Ministro defende ‘documentos para todos os que cumpram a lei portuguesa’

Um homem que se infiltrou na manifestação de imigrantes diz palavras anti-imigração, durante a manifestação promovida pela Associação Solidariedade Imigrante para exigir que os problemas das comunidades sejam incluídos no debate político, junto à loja do Porto da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), no Porto, 23 de abril de 2025. JOSÉ COELHO/LUSA

Nesta quarta-feira , o ministro português da Presidência respondeu aos imigrantes que no Porto se manifestaram a exigir “documentos para todos”, citando a frase documentos para “todos os que cumpram a lei portuguesa”.

Leitão Amaro falava após a reunião do Conselho de Ministros, quando questionado sobre a manifestação que hoje juntou dezenas de imigrantes junto às instalações Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) no Porto, para reivindicar respostas rápidas aos pedidos de regularização, gritando palavras de ordem como “documentos para todos, todos, todos” (numa alusão a uma mensagem do Papa Francisco, falecido na segunda-feira).

“Nós fizemos com que os processos de documentação avançassem, ao mesmo tempo que incorporámos várias medidas de reforço e controlo de segurança, e respondemos às pessoas que dizem ´queremos os documentos todos, todos, (com) ´todos os que cumpram a lei portuguesa´”, respondeu o ministro.

Nas palavras do ministro aos que cumprem a lei o Estado responde com “celeridade e justiça”.

“A quem não cumpre a lei portuguesa acabou o tempo em que se fecham os olhos à falta de registros criminais nos países de origem, em que se fecham os olhos à necessidade de recolha de dados biométricos. Acabou o tempo em que as regras são desconsideradas. Isso é injusto para aqueles que vieram com esforço para cumprir as leis e é injusto para todos os portugueses que cumprem as leis no dia-a-dia”, afirmou Leitão Amaro.

O ministro disse que o Governo ouviu os que manifestam preocupação porque o Estado demora a responder aos seus pedidos e reagiu, tal como ouviu os que se preocuparam “porque durante demasiado tempo houve um descontrole da politica imigratória, uma falta de controle dos fluxos, de requisitos básicos de segurança, um ignorar das exigências e controlo”.

E acrescentou: “Podemos dizer a uns e outros que a politica de imigração mudou mesmo e muito há 11 meses”, que hoje já não é descontrolada, é regulada e humanista.

Leitão Amaro disse que foi dado um “grande avanço” aos 440 mil pedidos de documentação, e que foram atendidos “grande parte” dos 220 mil casos com processos e títulos CPLP para renovar e substituir.

Mensagens de ódio

O ministro criticou a difusão de “mensagens de ódio” de movimentos anti-imigração num protesto junto à AIMA, no Porto, e garantiu que Governo ouve as preocupações dos imigrantes, mas sem “cair num dos extremos”.

“Liberdade de opinião nós respeitamos. Outra coisa diferente da liberdade de opinião são extremismos revelados nas opiniões, provocações realizadas entre as pessoas que se manifestam, mensagens de ódio ou de intolerância, ou aproveitamento político dessas liberdades de expressão. É uma coisa diferente e deve ser distinguida”, disse Amaro.

O ministro garantiu que o Governo ouve os que “manifestam as suas preocupações porque o Estado demora a responder aos seus pedidos legítimos”, mas ouve também as preocupações das pessoas que expressam preocupação com o “descontrolo na política migratória”.

“Nós só conseguimos dizer às pessoas que estão preocupadas com a falta de documentação que se têm direito a tê-la porque cumprem a lei portuguesa e dizer simultaneamente às pessoas que estão preocupadas com o controlo de segurança (…) que as ouvimos e que estamos a reagir quando tomamos medidas destas. Senão estamos a cair num dos extremos porque levantamos muros ou porque levamos as pessoas para um beco de indignidade”, disse.

Leitão Amaro sublinhou que o Governo já deu resposta aos 440 mil pedidos de regularização que estavam pendentes, embora perto de metade não tenham sido aprovados, afirmando que essa foi uma mudança importante implementada pelo atual executivo porque “pessoas que estavam não documentadas passaram a ter uma resposta do Estado”.

“Nós precisamos de ser um país de regras. Só tendo regras conseguimos que as pontes que nós não fechámos, os muros que nós não construímos, mas que são pontes, sejam pontes sustentáveis e que do lado de cada ponto, nós enquanto sociedade portuguesa, nos serviços públicos, na economia, tenhamos capacidade para integrar estas pessoas com o humanismo”, concluiu.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja também