Sócrates diz que Europa assume Kosovo e quer mais apoio à ONU e Timor-Leste

 

Mundo Lusíada Com Agencia Lusa

UN/Eskinder Debebe

Na qualidade de presidente em exercício da União Européia, José Sócrates esteve presente em Washington (EUA), num encontro com o presidente George Bush, e participou da 62ª Assembléia Geral das Nações Unidas, abordando as principais questões da agenda da política externa européia tratando das prioridades da presidência portuguesa, como a cimeira UE/África e o processo de autonomia do Kosovo, além de apelar para mais apoio às missões da ONU, na erradicação da pobreza e consolidação de Timor-Leste.

Em seu discurso aos líderes de 150 países, nas Nações Unidas em 25 de setembro, o chefe do Governo português defendeu o primado do direito internacional, do multilateralismo e das Nações Unidas para a resolução das grandes questões globais, sejam elas de caráter ambiental ou político. Numa crítica indireta à guerra no Iraque e ao unilateralismo político, Sócrates deixou uma mensagem. “Se há ensinamento que a passagem para o século XXI nos trouxe foi o de que os desafios globais exigem respostas globais, e exigem um multilateralismo efetivo, que se joga aqui, nas Nações Unidas e com as Nações Unidas”, disse.

Em relação ao Médio Oriente, o presidente em exercício da UE pediu ação “rápida” do ponto de vista diplomático, disse que a estabilização do Líbano contribuirá também para a estabilização da região e referiu que a Europa continuará a participar “no esforço coletivo exigido por uma situação humanitária e de segurança extremamente precárias”. “A UE mantém o seu apoio à promoção da paz, estabilidade e prosperidade no Afeganistão e na região”.

Ainda, o primeiro-ministro frisou que a União Européia está preparada para assumir responsabilidades no Kosovo. “Apelamos para que ambas as partes [sérvios e kosovares] se comprometam neste processo de uma forma construtiva e criativa. A UE está preparada para desempenhar um papel de relevo na implementação do estatuto que vier a ser acordado”, disse.

Timor Na sua intervenção, o primeiro-ministro pediu o apoio da comunidade internacional à consolidação de Timor-Leste enquanto Nação, “para que a paz não se confunda com o período entre duas guerras”. “Graças ao forte empenho e investimento da comunidade internacional para consolidar os alicerces da sua afirmação como Estado viável e de pleno direito, da sua democracia e do seu desenvolvimento, Timor-Leste conseguiu realizar com sucesso as recentes eleições, as primeiras que organizou autonomamente”, apontou.

Apesar de identificar progressos em Timor-Leste desde a sua independência, Sócrates advertiu que “continua a ser necessária a presença de todos os atores, para garantir a segurança e a estabilidade política, econômica e social no país”. Contra a proliferação de armas, ele defendeu uma convenção global contra o terrorismo e a estratégia do ex-presidente português e alto representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio. África Sócrates considerou “o principal desígnio mundial” o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para um desenvolvimento sustentável e para a erradicação da pobreza, exemplificando a importância da cimeira UE/África (que ocorre em dezembro, em Lisboa).

Segundo ele, os dois continentes pretendem definir uma “estratégia conjunta” e “ambiciosa”. Em Nova Iorque, o chefe do Governo português considerou que todos aqueles que apóiam o desenvolvimento e a promoção dos direitos humanos na África devem apoiar a realização desta cimeira. Sócrates manifestou depois apoio a missões das Nações Unidas e da União Africana em palcos como o Dafur, no Chade Oriental e no norte da República Centro Africana.

Na mesma semana, Sócrates já havia se pronunciado sobre a África, recordando que a Europa é o único bloco mundial que não tem conversações com África. “Todos os blocos políticos falam com África, menos a Europa” recordou o primeiro-ministro considerando essencial a realização de uma cimeira entre europeus e africanas. “Esta situação não pode continuar, porque a Europa está a perder esse terreno e também não pode continuar, porque África precisa dessa cooperação com a Europa e deseja-a”, explicou José Sócrates.

Sobre a intenção do primeiro-ministro britânico em não estar presente, caso o presidente do Zimbabwe seja convidado, José Sócrates disse apenas que o importante era Gordon Brown apoiar a realização da reunião. “O governo inglês está a dar bons contributos para a cimeira. Os ingleses estão muito envolvidos conosco nos trabalhos preparatórios”concluiu.

A cimeira UE-África, um dos grandes objetivos da presidência portuguesa tem sido adiada desde Abril de 2003, por causa da presença do presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, acusado por vários países ocidentais de não respeitar os direitos humanos e de provocar o afundamento da economia do país.

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