Da Redação
O ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, será sepultado em 13 de setembro no país onde nasceu, Gana.
E o atual secretário-geral, António Guterres, vai viajar para o país africano para participar no funeral, confirmaram esta segunda-feira as Nações Unidas.
De acordo com agências de notícias, as autoridades ganesas anunciaram que Annan terá um funeral de Estado. Ele morreu na Suíça na madrugada de 18 de agosto, aos 80 anos.
Vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Annan serviu dois mandatos como secretário-geral da organização entre 1997 e 2006. Depois desse período, ele foi viver na Suíça de onde liderou sua fundação que completa 10 anos.
Nos últimos dias, diversos atos homenagearam Annan nas Nações Unidas, após a notícia do falecimento.
Na última quarta-feira, a ONU recordou o seu sétimo secretário-geral em cerimônia na sua sede em Nova Iorque, quando um livro de condolências foi aberto para funcionários e visitantes da organização.
No evento, foi observado um minuto de silêncio e o atual secretário-geral, António Guterres, depositou uma coroa de flores na entrada do prédio em Nova Iorque. Ele foi acompanhado pela embaixadora Martha Pobee, de Gana.
Guterres disse que as maiores qualidades do ex-líder da organização eram a humanidade e a solidariedade com os necessitados. Para ele, Annan “colocou as pessoas no centro do trabalho das Nações Unidas e foi capaz de transformar a compaixão em ação em todo o sistema da ONU”.
Sobre o papel de Annan em prol do desenvolvimento, Guterres disse que ainda se colhem os resultados da Cúpula do Milênio, quando Annan reuniu o mundo sobre o lançamento dos primeiros objetivos globais de combate à pobreza e à mortalidade infantil.
Guterres elogiou a resposta dada por Kofi Annan à epidemia de HIV/Aids ao reunir governos, organizações não-governamentais e o setor de saúde numa ação que “salvou muitas vidas”.
Em seu discurso, o chefe da ONU afirmou que Annan enfrentou graves erros cometidos pelas Nações Unidas, na década de 1990, em resposta ao genocídio de Ruanda e aos assassinatos de Srebrenica, nos Bálcãs.
Ainda citou relatórios que foram pedidos por Annan para garantir que esses erros jamais fossem repetidos, o que “colocou a comunidade internacional num novo rumo em sua resposta às atrocidades em massa”.
Para o atual secretário-geral, Kofi Annan foi “uma voz verdadeira para os sem voz”. Ele destacou que seu predecessor não se esquivou de questões mais desafiadoras e atuou para superar as diferenças e proteger os mais vulneráveis de forma criativa.
Guterres evidenciou ainda que Annan era firme, sem antagonizar os outros, e que “sua humildade, bom humor, cortesia e charme” estavam aliados à enorme sabedoria e força.
O secretário-geral citou palavras de Annan na cerimônia em que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, afirmando o o que deve ser feito para melhor honrar seu legado: “garantir uma melhoria real e duradoura na vida de homens e mulheres é a medida de tudo o que fazemos nas Nações Unidas”.
Para o chefe da ONU, “nestes tempos de crescentes divisões políticas e conflitos intratáveis o espírito pacificador de Kofi Annan é mais necessário do que nunca”.