Presidente pede mobilização contra todas as formas de racismo, antissemitismo e xenofobia

Câmara de Lisboa não autoriza manifestação anti-islamização.

 

Mundo Lusíada com Lusa

O Presidente de Portugal apelou neste dia 27 à mobilização dos cidadãos contra todas as formas de racismo, antissemitismo, discriminação, xenofobia e homofobia, realçando que não desapareceu o discurso de ódio contra minorias étnicas ou religiosas.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou este apelo numa mensagem publicada pela Presidência da República para assinalar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

“Nesta data, associando-se às Nações Unidas para assinalar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o Presidente da República presta homenagem às vítimas dos crimes contra a humanidade cometidos na Segunda Guerra Mundial, recordando que o discurso de ódio contra minorias étnicas ou religiosas não desapareceu das nossas sociedades”, lê-se no texto.

O chefe de Estado “reforça, por isso, o alerta para que não desmobilizemos do combate a todas as formas de racismo, antissemitismo, discriminação, xenofobia e homofobia, e lutarmos pela solidariedade e fraternidade humanas, ontem como hoje”.

Neste texto, o Presidente da República recorda o diplomata português Aristides de Sousa Mendes (1885-1954) como “exemplo de coragem, altruísmo e solidariedade”, no ano em que passam sete décadas da sua morte, e considera que “deve continuar a inspirar” os portugueses.

Enquanto cônsul-geral em Bordéus, França, Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de judeus e outros refugiados do regime nazi, em 1940, emitindo vistos à revelia das ordens do Governo de António de Oliveira Salazar, o que lhe valeu a expulsão da carreira diplomática, e acabaria por morrer na miséria.

Em janeiro de 2020, Marcelo Rebelo de Sousa representou Portugal no 5.º Fórum Mundial do Holocausto, em Jerusalém, onde expressou “a solidariedade do povo português relativamente aos seis milhões de vítimas” do genocídio nazi.

dignidade humana

Também o presidente da Assembleia da República assinalou o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto considerando que a melhor maneira de as homenagear é dizer “nunca mais à negação da dignidade humana”.

“Uma data para lembrar o horror e o genocídio de milhões de judeus. Esse horror tem de ser combatido. Sempre. E agora. E dizer, nunca mais a todos os atos de negação da dignidade humana, seja de quem for”, escreveu Augusto Santos Silva, na rede social X (antigo Twitter).

Num pequeno vídeo, Santos Silva considera o Holocausto “um dos atos mais bárbaros da humanidade”.

“Nós levantamo-nos contra essa tentativa de negar a dignidade humana seja a quem for, como os nazis fizeram quer com judeus, quer com homossexuais, quer com opositores políticos, quer com ciganos, quer com doentes supostamente incuráveis”, refere.

Para o presidente do parlamento e segunda figura do Estado, “a melhor maneira de homenagear as vítimas do Holocausto é dizer nunca mais”.

“Nunca mais ao extermínio de povos, nunca mais à negação da dignidade humana seja a quem for, por que motivos for, seja por motivos étnicos, políticos, religiosos ou de orientação”, disse, considerando que tal constitui uma “responsabilidade moral” quer, anualmente a 27 de janeiro, quer em todos os outros dias do ano.

“Nós somos iguais na nossa dignidade humana e ninguém pode negar essa igualdade”, salientou.

Manifestantes

Esta mensagem surge numa altura em que grupos de extrema-direita estão a convocar na Internet uma manifestação sob o lema “Contra a islamização da Europa” para 03 de fevereiro na zona do Martim Moniz, em Lisboa, onde se concentram imigrantes, que a Câmara Municipal de Lisboa decidiu não autorizar.

Na base da decisão está o parecer da PSP, que “é claro ao salientar um elevado risco de perturbação grave e efetiva da ordem e da tranquilidade pública”.

A organização da marcha no Martim Moniz tem gerado preocupação entre a comunidade imigrante e coletivos antirracistas decidiram preparar uma manifestação de “pessoas de todas as cores”, para o mesmo dia e local.

Em paralelo, organizações antirracismo estão a promover uma carta aberta, denominada “Contra o racismo e a xenofobia, recusamos o silêncio”, onde pedem ao Presidente da República, ao Ministério Público e às autoridades policiais para “travar a saída desta manifestação”, por violar a lei.

A carta aberta já recolheu cerca de 6.500 subscritores para pedir a proibição da manifestação “Contra a Islamização da Europa”.

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