Por Odair SeneMundo Lusíada
José Manuel
200 ANOS DEPOIS >> Decoração de calçada com mapa-mundi e Rosa dos Ventos, em Lisboa.
A história de Brasil e Portugal não é estreita apenas no passado. Um bicentenário após o desembarque da família real no Brasil, e ambos os países comemoram antes de tudo a manutenção desta relação bilateral. Somente no ano passado, os investimentos diretos de Portugal aumentaram quase 50% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 519 milhões.
Atualmente, Portugal ocupa o 13º na lista dos investimentos estrangeiros diretos no Brasil. Já no primeiro mês do ano, Portugal ficou na sexta posição deste ranking. O incremento em janeiro de 2008 foi de quase 60% comparado com janeiro do ano passado, uma corrente de comércio na ordem dos US$ 201 milhões.
Por outro lado, o Brasil quase quadruplicou seus investimentos no exterior, com mais de US$ 2,5 bilhões em janeiro último. Portugal recebeu das empresas brasileiras US$ 9 milhões durante o período.Os acordos bilaterais assinados entre ambos países e a legislação atual facilitam a relação comercial e a vinda de investidores. Especialistas da região norte do Brasil garantem que o montante de investimento pode multiplicar em 10 vezes se contabilizados os empreendimentos feitos com empréstimos e dos portugueses hoje naturalizados brasileiros. Entretanto ainda falta um levantamento preciso sobre o volume de negócios e principais setores de atuação. Independente do futuro promissor Portugal aparece com destaque na economia brasileira, com ênfase na indústria turística (especialmente na hotelaria), em energia, telecomunicação e na construção, entre outros setores.
Em outro destaque neste relacionamento está o biocombustível. A produção cria uma janela de oportunidades para atuação conjunta de ambos países, já defendeu o embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Seixas da Costa. No último semestre de 2007, pela primeira vez, a União Européia concretizou uma parceria estratégica com o Brasil, por conta da presidência portuguesa no bloco.
No âmbito cultural, os portugueses também estão conectados com a música, a literatura e as produções brasileiras. Segundo o diplomata, o Brasil não passa pelo imagináro português como uma antiga colônia, e sim como “uma parte do país que se separou”. Portugal está satisfeito com o papel do Brasil na difusão da cultura portuguesa, por exemplo divulgando a língua portuguesa através das novelas, acompanhadas pelos portugueses.
E agora, mais uma vez marcando grande proximidade, Brasil e Portugal mostram enorme interesse no bicentenário que relembra a vinda da corte, comemorado neste mês de março com eventos, palestras e exposições.
Um exemplo deste interesse é o fenômeno de venda, o livro “1808” do jornalista Laurentino Gomes, que já vendeu mais de 250 mil cópias desde setembro, e em Portugal já está em sua segunda edição. O grande interesse na data está na reflexão da formação do Brasil e a herança lusa na política e sociedade brasileira. Para alguns especialistas, a corrupção é de certa forma uma herança portuguesa, marcada na época da vinda da corte: houve grande financiamento em troca de benefícios e títulos de nobreza. Por outro lado, estão os benefícios em prol da independência política de uma nação. Descoberto em 1500, o Brasil foi criado como país a partir de 1808, com surgimento de escolas de medicina, engenharia, a Casa da Moeda, o Banco do Brasil, novas instituições de Justiça e diversas estruturas político-econômicas.
Enquanto Brasil e Portugal buscam cada vez mais incrementar suas relações bilaterais, o momento de comemoração do bicentenário da corte permite aos brasileiros um maior conhecimento sobre o redescobrimento desta polêmica história envolvendo as duas nações, consideradas irmãs.