Família Amorim investe 5,5 ME na renovação de uma das mais antigas adegas do Douro

Da Redação com Lusa

A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo investiu 5,5 milhões de euros na renovação da adega, em Sabrosa, distrito de Vila Real, uma intervenção que aliou a história do Douro às novas tecnologias.

“A nossa missão para com o Douro é preservar a sua história e construir um futuro sustentável, tornando-o numa referência mundial. Esperamos que esta adega possa contribuir para a projeção e sucesso desta magnífica região”, afirmou, citada em comunicado, Luísa Amorim, presidente executiva (CEO) da quinta duriense.

A propriedade da família Amorim possui uma das “adegas mais antigas” da Região Demarcada do Douro, com dois edifícios construídos em 1764, em patamares distintos, mantendo ainda hoje a sua traça original com paredes de xisto e portas de madeiras.

Depois de uma primeira intervenção há 20 anos, a adega foi “totalmente renovada” e reabriu portas para a vindima de 2023. Os dois projetos foram assinados pelo arquiteto Arnaldo Barbosa.

A Quinta Nova referiu que o investimento na construção, aquisição de equipamento e em tecnologia rondou os 5,5 milhões de euros.

Quanto à intervenção, destacou que a adega apresenta “uma instalação única no mundo” construída em cimento, que foi desenvolvida em parceria com a empresa italiana CLC Srl e inspirada na morfologia do rio Douro e no traçado natural das vinhas em terraços.

No total, explicou, são 32 cubas de cimento de diferentes dimensões, instaladas em duas cotas e com uma capacidade total de 246 mil litros”, fazendo lembrar os socalcos durienses.

O projeto incluiu ainda a recuperação de dois lagares de granito, que contabilizam três séculos de história, para a pisa a pé das uvas.

Dentro da adega foram instaladas 51 cubas de inox com capacidade de vinificação total de 560 mil litros e ainda três tapetes de escolha – um para brancos, um para rosés e outro para tintos – este último com uma tecnologia que, segundo foi explicado, “otimiza a seleção da uva, desde a grainha até à separação de bagos secos, fazendo um esmagamento mais suave”.

A propriedade fez uma forte aposta em tecnologia, designadamente na implementação de um sistema de monitorização, criado em Portugal pela empresa Winegrid, que já acompanhou a fermentação e a maturação do vinho durante a vindima deste ano, utilizando a “inteligência artificial para uma gestão mais precisa e em tempo real”.

“Em pleno século XXI temos que assumir que todas as vindimas são atípicas e que o clima e a gestão do tempo são determinantes”, afirmou Luísa Amorim.

A responsável referiu que a “utilização de diferentes capacidades em materiais orgânicos – como as cubas cimentos e os foudres (barricas grandes de madeira de carvalho) de 1.200 litros – permite trabalhar o ponto ótimo de maturação da uva e aumentar a micro-oxigenação, obtendo vinhos mais suaves e menos marcados pela madeira”.

Desta forma, prosseguiu, consegue-se “extrair todo o potencial das 41 parcelas de vinha existentes na quinta”.

A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo tem uma produção anual de cerca de 650 mil garrafas de vinho, com “100% de produção focada no segmento ‘premium’”.

Metade da produção é vendida no mercado nacional e os restantes 50% são exportados para países como a Suíça, Estados Unidos da América, Alemanha, Brasil, Canadá e no Benelux, uma organização econômica que inclui a Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo.

Hoje já na quarta geração, a família Amorim está ligada ao vinho desde 1870, por via do seu primeiro negócio na produção de rolhas de cortiça para as Caves de Vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia. Atualmente, forma um dos grupos familiares com maior destaque em Portugal, estendendo os seus negócios em vários países do mundo e em diferentes setores de atividade.

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