Entre os vinhos europeus no Brasil o português é o mais vendido

Festas de fim de ano poderão contar com preços mais altos em função da subida do dólar, prevê consultor de vinhos portugueses de São Paulo.

Por Mónica Santos Portugal Digital

A crise financeira que começou nos Estados Unidos (EUA) e se espalhou pelo mundo pode chegar até à mesa do brasileiro, especialmente dos apreciadores de um bom vinho. A subida do dólar em quase R$ 0,70 em um mês vai encarecer as importações e como conseqüência o preço do produto. É o que acredita Manuel Luz, consultor de vinhos portugueses de São Paulo, afirmando que a bebida poderá sofrer um acréscimo de 20% a 30%.

As importadoras poderão optar por trazer menos vinho, porém, a situação poderá se agravar no próximo ano. Manuel Luz diz que as compras para as festas de fim de ano já devem ter sido feitas e o mercado será bem abastecido, porém, os preços deverão sofrer majoração, pois as aquisições posteriores já estarão com aumento. "Quem já comprou terá que aumentar os preços para poder arcar com novas compras", diz.

Dos vinhos portugueses, Manuel Luz ressalta que a grande região exportadora para o Brasil é o Alentejo, Sul de Portugal, à frente da mais tradicional até então, a do Douro, ao Norte. Segundo ele, dos vinhos europeus, os portugueses têm a preferência do brasileiro, desde que chegaram ao país, trazidos pela Coroa Portuguesa, momento histórico que comemora 200 anos.

As vendas são influenciadas, muito fortemente, pelo fator preço, bem mais em conta do que de outras regiões de Portugal e da Europa, como Itália e França. Portugal consegue oferecer um vinho de boa qualidade a um preço bem mais barato. "Um vinho francês ou italiano de R$ 60,00 no Brasil dificilmente tem a mesma qualidade do português neste mesmo valor", assegura Manuel Luz.

Segundo informações da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), as exportações portuguesas de vinhos para o Brasil estão em ritmo crescente. Em 2007, elas aumentaram 24,69% em valor e de 12,94% em volume frente a 2006. Em valores absolutos Portugal exportou US$ 23,49 milhões e 6,6 milhões de litros. Este crescimento garantiu, mais uma vez, o terceiro lugar de maior exportador, em valor, de vinhos para o Brasil, atrás do Chile, que ocupa o primeiro lugar, e da Argentina.

O período de janeiro a setembro deste ano apresenta, também, um crescimento nas importações comparado com a mesma data de 2007. Elas aumentaram 17,61% em valor e 77,31% em volume. Em valores absolutos, o Brasil comprou US$ 18,14 milhões e 4,5 milhões de litros no período até setembro. O desempenho deste mercado brasileiro com Portugal não pode deixar de ser considerado notável, pois cresceu, nos últimos cinco anos, 145% em valor e 105% em volume.

A Adega Alentejana (uma das maiores importadoras de vinhos de portugueses), localizada em São Paulo, destaca que as marcas mais vendidas no mercado nacional são Fundação Eugénio de Almeida tinto, Cartuxa Colheita tinto, Convento da Vila tinto, Terras de Xisto tinto, Chaminé tinto e Paulo Laureano Clássico tinto. Os mercados de maior consumo são Rio de Janeiro e São Paulo (empatados), depois Brasília, Pernambuco e Minas Gerais.

Investimento O Douro continua em destaque na produção e exportação, mas o Alentejo ganhou evidência e se transformou na maior exportadora de vinhos para o Brasil, com qualidade e preços bem melhores para o consumidor. Essa região, segundo Manuel Luz, recebeu pesados investimentos, principalmente ingleses, depois da formação do bloco da União Européia (UE), assumindo papel de destaque na mesa do brasileiro, pela qualidade e preço mais popular.

Os investimentos passam, também, pela contratação de grandes enólogos australianos e franceses. Manuel Luz diz que no Alentejo encontram-se, ainda, dois dos principais enólogos portugueses, Luiz Duarte e Paulo Laureano – este último eleito o melhor enólogo do país – o que tem contribuído para que a região se transforme na maior exportadora de vinhos portugueses para o Brasil.

Nas décadas de 60, 70 e 80, o grande vinho da mesa dos brasileiros era o verde, muito bem aceito em função do clima quente do país. Da região do Minho, a bebida é, ainda, facilmente encontrada no mercado nacional. Porém, com a abertura do mercado, no início da década de 90, surgiram novos vinhos que têm também grande aceitação no Brasil, como os chilenos e argentinos.

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