TV: Embaixador fala sobre UE, comércio bilateral, e acordo ortográfico

 

Mundo Lusíada

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O Embaixador Seixas da Costa, durante o programa "Roda Viva", exibido dia 17 de Setembro pela TV Cultura.

As vésperas da comemoração de 200 anos da vinda da Família Real portuguesa ao Brasil, o embaixador de Portugal Francisco Seixas da Costa foi o convidado da segunda-feira, 17 de setembro, do programa "Roda Viva", na TV Cultura. Entre os convidados do programa, esteve o editor do Mundo Lusíada, Odair Sene.

Um dos assuntos de destaque foi a área promissora no relacionamento de ambos os países, o biocombstível. Produção que cria uma "janela de oportunidades" para atuação conjunta entre Portugal e Brasil no mercado internacional, segundo o embaixador.

Uma aposta inclusive da União Européia. Pela primeira vez concretizando a parceria estratégica com o Brasil, e durante a presidência portuguesa no bloco, a UE aposta no país como um interlocutor prestigiado na América do Sul, afirmou o diplomata.

Seixas da Costa citou ainda o positivismo dos países da UE na inserção do Brasil como parceiro do bloco, admitindo ser um dos fortes argumentos para esta decisão o fato do país ser líder em biocombustíveis e etanol.

“Decidimos fazê-lo porque o Brasil representa hoje um fator de estabilidade ímpar no quadro da América do Sul e da América Latina em geral e também porque para a União Européia é muito importante ter um parceiro como o Brasil, ligado institucionalmente e para um diálogo político constante e permanente com a união”.

Outro tema, abordado rapidamente durante o programa, foi a Reestruturação Consular. Segundo o Embaixador, Portugal não pretende realizar o encerramento dos postos consulares com uma mudança "traumática" para as comunidades portuguesas e brasileiros que procuram os serviços consulares. Defendeu ainda um atendimento virtual, referindo-se a centralização do atendimento e disposição de informações nos sites consulares, além do uso dos Correios, evitando filas de espera.

Cultura, língua e literatura Apesar de Portugal ser bombardeado com elementos culturais brasileiros, como a música, a telenovela e a literatura, o mesmo não acontece no Brasil. Para Seixas da Costa, os portugueses estão "confortáveis" com o papel do Brasil na difusão da cultura portuguesa no mundo. Ele exemplificou com as novelas brasileiras – bastante acompanhadas em Portugal – que generalizou na sua forma brasileira de se falar a língua portuguesa.

Seixas da Costa foi questionado sobre as "heranças culturais" dos portugueses, com alusão aos problemas da sociedade brasileira. "Já se passaram 200 anos" respondeu ele, afirmando que hoje o Brasil é um país sólido e democrático.

“Eu não sei se no Brasil há consciência disso, mas se perguntar a alguém numa rua em Portugal o nome de uma antiga colônia portuguesa ninguém dirá o Brasil. O Brasil não aparece no imaginário português como uma antiga colônia, aparece como uma espécie de uma parte do país que se separou” afirmou.

Sobre o polêmico Acordo Ortográfico da língua, o Embaixador defendeu um amadurecimento antes da entrada em vigor, estabelecendo mais tempo para a culturação. A ministra da cultura portuguesa já admitiu um prazo de 10 anos para a entrada em vigor do novo acordo em Portugal.

“Esta questão não é apenas exclusiva para Portugal. O Brasil também sente. Aliás, Portugal e o Brasil, eu diria que são os dois países que principalmente sentem essa questão, porque são os que têm uma produção editorial significativa”. Segundo ele, ambos os países deveriam chegar a um consenso ortográfico.

“Não há um sentido patrimonialista da língua, hoje em dia, que seja dominante em Portugal. No sentido de dizer: Nós não mudamos porque a língua é nossa. A sociedade portuguesa está aberta a considerar algumas mudanças" disse, defendendo um Portugal maleável no processo de harmonização da língua.

As novas normas ortográficas alterariam 1,6% do vocabulário usado em Portugal. No Brasil, as mudanças abrangem 0,5% do vocabulário.

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