Emigrantes assumem responsabilidade de uma maior participação nas próximas eleições

Por Eduardo Neves Moreira

A presente situação política de Portugal, com a decisão de novas eleições legislativas, que reformará a Assembleia da República, impondo a constituição de um novo governo a todos os portugueses, será uma nova oportunidade para a comunidade emigrante poder vir a ter uma participação destacada na formação da nova estrutura governamental.

São cerca de 4.500.000 os cidadãos portugueses no estrangeiro, embora que muitos deles não tenham promovido o seu cadastramento eleitoral, permitindo-lhes votar nas eleições de 10 de março de 2024. No entanto, ainda o podem fazer, o que lhes dá uma ampla possibilidade de influenciar a constituição do novo governo. O atual dispositivo eleitoral não os beneficia por completo, considerando que o pleito pelo voto informático foi rejeitado, mas mesmo assim, com a possiblidade do voto presencial ou por via postal, assegura-lhes a possibilidade de uma destacada participação. É preciso que as lideranças comunitárias se movimentem e estimulem essa participação.

É esperada, diante da atual conjuntura e a crise que se abateu sobre o governo socialista, que hajam mudanças significativas na formação da nova Assembleia da República. Certamente, diante das evidências e dos processos em andamento, que o Partido Socialista, corre o sério risco de perder a sua liderança, desabando nos índices de credibilidade que ainda vinha mantendo junto ao eleitorado. Anunciando, desde já, a realização de uma convenção nacional em Janeiro próximo, para uma tomada de decisão, da qual deverá surgir o novo Secretário Geral, consequentemente, candidato a liderar o governo como Primeiro Ministro, em caso de vitória ou articulação junto aos novos integrantes da Assembleia da República, o Partido Socialista já tem como indicativo inicial o nome de José Luís Carneiro, atual Ministro da Administração Interna e ex-Adjunto do Primeiro Ministro, que, embora seja um nome respeitado e competente na estrutura do partido, tem contra sua indicação o fato de ser figura de destaque e de proximidade com o atual governo, ora destituído e que caiu em desgraça perante grande parte da população portuguesa.

Apresentam-se nomes dentro do próprio PS, que pelo fato de serem oposicionistas à atual direção, constituírem uma força real de maior credibilidade junto à opinião pública, como por exemplo, António José Seguro.
As urnas prometem, em princípio, uma alteração substancial na constituição do novo Parlamento, com a provável vitória do PSD, que se apresenta como a mais provável alternativa, na pessoa de Luís Montenegro e com uma queda substancial no número de parlamentares do PS, assim como, com o provável crescimento dos partidos à direita, como o Chega e a Iniciativa Liberal, além de um possível crescimento do BE, diante do insucesso da maior força à esquerda, o PS, que levará muitos de seus eleitores a optarem por substituição das suas lideranças.

Enfim, apesar de termos a lamentar a atual situação política, que está produzindo sérias consequências quanto à estabilidade do país e ao desenvolvimento da economia, a decisão do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, proporciona a possibilidade de um ajuste na condução do país e a retoma por dias melhores para todos os portugueses, devendo ser ressaltada a condição de manutenção do atual Parlamento até à posse do novo Primeiro Ministro, fator importantíssimo para a aprovação do Orçamento de Estado para 2024, evitando-se assim uma paralisação do país, pois se não tivermos sua aprovação na atual legislatura, teríamos uma administração a ter que atuar com duodécimos do Orçamento de Estado de 2023, o que seria bastante prejudicial, adiando a implementação das mudanças necessárias e urgentes.

Façamos votos que o novo governo possa vir a constituir uma esperança real de progresso, de paz e de estabilidade à nação portuguesa e que os emigrantes passem a participar, cada vez mais, no destino de Portugal.

 

EDUARDO NEVES MOREIRA
Ex-Deputado da Assembleia da República
Ex-Presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas

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