Pessoas com cargos públicos cometem crimes pelos quais não são punidos, segundo o Bastonário da Ordem dos Advogados de Portugal, em entrevista a uma rádio portuguesa.
Da Redação Portugal Digital
Tiago Petinga/ABr
DISCURSO >> O Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, discursa na cerimônia de abertura do novo ano judicial, 29 de Janeiro de 2008 no Supremo Tribunal de Justiça em Lisboa.
As acusações de corrupção feitas pelo bastonário (presidente) da Ordem dos Advogados de Portugal que disse em entrevista a uma estação de rádio existirem pessoas com cargos públicos a cometerem crimes pelos quais não são punidos está neste sábado em destaque na imprensa portuguesa.
A acusação feita por Marinho Pinto levou o Procurador Geral da República a anunciar a abertura de um inquérito às declarações do bastonário dos Advogados.
"Existe em Portugal uma criminalidade muito importante, do mais nocivo para o Estado e para a sociedade, e que andam por aí impunemente alguns a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há mecanismos de lhes tocar. Alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes no Estado Português", afirmou Marinho Pinto à Antena 1.
"Devido à gravidade das declarações proferidas pelo bastonário da Ordem dos Advogados e a repercussão social das mesmas, determino a abertura de um inquérito para investigação de tais factos", disse o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, em declarações ao Diário de Notícias.
O inquérito será conduzido pela magistrada Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), coadjuvada pela procuradora adjunta Carla das Neves Dias, também do DCIAP.
O bastonário da Ordem dos Advogados já disse estar disponível para ir ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre as suas declarações à Antena 1 e revelar casos concretos.
O PGR reage, desta forma, com mais uma "equipa especial", às declarações polémicas do bastonário recém-eleito, Marinho Pinto, que acusa titulares de "cargos de relevo no Estado português de cometerem crimes impunemente", ameaçando que "em breve" poderá revelar casos concretos. Questionado ontem pelo DN para denunciar esses casos concretos, Marinho Pinto alertou que não vai "revelar nos jornais" essas denúncias.
Na entrevista à Antena 1, além das denúncias de corrupção no Estado, o bastonário acusou também o Ministério Público e outros organismos de investigação. " "O Ministério Público é muito forte com os fracos e muito fraco com os fortes", afirmou.
"Existe em Portugal uma criminalidade muito importante, do mais nocivo para o Estado e para a sociedade, e andam por aí alguns impunemente a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade, sem haver mecanismos para lhes tocar. Alguns até ocupam cargos relevantes no aparelho de Estado português, ostensivamente", afirmou Marinho Pinto, citado pelos jornais portugueses. Segundo afirmou, "o fenómeno da corrupção é um dos cenários que mais ameaça a saúde do Estado de direito em Portugal".
As declarações estão a causar grande polémica na sociedade portuguesa, em geral, onde os políticos têm vindo a perder credibilidade.