História e cultura

Por Rejane TamotoAgência Porto de Notícias

Fotos:Rejane Tamoto

Em Otrabanda, é possível conhecer a história da ilha, que está em quase tudo o que você vê e ouve lá. A arquitetura é holandesa, mas há influências culturais de diversas partes do mundo, que ajudaram a formar o atual povo curaçolenho, tais como a judaica, portuguesa e africana. A última, por sinal, está em passeios como o Museu Kura Hulanda, que fica em Otrabanda. O espaço, que faz parte de um hotel com o mesmo nome, traz detalhes da história dos escravos na ilha e tem réplica do interior de um navio negreiro e até instrumentos de tortura usados na época. Em outro passeio, pela caverna Kuebas di Hato, também é possível ver os vestígios dos escravos, nas paredes queimadas pelo fogo que alguns deles acendiam para se refugiar ali. A caverna fica no interior da ilha e, de sua entrada, dá para ver parte do aeroporto de Curaçao. São ao todo 4,900 metros quadrados de caverna, mas só uma parte é aberta aos visitantes, que estão sempre acompanhados por um guia. Durante o percurso, dá para ver as rochas estalactites e estalagmites, além de quartzos, e corais.

Embora a história africana esteja viva na ilha, o multiculturalismo impera. E isso dá para ouvir no idioma falado lá, o papiamentu, que reúne o português, espanhol e holandês. A mistura é resultado de uma criação dos escravos, que usavam o papiamentu para se expressar livremente, sem que o colonizador holandês os entendesse. Curação foi colônia holandesa entre 1634 e 1815, quando um tratado internacional deu a posse definitiva para a Holanda. Desde 1954, o governo de Curaçao é autônomo e hoje é regido pelo sistema parlamentarista, em que os 22 membros do legislativo são escolhidos por eleições diretas. O governador-geral é nomeado pela rainha Beatriz, responsável pelos interesses da Holanda em Curaçao.

Fale Até há três anos, o holandês era o idioma oficial nas escolas, quando o papiamentu foi introduzido. Do português ‘papiar’, o idioma está presente nas conversas e em placas na cidade, e divide espaço com nomes de ruas e lugares em holandês, por exemplo. Quando chegar na capital, pode reparar que todas as placas dos carros tem a expressão em papiamentu “Bon Bini”, que significa bem-vindo. Se quiser aprender a nova língua, ela não é muito difícil, desde que o interlocutor fale devagar, já que algumas expressões tem raízes portuguesas.

Durante as compras, por exemplo, você pode argumentar com a frase “Tá mashá caro” (Está muito caro) e ouvir como resposta “Ta mashá barato” (Está muito barato). Em algumas situações, a raiz espanhola do papiamentu é mais forte, como nas expressões como Bon nochi, (boa noite). Quer se apresentar, diga “Kon bo yama?” (Qual o seu nome) e responda também com “Mi yama…” (Meu nome é…). Peça licença falando “Despensa”. Para finalizar, “Danki, Dushi”, em português: “Obrigada (o), Querido (a)”. E, na despedida, “Ayo, Dushi!”, que significa “Tchau, Querido”.

Para o nome da ilha há três suposições. Uma das hipóteses é que Curaçao venha da palavra cura, já que marinheiros com escorbuto melhoraram após passar um período na ilha. Outras duas teses sustentam que vem da palavra em português coração mesmo, já que os mercadores portugueses consideravam a ilha um ponto estratégico de comércio no Caribe e também porque seria uma homenagem ao Sagrado Coração de Maria.

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