contudo, António de Almeida e Silva reconhece que já não será possível o primeiro-ministro alterar a nomeação.
”Neste estágio em que se encontra essa situação será difícil o primeiro-ministro mudar de opinião, penso eu, mas a nossa intenção mesmo era registrar a nossa inconformidade e, se possível, ainda que ele fosse reconduzido, que essa recondução houvesse sim, mas repito, eu particularmente sei que é difícil isso”, disse.
Da troca de ideias enunciada por António de Almeida e Silva resultou uma carta aberta dirigida a Luís Montenegro em que os subscritores se apresentam como “representantes e membros das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo”, manifestando “com profundo pesar e indignação” a “total discordância quanto à decisão de não reconduzir” José Cesário no cargo.
José Cesário foi ”a voz firme, experiente e presente do Estado português junto das suas comunidades no exterior”, sempre “próximo das preocupações reais dos portugueses no estrangeiro”, defende-se na carta aberta.